46. Aquele com as Desculpas

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Oh, sim, eu sou o grande fingidor
Fingindo que eu estou indo bem
Minha necessidade é tanta que eu finjo demais
Eu sou solitária mais ninguém pode perceber...

(The Great Pretender - Freddie Mercury)

Já pedi desculpas tantas vezes, que por um momento eu cheguei à achar que aquela era a única palavra do meu vocabulário

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Já pedi desculpas tantas vezes, que por um momento eu cheguei à achar que aquela era a única palavra do meu vocabulário. Droga, eu achava mesmo que havia esquecido como se falava, já que quando o professor de matemática me perguntou qual era o valor de x, eu respondi alto, com toda a certeza do mundo, um sonoro "desculpa". Todos riram, é claro.

Eu estava virando uma piada, e daquelas bem sem graça, para falar a verdade.

Mandei alguns directs no Instagram para exs alunos da Bueller High, e parei diversas vezes nos corredores para falar com quem eu lembrasse que havia errado. Eu sei, não devia reclamar, ou até mesmo me sentir a melhor pessoa do mundo por fazer o mínimo do mínimo, mas eu tinha que admitir que estava sendo bem cansativo, e ainda nem eram dez da manhã.

Inclusive, até mesmo me desculpei com as garotas da equipe de torcida, sem que Jennifer nos visse, por tantas broncas, xingamentos, e regras ridículas que eu as obrigava seguir, e elas pareciam não guardar ressentimento.

Mas eu não tive a mesma sorte com Nancy, nem com Edward, e muito menos com Jason. Todas as minhas tentativas de falar com qualquer um deles foram falhas, e toda a coragem e determinação que eu estava sentindo foram por água abaixo depois daquilo.

Minha sensação de derrota havia voltado, e eu me sentia incapaz de realizar até a coisa mais simples do mundo. Tanto que, estava em um total estado de transe, enquanto os alunos gritavam e corriam ao redor, já que estávamos na aula de educação física, jogando queimada.

Eu simplesmente não conseguia me mexer, nem se quisesse, tanto que, por estar parada feito uma idiota no meio da quadra, a coisa mais óbvia me aconteceu: eu fui acertada em cheio por uma bola, o que me fez cair com tudo no chão.

Era estranho, porque mesmo que uma dor na cabeça me atingisse de imediato, ainda assim, eu não conseguia sentir nada.

Mas agora, lá estava eu, sentada em uma maca na enfermaria, apertando uma compressa de gelo sobre a testa, enquanto via a garota na minha frente me olhar desconfiada.

Eu lembrava dela, apesar de tudo. Quero dizer, como não me lembraria da garota que jogou café com leite em mim, depois de eu a ter chamado de baranga frustrada na frente de todo mundo, depois de brigarmos por causa da equipe de torcida?!

Confesso que não a reconheci de imediato quando ela acertou a bola em mim, e então a treinadora a mandou me levar para a enfermaria, mas enquanto sentia a minha testa gelar por causa do contato do gelo sobre ela, o meu cérebro meio que funcionou.

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