Quedas de Cristal: Dinastia

02. regresso: um misto de emoções

Peço perdão pelos erros ortográficos, estou me esforçando para fazer capítulo legais e com bom desenvolvimento. Espero que gostem e boa leitura!

_______________________

✦Kiera

Finalmente chegou o dia. Meu estômago se embrulha com a emoção de estar vivenciando o momento que aguardei por anos. É uma mistura de ansiedade e pavor, por conta da adrenalina disso tudo. E embora seja um dia bom, hoje se completam exatos cinco meses desde que Celine se foi. Imaginei que ela estaria comigo neste dia tão importante, mas o destino não quis isso para nós. Olhar o apartamento vazio e completamente sem vida, me dá um certo aperto no peito e lágrimas enchem meus olhos, pois sei que a partir de hoje tudo será diferente, e vai ser só mais uma lembrança de que ela não estará comigo. Cento e cinquenta e três dias se passaram após sua morte, e o sentimento de angústia permanece aqui. É difícil sem ela, é difícil enfrentar tudo isso sem a pessoa que me apoiaria em cada um desses dias, e principalmente, é difícil ter que aceitar que ela não vai mais voltar. Desde aquele dia, eu tenho sonhado com o acidente de carro. O pesadelo constante de não poder me despedir antes que ela partisse. Respiro fundo ainda contendo as lágrimas rebeldes que tentam me escapar. Não é fácil conviver com o luto, mas hoje mais do que em todos os outros dias, preciso conviver com ele. Preciso ser forte.

Me levanto e coloco a última caixa por cima das outras que já estão fechadas. Encaro o apartamento vazio, que antes era repleto de enfeites, fotos e a alegria constante de Celine. Sem ela aqui, tudo parece cinza e triste. Respiro fundo e pego a carta colocada em cima da mesa de centro. Eu aguardei anos da minha vida por ela, pelo momento em que eles se lembrariam de mim, o dia em que eu retornaria para "casa" e me causou espanto recebê-la somente após a morte de Celine.

A vida inteira eu cresci com as histórias e ensinamentos sobre Áudria. Celine falava sobre as aventuras mirabolantes, poderes inimagináveis, bailes, rivalidades, batalhas e até sobre os costumes da realeza. Desde pequena, ela me ensinou as regras, leis, organizações, lutas.. tudo que eu deveria saber, e eu cresci com a esperança de um dia retornar ao meu "lar". Confesso que esperava ir junto com Celine, que ela estaria comigo quando meus pais lembrassem de mim. Quando pequena, eu imaginava como seria incrível me tornar uma princesa, participar de bailes, ter criadas.. mas com o tempo, esta magia se corroeu um pouco. Sei que dunamis existem, sei que Áudria é real, mas depois de esperar tanto... a frustração conseguiu superar a ansiedade. Foram longos anos de minha existência esperando o dia em que encontraria meus pais, imaginando suas vozes, cheiro, o jeito que me abraçariam.. tudo. Eu imaginava até as frases que trocaríamos quando nos encontrássemos, mas tudo se frustrou quando completei doze anos e eles não apareceram. De acordo com o que Celine dizia, aos nove anos eu deveria receber a minha "dunamis", ser escolhida por um dos cristais, mas não foi isso que ocorreu, pois meus pais não me resgataram. Então, esperávamos que eles viriam aos doze, mas se frustou novamente. Ela dizia que eu cresci longe deles para minha segurança, pois algo ruim havia sobrevoado o reino e eles preferiram manter-me segura. Crescer com ela era para ser um tipo de treinamento, para que quando eu retornasse ao reino, estivesse pronta para tudo e eu costumava achar isso incrível, pois assim como todas as princesas, eu precisava de proteção e treinamentos, mas com o tempo.. isso foi mudando.

Crescer em um lugar onde a magia é um mito me fez criar dúvidas sobre minha linhagem. Talvez eu realmente não fosse uma princesa, talvez Celine tenha inventado tudo isso para não me ferir com a verdade de que meus pais não me desejavam, e mesmo em meio à tantas dúvidas, eu acreditava na magia. Celine sempre amou a água e isso era graças a sua dunamis, dominar a água. Infelizmente eu nunca pude vê-la praticar seu poder, pois eles são proibidos de serem usados fora de Áudria. Mesmo lotada de dúvidas eu me forçava a acreditar que era real. A única coisa que me confortava, era o fato de eu ter encontrado Áudria no mapa que ela possuia. Embora eu não fosse uma princesa, eu sabia que o reino existia, e que um dia eu retornaria para lá.