23. Não fuja dos conselhos.

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Kiera
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O sol está escondido. As nuvens cobrem o que deveriam ser raios quentes iluminando o dia. Não julgo elas, também não curto muito o sol.

Observo pela janela as criadas tirando os materiais de Chase enquanto ele e Angel parecem planejar suas execuções de ataques. Estavam conversando por um bom tempo, até achei que rolaria algo a mais, mas a face de Angel deixava claro seu descontentamento. Talvez ela não goste tanto assim de meu primo.

Fito as janelas levemente embaçadas, enquanto espero Leonor chegar. A rainha pediu que eu subisse, mas permitiu que eu me trocasse primeiro. Após o banho, coloquei um vestido leve, cuja saia é cheia de camadas rubro-negras e detalhes pretos de bordado. As criadas fizeram um penteado prendendo metade do meu cabelo e colocaram presilhas que combinam com o tom do vestido.

A sala em que estou possui uma vista ampla dos jardins do castelo, e é bastante iluminada. As paredes vermelho escuro contém pequenos desenhos de coroas negras por toda a parte. Há móveis antigos, muito bem conservados e livros delicados sobre eles. tem um espaço amplo e é como uma espécie de escritório, acredito. Há alguns quadros na mesa, virados para o lado oposto de onde estou, e um enorme retrato de Longwell, senhor das chamas, na parede. Ele está ao lado de um cavalo de fogo, e seus olhos são tomados pelas chamas, enquanto seus braços são rodeados por fagulhas de fogo como belas tatuagens quentes.

Recosto a cabeça no vidro da janela, e volto a observar Chase e Angel treinando. Estou sentada em um pequeno sofá acolchoado encostado à parede da enorme fenestra de vidro. Kaylee está de pé ao meu lado, aguardando a rainha.

As portas se abrem e uma das criadas da senhora adentra a sala, sendo seguida pela mesma. A criada em questão me chama atenção pelo fato de ser bem mais velha. Aparenta ser um pouco mais madura inclusive do que o Rei e a Rainha. Em seguida mais duas entram e esperam até que a senhora sopre uma ordem. Duas jovens e belas moças.

— Elise, Chia, podem sair. e por favor, fechem a porta. — ela manda as mais novas sairem.

A criada mais velha permanece ao lado da rainha, em silêncio e completamente séria.

— Acredito que não sejam necessárias muitas auxiliares.

Ela comenta. Em seguida caminha à passos lentos até a mesa que possui na sala. Leonor ergue o olhar até o quadro de Longwell e o reverencia antes de se sentar.

Ela encara pensativa os porta-retratos virados, e suspira fundo. então volta o olhar à mim.

— Sabe... seu pai tem investido bastante em seu desempenho braçal. Aaron sempre foi assim. Sempre acreditou que a força fora extremamente necessária para um rei.

Suspira.

— Mesmo que isso fosse o oposto dele.

A observo atenta.

— Entre ele e Gerrard, seu pai era o mais fraco fisicamente. Sempre perdia as batalhas contra o irmão. No entanto, sua inteligência e estratégias são completamente superiores às do irmão.

Ela ri.

— irônico, não acha? Ele valoriza justamente o que mais gostaria de ter.

Ela respira fundo, e se perde um pouco em seus pensamentos.

— Você não deve ser rainha. — diz convicta.

Sabia que lançaria suas palavras manipuladoras e desanimadas contra mim. Respiro fundo, e contenho a raiva que cresce em meu peito.

Leonor prossegue firme em seu olhar e não pisca nem por um segundo ao fitar meus olhos.

— não irá dizer nada?

Quedas de Cristal: DinastiaOnde histórias criam vida. Descubra agora