11. a divisa

14 1 0
                                    


✦ kiera

Acordo com a voz doce de Kaylee chamando meu nome. Me levanto ansiosa e corro para o banheiro. Hoje, finalmente iremos até a divisa com Fryerz. Fico feliz por finalmente poder conhecer mais um pedaço do reino. Durante estes dias eu até andei um pouco com o rei e a rainha, mas não tive o prazer de revirar os quatro cantos dele, muito menos as outras divisões. Tomo um banho rápido e saio do banheiro apenas de toalha. Minha roupa de treinamento está na cama, e Kaylee coloca uma bolsa com algumas coisas úteis dentro. Ela irá comigo hoje, já que não podemos ficar sem nossas criadas "por muito tempo", algo que não faz muita diferença para mim. Visto o traje, e Kaylee penteia meus cabelos. Ela faz duas tranças laterais e prende elas junto a um rabo de cavalo. Passo apenas uma base no rosto, para não ficar completamente sem maquiagem.

— tem certeza que não deseja mais nada, senhora? — a menina pergunta.

— estou bem, Kaylee. Se usar muitas maquiagens, irei ficar com o rosto pesado, e isso me incomoda.

— claro. — ela assente.

Saio do quarto aos pulos, estou realmente empolgada, tal qual uma criança em dia de passeios. Passo em frente ao quarto de Seamus e me lembro da noite passada. Depois que ele quase me fez emocionar, ficamos conversando por algumas horas. Ele deve estar dormindo ainda. Sabe quando sua mente ganha um estalo e então você muda sua percepção sobre algo? Isso me ocorreu ontem. Enquanto Seamus e eu conversávamos, realmente me deixei levar por suas palavras, e percebi o quanto estava sem um objetivo. Agora isso mudou. Ontem ele me contou o quanto meus pais estavam desolados sem minha presença, e isso me fez perceber que não era somente eu que sentia falta. Meus ideais egoistas nem me deixaram pensar pelo lado deles. Não sou mais uma adolescente em sua fase rebelde para pensar que o mundo gira em torno de mim. Fui egoista, e percebi isso. Seamus me falando tão sincero sobre sua infância ao lado deles, me fez ver que realmente fiz falta aqui. E agora... quero saber ainda mais o que aconteceu naquele fatídico ano. Celine nunca me falou seus motivos para sair daqui, e creio que tenham sido justamente por isso. Tenho certeza que algo aconteceu com ela naquele ano também, afinal, o mesmo olhar vazio, triste e distante que Seamus descreveu, era o que havia em seus olhos. Ela sempre esteve comigo, mas sua mente estava em outro lugar, e mesmo me dando sempre sua atenção, algo lhe faltava. Stella disse que há várias coisas antigas naquele lugar, e zonas proibidas. Sei que é algo que algum rebeldezinho faria, mas meu corpo chama para que eu explore a área. Talvez... eu encontre algo para entender o que houve naquele ano. Preciso entender.

Desço as escadas e entro na sala de café da manhã. Chase está com um pouco de gelo na cabeça, e toma um café.

— ah! Que dor fodid...

— cuidado com suas palavras! — brinco, o interrompendo.

Chase me encara com uma expressão nítida de ressaca.

— você está.... horrível. — digo.

Ele murmura um pouco, e suspira.

— tive uma noite agitada. — ele diz. — sente-se

Chase abre os braços, mostrando a mesa cheia de doces, pães e bolos. Acho que nunca irei me acostumar com os banquetes em qualquer horário do dia. Sento-me em frente à ele.

— tomou um banho gelado? ajuda a melhorar.

— sim. Só estou com dor de cabeça. — ele responde.

— isso que dá sair para beber escondido. — digo.

Ele cerra os olhos.

— estava me espionando?

— na verdade, acabei o vendo sair acidentalmente.

Ele ri.

— ora ora... e o que a princesa — enfatiza — estava fazendo acordada?

Quedas de Cristal: DinastiaOnde histórias criam vida. Descubra agora