A vida segue.

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Pedro olhava muito concentrado para o filme, não que eu também não estivesse olhando mas saber que os idiotas estão aqui me desanima um pouco. Na fileira a frente Paloma estava arranhando com um sorriso de puta a barriga de Gabriel. Fala sério né ? Quer dar pro cara, vão pelo menos pra um lugar fechado. Essa cena me dá ânsia de vômito.
- Pedro ? Eu disse.
- Sim ? Falou ele.
- Vou ao banheiro, já volto. Falei me levantando.
- Está passando mal ? Perguntou ele preocupado.
- Me sinto muito bem. Sorri pelo cavalheirismo dele. Ele é tão fofo e se importa comigo.
Estávamos sentados perto da ponta então não teria problema nenhum deu encomodar alguém.
Segui pelos corredores dali, varias salas com cartazes diferentes e com numerações. Finalmente achei o banheiro, ele não estava muito vazio. Entrei e me encarei no espelho, acho que só precisava fugir daquela sala. Apoiei as mãos sobre a pia e continuei a me olhar. Eu não sou feia, talvez não tanto. Será por isso que Gabriel não me ama ? Mas amor não tem nada a ver com a beleza. Amor não é só desejo. Amor é necessidade de ter determinada pessoa incondicionalmente, nem que seja apenas para olhar ela sorrir. E Gabriel não sente isso por mim, da parte dele não é e não era amor. Então por que eu insisto tanto em ser ?
Retoquei o batom e sai dali, deixando todas aquelas mulheres que certamente estavam acompanhadas de suas futuras almas gêmeas, ou de suas atuais decepções...
Quando passei pela entrada do banheiro, ali estava encostado um homem de jeans escuro e camiseta preta completamente lindo. Ó Deus não, o que ele quer ? Dei passos a frente e então passei reto por ele.
- Vem aqui. Falou ele me puxando pelo braço.
Antes que eu pudesse responder, Gabriel me trouxe até esse tipo de corredor onde as portas era pretas. O " corredor" era reto e dava em uma porta clara. Li em cima de porta " Saída de emergência ". Parabéns em Gabriel que romântico isso, revirei os olhos. E eu quero que ele seja mesmo romântico ? Eu amo romantismo ou eu o amo ? Eu amo ele assim, cheio de defeitos e complicações, cheio de ternura e grosseria, todo bagunçado e frio. É, eu amo você seu cabeça oca.
- O que você quer ? Perguntei friamente.
- Eu quero você. Disse ele me apertando contra a parede.
Seus olhos azuis me encantavam. Esses lindos olhos estão me hipnotizando. Estão me chamando para um abismo e eu insisto em me jogar nele.
- Você é louco. Falei tentanto o empurrar.
- Que você ama. Disse ele sorrindo.
- Para de ser ridículo. O empurrei.
- O que você tem Alice ? Perguntou ele.
Que cara de pau em.
- O que você acha ? Falei.
- Tudo isso é ciúmes da Paloma ou por causa que eu não consegui responder um " Eu te amo " ? Perguntou Gabriel.
- Eu odeio você Gabriel, me deixa em paz. Falei.
- Você quer ir embora ? Quer mesmo sair daqui? Disse ele ao arquear as sombrancelhas.
Eu poderia dizer que sim, mas era exatamente isso que eu queria ? Fiquei alguns segundos quieta. Não sabia o que responder, ele me olhou agora com um olhar mais suave e um sorriso de " vencedor".
Gabriel se aproximou e me apertou na parede mais que antes, dessa vez eu fui fraca, meu corpo não quis resistir. Agora eu não me controlava mais, quem falava por mim era o meu desejo absurdo por esse homem, minha vontade de sentir teus lábios, de tragar teu cheiro agora me dominava. Fiquei imóvel, sem reação, Gabriel entendeu minha falta de atitude e chocou teu corpo contra o meu ferozmente como se absorvesse cada pedaço do meu ser, cada parte do meu amor sem nem precisar fazer esforço. Seus lindos olhos se fecharam e seus lábios encontraram os meus, dei permissão para sua língua passar. Foi como se ele nunca tivesse parado de ser " meu ". Como se soubéssemos o que o outro gosta e sente a anos. Emaranhei meus dedos por entre seus cabelos o bagunçado. A mão de Gabriel percorria meu corpo me dominando. Das minhas coxas ao meu quadril seus dedos exploraram calmamente, me fazendo arrepiar a cada fio de cabelo. Esse era o efeito de Gabriel sobre mim, com ele eu não me pertencia. Eu era dele, sem reação e sem queixas apenas dele. Mas ele não era meu, e se fosse pra ser sem compromisso ou sentimento eu entendo e respeito, porem eu não quero mais. Quando dei conta por mim aquela eletricidade já tomava meu corpo, seus beijos me drogavam e seu toque era minha morfina. Empurrei Gabriel com as forças que me restavam.

- Qual é o seu problema ? Perguntou ele
- Meu problema é você , sera que não percebe ? Falei.
- Lis , me diz você esta gostando do Pedro ? Perguntou Gabriel.
Eu queria responder que não, que não conseguia gostar de outro homem porque eu o amava, somente a ele. Fiquei quieta e antes que eu pudesse responder ele disse.
- Gosta ? Você não vale nada mesmo né, seu amor acabou rápido não ? Você realmente é uma mimada. Disse ele.
Não me controlei e aumentei a voz.
- Você cala a sua boca, porque você sabe que quem eu amo é você e me odeio por te amar de mais, eu não gosto do Pedro mas ele sim sabe tratar alguem, não é frio e grosso como você. Respondi.
- Alice para de birra, você faz muito drama. Disse ele.
Gabriel se aproximou de mim me empurrando contra a parede de novo, meus olhos estavam cheios d'água.
- Paloma é só uma diversão pra mim, o que você tem ? Falou ele calmamente.
- O que eu tenho ? Eu sempre fui sua, eu estou aqui com você em vez de virar as costar e ir embora, eu sou a idiota da historia enquanto você fica ai brincando de sentimentos e estou aqui me matando com suas escolhas, você não sabe o que quer nem quem quer. Falei.
- Pelo contrário, eu sei muito bem o que eu quero. Disse ele.
- Você é um manipulador egoísta, o que você realmente quer ? Falei.
- Você, eu quero você. Respondeu ele.
Seus olhos estavam tão pertos, seus cheiro corria sobre mim e eu podia sentir sua respiração quente, a distancia entre nós foi ficando mais curta. Agora estávamos tão perto, mas eu sabia que estávamos longe, eu o amei e ainda o amo más não vou mais sofrer, não vou mais me entorpecer com esse amor que destrói tudo por dentro. Ou ele me faz feliz, ou eu vou procurar ser feliz sozinha.
- Eu não quero mais você, me deixa em paz. Falei.
O empurrei de perto de mim. Eu estava livre, machucada mais livre, não quero mais sofrer mesmo que me doa dizer adeus a vida segue e tanto ele quanto eu deixamos esse amor morrer. Talvez não morreu mas eu precisava pensar que sim. Sai daquele corredor voltando até a sala. Eu o deixei para trás e ele me deixou ir, mas mesmo assim meu corpo e meu coração imploram por ele.
Pedro estava saindo da sala.
- Mas o filme já acabou ? Perguntei.
- Sim princesa, você demorou muito esta bem ? Perguntou ele.
- Só passando um pouquinho mal mas nada de mais. Respondi. - Que pena queria ter visto o final. Completei.
Ele segurou minha mão e sorriu.
- Vamos ter outras oportunidades. Disse ele.
Apenas sorri, um sorriso forçado mas puro.
- Vamos , esta ficando tarde. Falou Pedro.
- Sim. Respondi.
E então fomos direto ao estacionamento. Mas no meio daquelas pessoas andando meu olhar encontrou o de Gabriel, por que eu ainda sinto que não é o fim ?

Por AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora