Conto para Let

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Finalmente chegamos no meu apartamento. No caminho para cá eu pude deixar meu corpo esfriar e minha mente flutuar. Mas eu sei que não importa o que eu faça, meu pensamento de alguma forma vai trazer Gabriel para mim. Ele é o meu mal, meu pecado, minha doença e ao mesmo tempo a cura para todos os meus medos e problemas. Mas o que fazer se o meu maior problema é ele ?
Pedro abriu a porta do carro pra mim e então eu desci.
- Foi uma ótima noite. Disse ele.
- Eu gostei muito, mas fico triste por não ter visto o final. Falei.
- Vamos ter outras oportunidades, claro se você quiser. Falou Pedro.
- E eu vou. Respondi.
- Lis sua companhia é muito boa e você é tão linda. Disse ele.
Pedro se aproximou eu sabia o que ele queria. Pedro é um cara normal que leva uma garota ao encontro e no final a beija, como todas as boas histórias. Sei o que ele queria, Pedro queria meu sentimento, meu carinho e queria acima de tudo a mim. E ele não pode me ter, mesmo estando longe tanto meu coração quanto meu corpo pertencem ao Gabriel. Sei que beijar Pedro vai me tornar a pessoa mais hipócrita e insensível da face da Terra, mas ele precisa disso e não vou o decepcionar.
Fiquei mas pontas dos pés e nós nos beijamos. Sua mão ficou firme em minha cintura e seu cheiro era muito bom. Foi um beijo calmo e suave, não com amor mas foi um beijo que talvez deveria acontecer. Quando nós soltamos ele me olhou um pouco sem graça.
- Até mais. Eu disse.
- Até. Falou ele num sorriso.
E então eu subi , precisava falar com Let sobre Carlos e precisava deixar a culpa tomar conta de mim.

Ao passar pelo elevador me encarei, como se o mundo estivesse contra mim ou como se meu dramae impedisse de tentar ser feliz. Abri a porta do apartamento e Let estava sentada com a cabeça apoiada em seus joelhos flexionados, eu pude escutar teus soluços.
Me aproximei em silêncio, apenas a observando. A dor dela é a minha dor, como ver a minha melhor amiga mal sem me sentir mal ? Naquele momento esqueci do mundo lá fora, eu precisava fazer ela sorrir nem que para isso eu chorasse por dentro.
- Ei princesa, o que houve ? Perguntei ao me sentar ao seu lado.
- Carlos estava com quem ? Perguntou ela com a voz tremula e os olhos inchados.
- Ele é um idiota. Falei.
- Com quem o Carlos ele estava Alice ? Falou ela com a voz mais firme.
- Babi. Respondi.
Ela estava tão " caída ". Ao escutar o nome que acabara de sair da minha boca, as lagrimas dela continuaram a descer e sua respiração falhava.
A minha única reação foi olhar ela por mais cinco segundos e antes que ela pudesse me responder ou questionar algo meu corpo se chocou ao dela. Abaixei tuas pernas que estavam flexionadas e a encarei. A puxei em um abraço, mas aqueles abraços firmes onde pude sentir seu coração todo despedaçado tentar se recuperar.
Alguns cientistas dizem que abraços que duram mais de vinte segundos liberam toxinas de amor. E Let era a minha toxina de amor. Aquele abraço não era apenas para ela saber que eu estava ali e que a amava, mas também serviu para mim saber que meu mundo não estava tão caído, que para tudo existe um recomeço.
- Escuta. Falei após levantar seu rosto choroso para mim.
Ela só sabia me olhar com aqueles lindos olhos castantes brilhantes e cheios de tristeza.
- Não importa o que aconteça eu sempre vou estar aqui e se um dia eu não estiver mais, você pode me esbofetear viu ? Falei com um sorriso não tão completo.
Seus olhos tiveram uma luz mais forte que antes.
- Eu te amo sua ridícula. Disse ela.
E então Let me abraçou novamente e eu pude ver como nós complicamos o mundo, complicamos as nossas vidas e a nós mesmas.
Eu sempre pensei que para ser feliz eu precisaria do sorriso de Gabriel, mas hoje eu vejo que não é como pensei. A única pessoa que eu preciso ver sorrir é a Letícia e quem me ama assim como eu os amo. Let está aqui e eu não vou deixar ela voar sem saber o caminho que precisa seguir.
Passamos a noite ali, contando sobre quão idiota o Carlos era.

Por AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora