Por Amor

Tatuagem especial

- E então? - Gabriel perguntou ao entrar na sala. - Sou um pouco curioso.
- Isso dói - Falei ao sentir Rods terminar - Mas não é tão ruim.
Gabriel se aproximou e parou para observar meu antebraço. Seus olhos se apertaram, logo ele sorriu. Um sorriso estúpidamente lindo.
- Você é impressionante, Ally - Seu tom me arrepiou.
"Ally" fez meu coração dançar. Um apelido que ele criou, só para ele usar.
Soltei um sorriso. Gabriel sempre tão possessivo.
Apreciei o trabalho de Rods, ficou realmente bom.
- Espero fazer a próxima, senhorita - Disse Rods ao colocar um curativo em cima da tatuagem. E então me explicou todos os procedimentos para que não infeccione.
- Você vai fazer - Piscou Gabriel e depositou seu braço em minhas costas - Nos vemos na próxima Rods.
- Até mais Swan! - Rods sorriu e então se virou para mim - Não desapareça, senhorita.
- Ela não vai - Gabriel falou firme e com a outra mão entregou dinheiro à Rods.
- Eu pago - Falei séria.
- Estou sendo cavalheiro - Gabriel ergueu a sobrancelha em seu tom zombeteiro.
Peguei o dinheiro da mão de Rods e devolvi para Gabriel. Do meu bolso tirei a quantia certa e coloquei no balcão que tinha ali.
- Tchau, Rods - Sorri, enquanto saia e Gabriel vinha atrás.
- Já gostei dela! - Escutei Rods gritar, quando chegamos a porta.
Gabriel deu um sorriso satisfeito.

********

Estávamos sentados na mesa de um pub, enquanto Gabriel me olhava sem parar.
- Que foi? - Perguntei desconfiada.
- Ainda não acredito que você teve coragem - Gargalhou - Pensei que você ia sair correndo assim que visse a agulha.
- Era só uma tatuagem - Dei de ombros.
A garçonete chegou, em seu avental azul e cabelos loiros até a nuca. Em seu crachá se lia Amália. Seus olhos admiravam Gabriel, o que não a culpo, ele é realmente bonito. Maravilhosamente lindo, para ser mais exata. A moça pegou seu bloco de notas, e colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha. Ela aparentava ter vinte anos.
- Posso ajudar? - Amália perguntou.
- Pode - Gabriel sorriu de forma conquistador - Você pode trazer um bolo com velinhas?
- C-como? - Perguntou a moça confusa e ao mesmo tempo derretida.
Revirei os olhos com a situação.
- Um bolinho com pequenas velas - Repetiu Gabriel com o mesmo maldito sorriso.
- Acho que não temos velas, Senhor - Amália suspirou.
- Tenho certeza que você pode providenciar isso - Gabriel passou a mão pelos cabelos.
Bastardo! Ele está flertando com a garçonete por causa de velas.
- Claro que sim - Amélia flertou de volta, então virou as costas enquanto ia buscar o pedido.
- Velas? - Perguntei curiosa - Para quê?
- Devemos comemorar a sua tatuagem - Deu de ombros.
- Quem comemora uma tatuagem? - Perguntei pensativa - Que argumento ridículo.
- Você comemora - Respondeu.
- Desde quando? - Bufei.
- Desde agora - Franziu os olhos em arrogância.
- Tão idiota, quanto flertar com uma mulher em troca de velas - Fiz uma careta.
- Você está com ciúmes? - Perguntou divertido.
- Claro que não - Forcei uma risada. - Ciúmes de você? Se enxerga, Gabriel.
A piada devia ser mesmo engraçada, porque ele sorria como uma criança ri para um palhaço. Droga! Devo estar fazendo cena.
- Eu estou com você, Ally - Pegou em minha mão e olhou fixamente em meus olhos - Só com você, Baby.
- Baby? - Perguntei irônica, ignorando suas últimas palavras - Você é tão idiota.
Gabriel abriu a boca como se fosse falar algo, mas eu o cortei.
- E não venha com esse papo de "mas você gosta", que eu te garanto - Puxei o ar. - Te garanto que tiro esse sorriso do seu rosto, entre socos e chutes.
- Tão esquentadinha - Acariciou minha mão.

****

E como Gabriel pediu, Amália chegou com duas fatias de bolo. O bolo trazia uma cobertura de chantilly, enquanto uma vela decorava o bolo. Isso mesmo, uma vela, fina e rosa.
- Só consegui uma - Disse a garçonete sorrindo ao colocar o pedido na mesa. - Mais alguma coisa, Sr?
- Só isso mesmo, Amália - Respondeu Gabriel, com uma doce ênfase no nome da moça - Muito obrigado.
- Qualquer coisa é só chamar - Piscou Amália, obviamente ignorando minha existência.
- Você é tão ridículo - Suspirei olhando para o bolo.
- E você é tão reclamona - Falou num tom fino, inutilmente tentando imitar minha voz.
- Eu não falo assim - Estreitei os olhos.
- Você que pensa - Falou Gabriel rindo.
- Idiota - Respondi contagiada com seu sorriso.
- Cansei de ouvir você me chamando assim - Gabriel fingiu estar sério.
- É que te define tão bem - Dei de ombros. - Já pensou em colocar como segundo nome? Gabriel idiota, iria ficar tão lindo.
- Posso pensar nisso - Ergueu uma sobrancelha.
- As mulheres iriam amar - Continuei. - Nenhuma iria resistir à você com esse nome.
- Elas já fazem isso - Falou convencido.
Filho da mãe.
- E o bolo, quando eu vou poder comer? - Mudei de assunto.
- Agora mesmo - Respondeu ao tirar um esqueiro do bolso. - Vamos ascender a velinha.
- Vai ter parabéns e tudo mais? - Perguntei curiosa. - Isso é tão estranho.
- Não é estranho - Disse ao ascender a vela - Sua primeira tatuagem precisa de um bolo de aniversário.
- Bolo de aniversário? - Perguntei rindo. - Aniversários não são comemorados quando se faz um ano, e não antes disso?
- Sua tatuagem é especial - Piscou. - Agora vem apagar a velinha.
- Sem parabéns, por favor - Implorei.
- Vou repetir, sua tatuagem é especial - Explicou paciente. - Então não vai ser qualquer parabéns. Diz para mim uma música que você gosta.
- All of me - Repondi rapidamente.
E foi onde Gabriel começou a cantar, minha musica preferida. Sua voz rouca me arrepiou enquanto ele cantava baixinho. Meus olhos não queriam ver nada além dele. As mulheres em volta olhavam, mas seus olhos não saíram dos meus. E naquele momento eu me senti única. Única para ele.
"Eu estou com você, Ally. Só com você" - Suas palavras passaram por minha memória.
Sorrindo, fui em direção a vela, para apaga-la.
- Faça um pedido - Gabriel sussurrou em meu ouvido, então voltou a cantar.
Fechando os olhos, soprei a vela. E naquele momento, desejei com todo meu coração poder me sentir assim novamente. Amada, e única.