O irmão

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Chegamos a uma casa gigantesca. E grande, em toda a extensão da palavra. A casa ficava longe do Centro da cidade. Em vez de um sítio como o de Math, a casa dos pais de Gabriel era luxuosa em cada um de seus cantos. O muro alto deixava a casa com um ar de Castelo. Nunca vi uma casa assim antes.
Gabriel e eu subimos uma pequena escada de quatro degraus, que nos levavam até a entrada principal. Uma mulher vestida com uma espécie de uniforme Branco e Preto veio nos atender. Ela nos analisou e sorriu. Logo após abraçou Gabriel.
- Menino Que saudades de você! - A mulher tinha uma expressão carinhosa.
- Também senti saudades Cecília. - Gabriel falou meio tímido. Aparentemente ele não vivia tantos gestos de afeto familiares.
- Está é Alice. - Gabriel se virou para mim, me apresentando para a mulher.
- Oi Alice! - Cecília estava muito sorridente.
- Prazer senhora. - Falei com toda minha educação.
Cecília tinha um ar materno. Seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo. Eram cinzas, com fios mais grisalhos que outros. Ela usava óculos e as rugas de seus olhos a deixavam mais inofensiva.
- Entrem crianças. - Falou Cecília nos dando espaço para entramos.
Gabriel enrolou seus dedos nos meus.
- Cecília é a governanta da casa. Sempre cuidou de mim e de minha família desde que eu me entendo por gente. - Explicou Gabriel.
Olhei admirada. Nao só por ver o lado mais humano possível de Gabriel, mas também pelo o interior da casa.
Imaginar Gabriel como um garotinho de cabelos escuros e olhos claros correndo pelas escadas, sendo perseguido por uma velhinha completamente acolhedora é tao diferente. Com toda essa armadura de homem sério, ele tem uma criança interna. Brincalhona e que é amada.
Nao seja tola Alice! - Pensei. - É óbvio que ele é amado. Por mais estranho que pareça, Gabriel sempre teve uma vida antes de você chegar.
Cecília nos conduziu até a sala. No caminho quadros preenchiam as paredes, com pequenos vasos de diversas flores.
A sala também surpreendia. A decoração parecia encantar até nos mínimos detalhes. Meu coração pulsava nervoso. Eu estou a poucos passos de conhecer a família de Gabriel. Ele nunca me falou sobre eles. Nao sei quantos irmão ele tem - e se tem irmãos - Nao sei como eles são e nem do que gostam.
A sala em que estávamos parecia mais com um salão de festas pelo tamanho. Havia uma grande escada completamente dourada, reluzente e parecida com Ouro no meio do grande cômodo.
Um dos sofás dava volta no canto de uma das paredes. Os sofás eram vermelhos. Dois sofás e uma poltrona. Uma pequena e bem detalhada mesa de centro, preenchia o espaço entre os assentos.
Um enorme espelho tomava conta de toda a parede esquerda. Um abajur cheio de cristais estava sob nossas cabeças. Um tapete tomava conta do chão,nele haviam estrelas douradas da mesma cor viva da escada.
Gabriel e eu estávamos sentados. Sua mão ainda sobre a minha. Cecília estava em pé,ao lado da poltrona.
- Sua mãe ja está descendo. - Disse Cecília para Gabriel.
- Obrigada Lia. - Respondeu Gabriel carinhosamente.
Lia provavelmente era o apelido da sorridente senhora. Gabriel parecia se sentir confortável la. Fico pensando a razão para um garoto que aparentemente deveria ter amado isso daqui, ter ido embora. Meu coração ainda bate forte por saber que eu vou conhecer os pais de Gabriel.
- Está nervosa? - Gabriel perguntou, passando seus dedos pelos meus.
- Perfeitamente bem. - Forcei um sorriso.
- Só não faça muitas perguntas. - Seus olhos pareciam divertidos.
- Por quê? - aperto mais sua mão.
- Sua curiosidade me surpreende cada vez mais, Alice. - Ele sorriu. - Se você se sair bem, vou te recompensar.
- Recompensar como? - Esse assunto parece interessante.
Ele sorriu, obviamente ainda divertido com minha curiosidade.
- E como vou me sair bem? - Pergunto.
- Só não faça nada que me irrite. - Ele ergue a sobrancelha e passa seus dedos pelo meu rosto.
- Como eu te irritaria? - Suspiro com seu toque.
Gabriel deu para ser misterioso agora? Justo agora? Meu coração continuava acelerado.
Continuei olhando em volta.
- Só não dê bola para ele. Se você der eu vou me estressar. - Gabriel desceu suas mãos suavemente até meu pescoço.
- Para quem? - Eu me senti perdida nessa conversa.
- Você vai saber já já. - Os dedos de Gabriel desceram mais.
Chegaram até meus seios. Soltei um leve suspiro. Gabriel fez desenhos invisíveis sobre minha pele e lentamente pôs sua mão em cima do meu sutiã. Olhei em volta para ver se Cecília ainda estava alia. E aliviada vi que a senhora havia se retirado.
- O que você está fazendo? - Minha voz entrega meu desejo por ele.
Os dedos de Gabriel entraram agora no limite do meu sutiã. Ele acariciou levemente meus seios. Senti eles ficarem firmes ao seu toque. Se contraindo com o choque que Gabriel me causava. Nao me movi pedindo para que ele parasse. Mas minha respiração irregular mostrava que eu queria mais.
Os movimentos lentos da habilidosa mão de Gabriel aumentou seu ritmo. Nao tão rápido, mas na dança certa. Eu queria joga-lo ali mesmo no sofá e ama-lo.
Escutamos alguns passos e então com muita calma Gabriel retirou sua mão. Meu coração pulsou mais forte. Ele puxou minha mão até os lábios e depositou um leve beijo entre meus dedos. Seu sorriso pervertido era visível.
- Relaxe. - Ele sorriu.
Relaxar? Depois de tanto tempo sem te tocar, ele quer parar? Eu o quero, e quero agora.
Antes que eu dissesse ou demonstrasse que eu o queria. Um rapaz apareceu em nossa frente.
- Alguém veio nos dar o ar da graça. - Disse o homem.
O rapaz era pouco mais baixo e magro que Gabriel. O rosto angular contrastava com seus olhos cor de Mel. Seu cabelo era pouco mais escuro que os olhos. E sua cor pálida dava para ele um certo ar assustador. E curioso ao mesmo tempo. Gabriel se levantou e se aproximou do rapaz. Eles se abraçaram de um modo recipitivo.
- É como dizem irmão, quem é vivo sempre aparece. - Gabriel sorriu para ele.
Irmão? Mas eles não tem nada a ver. Os cabelos escuros e olhos azuis de Gabriel, passam longe de uma semelhança com o rapaz que está a nossa frente.
Me levantei também, com minha curiosidade um pouco maior que o normal. O irmão de Gabriel o soltou e me analisou por inteira. Me senti um pouco envergonhada com o seu olhar.
- Algumas joias são tão bonitas que deveria ser pecado existirem. - Disse o rapaz que vestia calças jeans e blusa marrom.
- Fico honrado pelo elogio. - Gabriel falou irônico.
- Nao foi para você. - O irmão de Gabriel sorriu e piscou para mim. - Só para informar, algumas joias tem um lugar especial em minha cômoda. - Completou ele.
Senti minhas bochechas esquentarem. Era sobre ele então que Gabriel estava falando.
Gabriel me puxou para perto, passando suas mãos pela minha cintura.
- Deixe-me apresentar vocês. Essa é Alice Rodrigues. - Gabriel olhou diretamente para o irmão. - Lis, esse é Jonathan. Meu irmão adotivo.
Adotivo? Puta merda! Adotivo. Por quê ele não me disse antes, que sua família adotou seu irmão? Será que ele é o único irmão?
Mas eles não se parecem em nada mesmo.
Jonathan se curvou e beijou as costas de minha mão.
- Muito azar o seu de ser adotado, não conseguiu uma beleza igual a minha. - Jonathan se virou novamente para mim. - É um prazer conhece-la.
Como assim? Gabriel que foi adotado? Eu deveria ter perguntado sobre a família de Gabriel antes. Mas se eu tivesse perguntado, ele teria me respondido?
- Desculpe. - Coloquei toda minha cordialidade na voz. - Adotado?
Gabriel revirou os olhos e disse. - Não exatamente. Jonathan que gosta de ser louco. Minha mãe se casou com o pai dele, quando o meu morreu. Então por inveja de mim Jonathan diz que fui adotado.
Então Gabriel não é adotado? Mas seu pai morreu? Que vontade de o abraçar e dizer que sinto muito. Será que faz muito tempo?
- Uau. - Forcei minha voz a ficar levemente normal.
Gabriel soltou suas mãos de minha cintura e voltou a abraçar Jonathan.
O amor deles é um pouco estranho.
- Estava com saudades. - Disse Gabriel.
- Você foi embora e nunca mais se lembrou de nós. - Jonathan ja não parecia mais tão dono de si como antes.
Eles saíram do abraço.
- Nao foi porque eu quis. - Gabriel se explicou.
O que acontece com essa família? Me senti como uma intrusa em um momento tão particular.
- Eu te odeio. - Disse Jonathan firme.
Gabriel o abraçou novamente.
- Eu também te amo. - A voz de Gabriel era tão delicada e gentil.
Fiquei contemplando o meu rei inconstante. Com mais uma de suas surpresas. Quem diria, ele tão Inconstantemente diferente, agora tão normal. Ele tem uma família. Pelo menos até agora conheci seu irmão e a governanta. E eles se amam, de um jeito confuso mas amam.
Nós três sentamos no mesmo sofá, enquanto Gabriel e Jonathan conversavam.
- Mas e vocês, estão juntos a quanto tempo? - Era a voz do irmão de Gabriel.
Juntos? Gabriel e eu? Nós estamos juntos? Nem eu sei.
- Tempo o suficiente. - Disse Gabriel.
Tempo o suficiente? Quanto tempo, é tempo suficiente?
- Tirou a sorte grande em irmão. - Jonathan se virou para mim. - Tem quantos anos Alice?
- Tenho dezenove e você? - Talvez seja essa a deixa para conhecer a família de Gabriel.
- Vinte e dois. - Respondeu.
- Você é o mais novo? - Pergunto.
Gabriel mantém a boca em uma linha rigida. Ele falou para mim não fazer muitas perguntas, se não eu não seria recompensada. Qual é a recompensa?
- Nao, o mais novo é o Júlio.- Respondeu-me.
Então nessa família são três homens? Será que tem alguma mulher?
- E das meninas? - perguntei fingindo que sabia sobre o resto da família.
- Só temos um irmã, Gabriel não contou? - Jonathan parecia se divertir. - Isabelly é a única menina, e tem vinte anos.
- E onde ela está? - voltei a olhar para Gabriel que parecia não aprovar tantas perguntas.
- Sei lá, em alguma festa. - Jonathan deu de ombros. - Já disse que voce é muito bonita? O que o idiota fez para te merecer?
Sorri envergonhada e corei.
- Discrição é o que não falta em você né? - Gabriel perguntou para o irmão.
- Nem em você. - Jonathan desafiou Gabriel.
Quando pensei que eles continuariam trocando farpas, uma mulher muito bem vestida parou no último degrau da escada.
Ela sim era muito parecida, será que era a mãe de Gabriel?
Os rapazes levantaram e eu fiz o mesmo. A mulher estava usando um terninho azul marinho. O blaser e calça azul, e a blusa dentro do blaser branca. Seus saltos eram absurdamente altos, de um Preto veludo. Os olhos dela são azuis em um tom mais escuro que o de Gabriel. Seu cabelo é Preto sem nenhum tom grisalho que estavam presos em um rabo de cavalo. Seus cabelos lisos iam até a metade das costas. Mas em seus olhos apareciam algumas rugas. Ela aparentava ter menos idade do que deveria ter.
Os rapazes foram até ela e eu os segui.
- Mãe. - Gabriel segurou em suas mãos e ela beijou sua testa.
- Gabriel. - Sua voz era formal.
A mulher me analisou de cima a baixo, e nesse momento desejei ter me vestido melhor.
- Deixe-me apresentar vocês. - Gabriel segurou na mão da mãe e a trouxe até mim.
- Eu posso fazer isso. - A voz dela era dura, será que Gabriel aprendeu com a mãe? - Eu sou Camille, e você quem é?
- Sou Alice, prazer senhora. - Estendi a mão e lentamente ela a pegou.
- Você é a primeira garota que Gabriel traz aqui. Espero que voce mereça isso. - Camille era um pouco intimidante.
- Vamos com calma mãe, você poderá conhecer Alice amanhã cedo. Nós precisamos de um banho porque vamos até a boate de Nicholas. - Gabriel estava calmo.
Minhas pernas ainda tremiam.
- Não ligue querida, mamãe é assim mesmo. - Jonathan passou sua mão em cima da minha.
Gabriel o encarou firme e aparentemente com raiva.
- Se você nos derem licença, vou mostrar para Alice onde fica o banheiro. - Gabriel puxou minha outra mão.
- Toda. - Disse Camille nos dando passagem para subir as escadas.
Segui Gabriel pelos degraus.
- Só não tire a pureza da menina em Gabriel. - Falou Jonathan la de baixo.
Evitei olhar para lá.
Gabriel e eu seguimos até um grande corredor. Entramos na última porta.

*****
O quarto era grande, assim como todos os outros cômodos pelos que passei. As tres paredes eram de um Branco cegante, e havia uma única parede de um tom de azul escuro. Por mais luxuosa que fosse a casa, o quarto era simples.
A Cama estava de costas para a parede azul, e dos lados haviam algumas cômodas. Gabriel sentou na cama e eu me aproximei olhando para as fotografias dali.
Na primeira cômoda haviam três fotografias. Uma menina pequena, e do lado, aparentemente a mãe de Gabriel. E entre elas estava um menino de olhos azuis cor de céu. Baixinho e sorridente. Cabelos lisos pretos que quase cobriam os olhos.
Do lado havia um homem alto com uma vara na mão. Eles estavam na proa de um iate. O homem parecia Jonathan só que mais velho, e mais alto que Gabriel que estava ao seu lado na fotografia com uma vara na mão também. E a última foto era Gabriel e Jonathan. O irmão estava bem mais novo. Com cabelos curtos quase raspados. Eles estavam em um parquinho.
Se antes era difícil imaginar Gabriel criança, agora foi mais que fácil. As fotos de um Gabriel jovem, inocente e com ar protetor me derrete o coração.
- Esse quarto é seu? - Pergunto calmamente sentando ao seu lado na cama.
- Era, passei minha adolescência aqui. - Respondeu ele retirando os sapatos.
- Você foi embora? Há quanto tempo? - Me senti invadindo mais uma vez sua privacidade, porém minha curiosidade continuava maior.
- Sete anos. - Respondeu agora retirando as meias.
- Você ama muito sua família ne? - Tirei meus sapatos também.
- Mais que tudo. - Gabriel agora me analisava.
- Por quê não me contou que seu pai havia morrido? - Segurei em suas mãos.
- Não gosto de falar sobre isso. - Falou friamente mas correspondendo ao meu toque.
- Você tinha quantos anos? - Minha voz saiu quase em um sussurro.
- Quinze. - Respondeu calmo.
- Sinto muito. - Fui um pouco mais para frente e o abracei.
Com uma certa relutância ele me abraçou de volta. Sem responder.
Quando nos soltamos passei a mão por seus cabelos.
- Isabelly é irmã de quem? - Tentei soar calma.
- Minha, e Julio irmão Jonathan. - Disse ele.
- E todos vocês se dão bem? - Tudo bem, acho que estou passando dos limites.
- Eu disse para você não ser tão curiosa, Senhorita. - Gabriel soltou um leve sorriso.
Senti vontade de o abraçar novamente.
- Desculpe. -Falei baixinho.
- Tudo bem, vou te contar. Mas não diga nada depois do que eu falar. - Ele pegou uma mecha de meu cabelo e a colocou atrás de minha orelha. - Vamos se dizer que eu e meu pai tínhamos alguns problemas. Não nos dávamos muito bem. Mesmo com tudo o que ele fez eu me senti mal no começo, mas precisei me manter forte para cuidar de Izzy. Minha mãe também permaneceu forte o tempo todo. Trabalhando e cuidando de nós. Com o tempo ela se apaixonou por Cézar. Meu padrasto, que considero realmente um pai. Ele tinha dois filhos, Jonathan e Júlio. A esposa havia o abandonado com as duas crianças. No começo foi difícil para nos adaptarmos sabe? Izzy teve alguns problemas. Jonathan se revoltou mas Júlio era o único que dizia que uma família não precisa ser de sangue. Com os anos se passando e a convivência aumentando, todos começaram a se aceitar e trabalhar juntos. Hoje, sou feliz pela família que tenho.
Eu queria dizer algo. Perguntar sobre o pai de Gabriel,mas ele pediu para que eu ficasse quieta.
Ele se levantou e pegou em minha mão. Depositou um selinho rápido em meus lábios.
- Por pouco você não ganha sua recompensa Alice. Sua curiosidade foi grande, mas você soube lidar com meu irmão e isso foi admirável. - Ele sorriu, como consegue mudar de assunto tão rápido assim? - Pronta para recompensa?
Senti um frio no estômago percorrer meu corpo.
Assenti com a cabeça e Gabriel me levou ate uma porta branca. Ao abrir era um banheiro enorme. Com uma banheira totalmente Redonda no canto.
Gabriel foi até a banheira e deixou que a água caísse ali. Depois jogou alguns sais aromatizantes, um olhinho e mais alguma coisa que fez a água ficar espumada.
Senti meu coração bater forte. Forte e feliz. Ele está preparando meu banho?
Ficamos ali olhando a água cair na banheira rapidamente. Sem demorar muito a banheira ja estava cheia.
Ele voltou até mim e beijou meu pescoço calmamente.
- Tire a roupa. - Sua voz foi dura mas perversa.
Tirar a roupa? Puta merda!

Por AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora