Desabafei.

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Cavalgamos até a frente do lago que já havia visto antes. Era um lago azul e bonito, se estendia tanto que as árvores pareciam uma plateia contemplando o espetáculo.
Gabriel desceu de seu cavalo branco o amarrando na árvore mais próxima do lago e eu fiz o mesmo. Os cavalos começaram a beber a água, como se fosse algum vinho muito bom.
- Você cavalga bem. Disse Gabriel.
- Eu sei. Respondi sorrindo.
- Nada convencida você né. Falou ele.
- Temos que ser de vez em quando. Falo suspirando.
Gabriel sentou na grama, enquanto a sombra das árvores me permitiam ver melhor ele.
Ele me olhou como se me chamasse.
Sentei ao seu lado e então ele começou a acariciar os meus cabelos.
- Já pensou em ser ruiva? Perguntou Gabriel.
- Nunca. Digo.
- Nem morena? Perguntou insistente.
- Quer que eu fique parecida com as suas putas? Babi ou Paloma? Ou tem outra dessa vez? Perguntei num tom irônico.
- Com nenhuma, você é linda do jeito que é. Disse ele.
- Então por qual motivo você perguntou isso? Digo dando de ombros.
- Não sei, às garotas que eu conheço sempre querem ficar mudando a cor do cabelo para me agradar. Disse ele.
Revirei os olhos, com essa idiotice. Mas não julgo elas por fazerem isso. Quando a gente ama, sempre tenta ser o que o parceiro espera. Queremos sempre estar mais bonitas para agrada-los.
- Eu não sou igual elas. Disso.
- Realmente. Falou Gabriel.
Ele enrolou uma mecha de meu cabelo em seus dedos grandes e quentes.
Ele sorriu e então como se dissesse para si mesmo ele suspirou. - Com certeza, você não é nem um pouco igual.
Fiquei quieta, pensando se aquilo era bom ou ruim.
- Seu sonho é realmente ser psicóloga Lis ? Perguntou Gabriel.
- Por que a pergunta ? Falo.
- Não te vejo animada com a sua faculdade. Diz ele.
Dou um sorriso pela sua compreensão, ele sempre soube observar bem. Me analisava como se soubesse o que eu estava pensando.
- Posso dizer que definitivamente, esse não é o meu sonho. Digo.
- Então pra que escolheu essa faculdade? Perguntou ainda insistente.
- Minha mãe foi psicóloga, é como se eu quisesse seguir os passos dela. Confesso.
- E qual é o seu verdadeiro sonho? Qual o seu lado rebelde ? Pergunta ele.
- Como assim ? Digo rindo.
- O que você tem vontade de fazer? Perguntou me.
- Largar psicologia e me tornar escritora, mas é loucura. Falo.
- O mundo é louco Lis, não tem como ser normal no meio dessa multidão. Disse Gabriel.
- Você está me incentivando à largar a faculdade Gabriel? Perguntei rindo.
- Sim. Respondeu secamente.
- Que belo exemplo você. Falo.
- Estou dando a minha opinião, você faz se quiser. Não tem porque vivermos algo que não nos faz bem, e se uma coisa eu aprendi é que devemos sempre realizar os nossos sonhos. Disse Gabriel agora brincando com seus dedos em meu braço.
- Vou pensar nas suas palavras. Digo.
Ele sorri para mim.
- Fico feliz por isso. Diz ele.
- Como se você se importasse com isso. Falo dando de ombros.
- Claro que me importo. Diz ele.
- Você se importa com garotas de cabelos vermelhos e pretos. Digo apertando seu nariz como se fôssemos amigos a décadas.
- Não exatamente. Fala ele.
- Vai se danar Gabriel. Falo rindo.
- Gosto de loiras. Diz ele apertando agora minha coxa.
Fico em silêncio e então começamos a admirar àquele lago.
- Talvez devêssemos ir. Digo me levantando.
- Não estou afim. Diz ele.
- Mas devem estar nos procurando. Digo.
- Que se danem! Diz Gabriel jogando as mãos para cima.
- Não precisa ser grosso. Falo aumentando um pouco a voz.
- Você deveria pensar mais em você Alice, esqueça quem te procura ou o que irão dizer. Disse Gabriel sério.
- Não sou igual a você que não se importa com as pessoas. Falo.
Ele se levanta e chega perto de mim, de modo que eu consiga sentir o cheiro dele como todas as outras vezes.
- Seja sincera,você está com medo do que vão falar se descobrirem que você está sozinha comigo? Perguntou.
- Você não sabe do que está falando. Digo me afastando.
Mas ele estava certo, não queria que pensassem que eu e Gabriel tínhamos algo, não queria ser a idiota da história.
- Qual é Lis! Vê se diz o que pensa para mim uma vez na vida, você sempre consegue ser sincera com todo mundo menos comigo! Deveria se preocupar menos com as pessoas à sua volta! Falou ele.
- Você não se importa se minha irmã descobrir que você me seduziu? E se ela descobrir e passar mal? Você não se preocupa com a minha irmã? Sua melhor amiga. Falo tentando reverter a culpa para ele.
- Eu me preocupo com sua irmã Alice, me preocupo mais do que qualquer pessoa aqui. Disse ele, suspirou e então continuou. - E eu não te seduzi, agora me diz você gosta realmente do idiota do seu novo namorado? Perguntou ele bravo.
- É da sua conta, a minha vida pessoal? Pergunto virando as costas e chegando perto do meu cavalo.
- Calma Lis. Fala ele se aproximando de mim. - Me desculpa tá.
- Tá bom. Falo.
- Vamos amanhã comigo ver a Lola e o Nicholas? Pergunta ele.
- Viajem de trabalho? Pergunto.
- Só uma visita para meu velho amigo. Responde.
- Eu tenho aula Gabriel. Digo.
- Mas voce nem gosta da sua faculdade. Fala ele.
Dou de ombros.
- Vou pensar. Digo subindo em meu cavalo.

Ele dá de ombros e faz o mesmo. Cavalgamos em silêncio até o celeiro, onde os cavalos dos meninos já estavam sem sela e sem ninguém a volta.
Gabriel e eu descemos dos cavalos e o levamos para dentro do celeiro. Gabriel tirou a sela do seu cavalo e eu fiz o mesmo com o meu ainda em silêncio.
Escutamos vozes do lado de fora, Gabriel levantou a sobrancelha e levou as rédeas do cavalo até uma prateleira que estava ali, e então veio até mim.
- Eu levo para você. Disse ele.
Fiz que sim com a cabeça e lhe entreguei às rédeas.
- Alice, pensou se vai comigo para Atlanta amanhã? Perguntou Gabriel.
- Atlanta não é a cidade da sua familia? Digo.
- Sim, mas vou visitar Nicholas, não meus pais. Disse ele.
- Tudo bem. Respondi dando de ombros.
- Mesmo? Perguntou Gabriel sorrindo.
Antes que eu pudesse responder, Lucca entrou no celeiro.
- Ai estão vocês! Não estão com fome? Estou morrendo. Disse Lucca.
Fiz que sim com a cabeça e Lucca veio até mim.
- Sobre o que falavam? Perguntou Lucca.
- Sobre nada que é da sua conta. Disse Gabriel ríspido.
Sua mudança de humor e atitudes é tão constante.
- Na verdade, estávamos falando sobre eu ir amanhã com o Gabriel para Atlanta,quer ir? Pergunto.
- O convite foi para você e não para ele. Diz Gabriel sério.
- Mas eu sou o namorado dela. Disse Lucca em sorriso triunfante.
- Ninguém se importa com isso. Disse Gabriel firme.
- Eu vou sim. Falou Lucca me abraçando. - Vamos comer ?
Fiz que sim com a cabeça, Lucca segurou em minha mão e Gabriel foi em nossa frente até sumir de vista.
- Acho que ele não gostou muito disso. Lucca falou rindo.
- Não ache graça agora, eu conheço o Gabriel, o ultimo riso sempre é dele. Digo rindo.
- Não tenho medo. Falou Lucca e então chegamos até a porta da casa.
- As pessoas vão ir embora depois do almoço? Pergunto abrindo a porta.
- Vão sim. Disse ele.
Confirmo e entramos na casa.

Por AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora