03. Maroz

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Lutsie Lancaster

Sábado, 12:53 Da tarde.

Fazem exatos vinte e sete minutos que eu e minhas amigas estamos escutando sermões e como devemos nos comportar no Internato.

Sim, eu, Paola e Lica conseguimos convencer nossos pais a deixarem nós irmos para o Internato Maroz, mas, junto com o 'sim' recebemos a quase meia-hora de sermões.

— Entenderam? Podem ir, mas com isso vão ter que seguir as regras, com reclamações, sem último ano do ensino médio juntas. — a dona Maiara, mãe da Paola, disse.

Com tanto tempo de amizade, os pais de todas nós já nos tratam como filhos, e o tratamento é exatamente igual para as três.

— Eu ainda não tenho certeza sobre isso, devemos confiar nelas? — a Adriana, mãe da Lica, falou.

— É um tiro no escuro, mas antes das medidas drásticas, vamos confiar nelas. — meu pai diz.

Todos eles concordam, e então vão para a cozinha da minha casa.

Eu, Lica e Paola nós entre-olhamos e sorrimos.

— Valeu a pena todo aquele sermão. — digo.

— Tô muito animada! - Paola diz. — Falei com meu primo que estudou lá, no primeiro ano, dois anos atrás, e os relatos dele foram incríveis.

— Estamos parecendo crianças animadas. — Lica proferiu, rindo. — Mas confesso que fiquei curiosa, o que seu primo disse?

— Bem, ele me contou sobre todos os eventos que acontecem o tempo todo lá, disse que têm três bailes todo ano. Disse que os professores são bons e que apesar do tempo integral, não é cansativo por conta dos intervalos, e as aulas ao ar livre. E o mais legal, tem tipo uma sala que foi meio que abandonada, e pode ser tipo nosso lugar se ninguém usar.

— Ele disse mais sobre isso? — perguntei a Paola que assentiu.

— Disse que era um escritório há muito tempo atrás, mas que ninguém mais usa, então... — ela balançou as sobrancelhas para nós.

— Bem interessante... Por que será que foi abandonado? — a Lica indagou e Paola ficou pensativa por alguns segundos.

— Talvez a pessoa que usava tenha sido demitida, não sei. — ela deu de ombros.

— Ou talvez a pessoa que usava morreu. — digo e ambas me olham aterrorizadas.

— Deus me defenderai, noiada. — Lica fez sinal de cruz com os dedos.

— Eu nunca nem imaginei da existência desse colégio interno, mas agora estou muito ansiosa, e muito curiosa. — Paola diz, demonstrando toda a sua animação.

Confeço que eu também estava bem ansiosa. Fazem dois meses que as aulas começaram oficialmente, o que me faz pensar o motivo das matrículas no Internato Maroz ainda estarem abertas, mas isso não é importante.

O fato das aulas já terem começado há dois meses, me faz acreditar que vá ser estranho a chegada no Internato. Já que dois meses depois, todo mundo já se conhece, e os grupos já foram formados, o que certamente vai dificultar a convivência lá.

Até porque, uma adolescente de cabelo vermelho, alta, com um estilo não muito apreciativo e tatuagens, uma baixinha irritada que bate boca até com o vento, e uma "gada" que pega até formiga. Não vão ser tão bem aceitas.

- Meu primo falou sobre um garoto de lá, ele disse que o garoto era muito popular, apesar de muito irritante, ele disse que não sabia bem o motivo do menino ser popular ao certo. — Paola diz. — Eu não tinha entendido bem o porque dele está me contando isso, mas ele apenas disse para a gente não mexer com o garoto, que ele poderia ou ser muito legal com a gente, ou... Um noiado, que percebe jovens garotas. Essa parte eu inventei, porque ele não terminou de contar.

— Não sei o que seu primo quis dizer com isso, mas eu já sei que não vou trocar se quer um olhar com esse cara. — eu declarei.

— Pois é. Ah! Meu primo disse que sentiu raiva dele por ele ter ficado com a garota que ele queria.

— Pegador, problemático, Popular... — resmungo.

— Que cenário de fanfic! Um babaca problemático e uma garotinha nervosa. Perfeito! — Lica diz batendo palminhas e eu acabo rindo.

— Espero que essa fanfic tenha final triste! — digo, Lica e Paola me olham.

— Lutsie, você tem que parar de ser sad. — Paola proferiu, me olhando. — Nós duas sabemos que você passa a madrugada lendo fanfics e criando cenários imaginários na cabeça.

Não era mentira, eu realmente sempre adorei romances que obviamente nunca aconteceriam na vida real. Os meus preferidos eram os 'Enimies To Lovers' eu adorava ver o casalzinho brigando o tempo todo, minha parte favorita.

Mas se acontecesse comigo eu provavelmente acabaria com o romance com uma briga, mano a mano.

Eu só não imaginava que Paola sabia que eu passava a madrugada me imaginando em uma dessas fanfics.

Talvez ela fosse uma stalker que implantou um leitor de mentes no meu quarto, eu ela só me conhece muito bem.

Meu pai nos chama para a cozinha, as duas garotas correm como loucas até lá.

Eu realmente preciso rever minhas amizades. Mentira, sou igualzinha a elas. Se eu entrar em outra bolha de amizade e capaz de eu cometer suicídio.

Caminho até a cozinha, entro e encontro todos sentados á mesa.

Me sento na cadeira entre minhas duas amigas, e então meu pai diz:

— Conversamos um pouco sobre a situação de vocês três. Chegamos a uma conclusão.

— Meninas, vocês dão junto trabalho juntas. Sabemos que... Bem, talvez não fosse uma boa ideia colocar as três em um internato que não fosse militar, ou religioso. - Maiara diz, eu e as duas garotas nos entre-olhamos e voltamos a prestar atenção. — Mas decidimos dar um voto de confiança.

Eu e as duas assentimos felizes.

— Não achem que só por que decidimos deixar, significa que não estamos decepcionados com vocês, o que vocês fizeram não será apagado, e qualquer deslize, a casinha de vocês cai. — Adriana diz.

— Nossa, tia, que fala psicopata. — Paola diz fazendo todos na mesa rir.

— Vendo a situação de vocês, eu percebo o quão certa eu sou. — Dalila disse.

— Certa só se for sua exquisofrenia. — eu proferi, olhando pra pequena capeta.

Continua...

• Autora

Babaca, pegador, popular... Tisc, tisc, tisc, isso não vai dar bom.

Babaca, pegador, popular... Tisc, tisc, tisc, isso não vai dar bom...

HAHAHHAHAHAH (risada maléfica)

"Odeio você, odeio sua existência e odeio ainda mais essa maldita atração que eu sinto por você."

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