𝑳𝒐𝒗𝒆 𝑭𝒐𝒓 𝒕𝒘𝒐 // 𝒔𝒆𝒎 𝒇𝒊𝒏𝒂𝒍 𝒇𝒆𝒍𝒊𝒛

capítulo 19

[REBECCA MILLER]

Eu acabei dormindo quando Will disse que ia ficar acordado, mas fui acordada com ele me balançando e desesperado.

— Rebecca, acorda agora, tem uma dúzia de zumbis lá fora! — foi o suficiente para me despertar rapidamente. Peguei minha pistola que estava em uma mesinha ao lado do sofá e coloquei em meu cinto. Me levantei e fui até a janela da sala, tinha mais de uma dúzia lá fora.

— merda, como eles chegaram aqui? — perguntei cobrindo a janela com a cortina.

— eu fui dar uma volta lá fora e me deparei com eles, me seguiram até aqui. — foi quando percebi que ele estava suado e ofegante.

— ótimo, nos levou até a morte. — digo pegando minha jaqueta na cadeira e indo até a cozinha, peguei minha mochila e dei a de Will para ele. — vamos embora pelos fundos, pegue suas coisas e vamos embora, agora e sem fazer nenhum barulho.

Fomos até o último quarto e saímos pela janela, sem fazer um mínimo barulho conseguimos sair e sem que nenhum zumbi nos siga. Eu não entendi o porquê de Will ter saído e trazido esses zumbis até a casa, não planejava sair de lá antes de saber para onde ir.

— já sabe pra onde vamos? — ele perguntou, eu dei de ombros sem fazer uma mínima ideia para onde ir.

— não temos nenhum lugar para ir, antes vamos sobreviver.

— e para onde você queria ir. — ele perguntou.

— um lugar, precisamos de um carro primeiro. — dei uma pausa. — mas não vamos ficar lá, não tem ninguém lá, mas quero dar uma passada. — falei e saí andando em sua frente. Fomos até a estrada para procurar um carro, não poderíamos ir a lugar algum sem um.
Andamos na margem na floresta, não totalmente na estrada para não correr o risco de encontrar alguém desprevenido.

— você sabe que eu já salvei sua vida, né? — ele disse tão calmo que parecia ter total certeza de que tinha sido o único.

— também salvei a sua, duas vezes. — digo olhando para trás pra ver se tinha alguém vindo. Ele soltou uma risada e olhou para o meu rosto enquanto olhava para ele bem atrás de mim.

— Te devo essa. — Will passou de mim e colocou sua arma na frente, suspirei e parei um instante para descansar, ele começou a andar bem mais na frente sem perceber que eu tinha parado, então gritei por ele. Will nem mesmo olhou para trás, então comecei a acompanhar novamente, mas não tava nem perto de alcançar ele, apenas lhe segui sem nenhuma vontade de chamar novamente, uma hora ele percebe.

Mais a frente ele olhou para trás e percebeu que estava mais ou menos a uns 6 metros a minha frente.

— ficou pra trás? — ele perguntou parando.

— percebeu agora? — perguntei revirando os olhos. — vamos parar um pouco. — então finalmente paramos para descansar.

Sentamos ali e comemos alguma coisa, precisava de energia para continuar andando. Tomei apenas um pouco de água para não acabar, então levantei e comecei a ir para dentro da floresta.

— pra onde vai?

— fazer xixi. — falei indo para trás de uma árvore, verifiquei para saber se ele não estava olhando e então abaixei minha roupa e me abaixei atrás da árvore mesmo.

No fim disso tudo apenas seguimos caminho em direção a Atlanta, eu precisava dar uma passada lá antes de tudo, precisava verificar algumas coisas antes de finalmente me desprender do meu passado.

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[MICHONNE]

Ninguém tinha me explicado direito o que aconteceu, apenas me deram uma carta e disseram que Rebecca tinha ido embora, eu tentei ir com eles atrás dela mas não me deixaram então fiquei aqui para cuidar de Carl e Judith.
Ainda não li a carta pois estive muito ocupada durante o dia, tive que explicar isso umas nove vezes para várias pessoas. Carl e Zac estão em choque com isso.

O que me deixou mais surpresa foi quando Alison ficou triste, mas aí percebi que ela tinha ficado triste pois Daryl tinha ido atrás dela. Eu quase quebrei a cara dela pois se tá acontecendo isso é por causa dela, tenho certeza que aconteceu alguma coisa pra Rebecca e Daryl terem se afastado, e eu tenho certeza que foi por causa dessa vadia.

— Judith, vem, vamos tomar um banho. — falei chamando a garota que estava brincando em frente a minha casa.

— cadê a mamãe? — ela perguntou vindo até mim, eu não sabia bem o que dizer a ela, não sabia se deveria contar mas acho que esconder só piora as coisas.

— A Rebecca teve que sair por uns dias. — tentei amenizar as coisas.

— e quando ela volta? — dei um longo suspiro, pois se eles não encontrarem ela, creio que nunca mais.

— eu não sei dizer, querida. Que tal perguntar para seu pai quando ele voltar? — perguntei pegando Judith no braço, ela concordou com a cabeça e então fomos para o banheiro e eu dei um banho nela. Já era tarde da noite, Judith já deveria estar na cama mas só tive tempo para ela agora. Tá uma correria por aqui, os zumbis estão começando a derrubar os muros, algumas pessoas tiveram que ir lá fora eliminar alguns deles mas um dos nossos acabou sendo mordido, por sorte foi no braço, tivemos que amputar.

Coloquei Judith pra dormir aqui no meu quarto comigo, a pequenina pegou no sono rápido demais estava exausta, assim como eu, porém não podia dormir agora, quero ler a carta primeiro.

Acendi o abajur ao lado da minha cama e tirei a carta da gaveta da mesa ao lado da minha cama. Quando abri me deparei com letras carregadas de mágoas.

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Oi Michonne, minha querida, Michonne.
Estou escrevendo essa carta com um aperto no coração, dentre as três essa é a que mais vai me doer pois estou deixando para trás a melhor pessoa que eu já conheci no meio desse mundo devastado de morte e tristeza, nunca achei que fosse encontrar uma alma gêmea nesse mundo, mas te encontrei, e você me provou que ainda existe pessoas boas. Não quero que fique triste por ter partido sem te avisar, mas se te avisasse você não me deixaria ir embora, e eu precisava disso, precisava mais do que tudo, não me encaixava mais aí e sentia minha vida de cabeça para baixo assim como me sentia em grupos anteriores, então eu aprendi a me consertar e me encontrar sozinha por aí, eu preciso me encontrar pra poder voltar pra vocês. Eu não garanto voltar, mas se um dia a saudade apertar, eu sei exatamente como voltar pra vocês pois vou sentir muita falta de quem eu fui aí, de quem vocês me criaram. É uma pena deixar tudo isso pra trás, agora somos apenas boas memórias uma para outra, mas não deixe que essas memórias te destruam, pense em nós duas de uma forma boa, de uma forma que você vai lembrar e se perguntar se essa maluca aqui ainda está viva, e eu vou está. Vocês não se livraram de mim assim tão fácil, um dia eu ainda vou voltar, e eu espero que vocês ainda me recebam de braços abertos.

Com amor, Rebecca.

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Eu não sei como isso me fez chorar tão rápido, meu rosto estava molhado em lágrimas, suas palavras estavam cheias de tristeza e de uma forma que me fez pensar em tudo que a gente viveu. Rebecca foi embora e eu nunca revelei o que sentia por ela, nunca disse que sempre a amei e não apenas como amiga, sinto como se ela fosse alguém que eu não pudesse ter, e eu queria poder ter ido com ela, talvez tivesse coragem de contar como me sentia em relação a ela.