𝑳𝒐𝒗𝒆 𝑭𝒐𝒓 𝒕𝒘𝒐 // 𝒔𝒆𝒎 𝒇𝒊𝒏𝒂𝒍 𝒇𝒆𝒍𝒊𝒛

capítulo 25

Duas semanas depois

Já andamos a dias, eu não aguento mais não ter para onde ir. Já enfrentamos muitas coisas, já fugimos de ondas de zumbis, quase fomos mordidos algumas vezes durante as noites que parávamos para dormir, tivemos que parar e ficar esperando a chuva passar debaixo de raios, trovões e ventos fortes. Estamos ficando sem mantimentos, temos comida para pelo menos dois dias, e apenas duas garrafas de água.

Já tinha anoitecendo há cerca de duas horas, a gente andava pelas estradas quando falei que precisava descansar e então entramos na floresta. Fizemos uma fogueira baixa e começamos a comer, eu estava faminta.

— na boa, precisamos decidir o que fazer das nossas vidas. — Will falou enquanto comia algumas barrinhas de cereais. Olhei para ele e em seguida abaixei novamente a cabeça, tem um tempo que não falamos direito um com o outro.

— não tem o que fazer a não ser seguir andando e sobrevivendo. — digo abrindo uma garrafa de água e dando um gole.

— precisamos achar alguma coisa, sei lá, estamos ficando sem água.

— você acha que eu não sei disso, porra? — perguntei jogando a garrafa vazia na fogueira e me levantando com raiva. Fui para dentro da floresta apenas com uma pistola carregada e nenhuma lanterna ou fonte de luz. — que ódio. — sussurrei me encostando em uma árvore já afastada de Will.

Suspirei e por raiva acabei dando um murro no tronco da árvore. Eu estava com a cabeça a mil por horas, precisava de um descanso. Estou me arrependendo de ter vindo, eu queria tá em Alexandria agora.
Comecei a entrar um pouco mais dentro da floresta seguindo minha intuição. Andei alguns passos reto até escutar barulhos de galho quebrando, eu tirei a pistola do cinto e segurei ela para baixo, parei onde eu estava e olhei para trás, não conseguindo mais ver a fogueira que tínhamos feito.

— droga. — sussurrei e em seguida dei meia volta e comecei a fazer meu caminho. Eu estava toda cautelosa até o momento em que comecei a escutar passos mais próximos, era de zumbi.

Não posso chamar por Will pois vai trazer a coisa até mim, mas não posso ficar perdida. Apressei meus passos e comecei a andar mais rápido do que o normal, sempre olhando para trás e para os lados.
Antes que eu desse outro passo, senti uma lâmina cravando meu pé esquerdo. Eu dei um grito alto e acabei caindo no chão longe da minha pistola. Eu sentia uma dor fina no meu tornozelo, aquilo estava entrando a cada movimento que eu dava. Eu não aguentei, eu estava sentindo minha carne sendo rasgada, e eu gritava toda vez que aquilo entrava lentamente dentro do meu tornozelo.

— Will!!! — gritei tentando puxar meu pé, mas aquilo só piorava, eu dava um grito toda vez que tentava alcançar o meu pé. Eu escutei os barulhos que o zumbi fazia, eu estava apavorada então comecei a procurar minha pistola, eu não enxergava nada.
O zumbi apareceu atrás das árvores. Meu coração acelerou, quis sair do meu peito, eu estava ofegante demais e comecei a entrar em desespero.

— não não não. — falei quando vi ele se aproximando. Eu não sabia o que fazer, preciso pensar, preciso da minha pistola, preciso do Will.

Quando o zumbi chegou perto de mim, ele caiu sobre meu corpo, eu segurei ele pelo ombro afastado do meu rosto. Ele estava com o cheiro de podre muito forte. Era mais forte do que eu com certeza. Eu estava lutando contra aquele saco de ossos, eu precisava lutar. "Lembre, você é quem comanda" as palavras de Rick vieram à minha mente. Eu parei e olhei firme para o zumbi enquanto meu pé formigava.

— sai daqui seu podre. — falei fazendo força para tirar ele de cima de mim. Ele caiu de costas no chão. Mesmo com meu pé impossibilitado e doendo muito, eu me sentei no chão, peguei uma pedra grande que tinha próximo a minha cabeça e levantei bem em cima. Abaixei com o impulso acertando seu crânio que não quebrou na primeira pedrada, mas espirrou muito sangue. Quando eu dei a segunda já foi o suficiente para ele parar de se mexer. Eu continuei acertando sua cabeça, uma, duas, três... dez vezes. Eu estava com adrenalina em meu sangue, não sentia mais a dor em meu pé até o momento em que me deitei ao lado do corpo morto.
Comecei a chorar com aquilo, eu não sentia mais meu pé, eu estava cansada de lutar, eu preciso de um descanso.