capítulo 21

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[REBECCA MILLER]

Encontramos um carro no meio da estrada, com gasolina no carro e mais um galão na mala do carro, demos sorte por isso. Mas decidimos seguir só na manhã seguinte, já estava de noite e chovendo, então decidimos ficar ali mesmo. Cobrimos as janelas do carro com alguns panos pois estava chovendo e molhando dentro do carro pelas brechas, decidimos passar a noite ali mesmo. Nós dois estávamos no banco de trás acabando com as barrinhas de cereais que não sustentavam de nada. Calados até o momento. Aquele carro era até que espaçoso.

— não vai me dizer mesmo para onde está nos levando? — ele perguntou acabando com a sua terceira barrinha.

— Atlanta, estamos indo para Atlanta. — respondi respirando fundo. — preciso passar na minha antiga casa antes de seguir em frente.

— eu já te contei tudo sobre o meu passado, mas você nunca me contou nada do seu. — Will falou ajeitando sua postura. O olhei séria sem ter muito o que contar do meu passado. Que dizer, não ligo de falar do meu passado a menos que toquem no assunto do meu filho.

— Não gosto de falar do meu passado com ninguém.

— preciso saber sobre a maluca com quem estou fugindo. — ele disse. Suspirei e me ajeitei na cadeira

— bom, eu já namorei com um cara agressivo que me batia praticamente todos os dias, ele me traiu e eu descobri. Troquei ele por um outro cara, passei meses com o desgraçado e descobri que ele era casado depois de muito tempo juntos. — falei e em seguida dei um gole na garrafa de água.

— Uau, deve ter sido horrível sair de um trauma e já entrar em outro.

— e foi. Depois do apocalipse ainda encontrei ele, passei por uma série de abusos e sobrevivi a todos eles, nada mais me abala. — falei aquilo com um aperto no coração pois ninguém sabia além de Rick e Daryl, agora eu estou contando isso abertamente para ele. — quer saber mais alguma coisa?

— e seus pais? — ele perguntou me olhando fixamente.

— eu não fui desejada, logo, meus pais me odiavam, queriam que eu morresse mas não podiam me matar. — olhei para minhas mãos que ficava girando de um lado para o outro a tampa na garrafa. — meu pai me batia muito, todos os dias praticamente. Eu me culpava todos os dias por ter nascido, mas nunca tentei algo contra minha vida, embora tivesse muita vontade.

— você é carregada de traumas. — ele afirmou, então levantei a cabeça e confirmei com a cabeça.

— eu só precisava ser um pouco amada por eles, protegida, sabe? Eles nunca nem se quer foram nas festas que tinham na minha escola, eu era a única da minha turma que os pais não ia para a apresentação de dia dos pais.

— meus pais nunca foram presentes na minha vida também, então fugi de casa cedo, com 15 anos.

— eu já tentei fugir de casa, mas não deu certo. — sorri lembrando de como eu fui idiota naquele dia. — por que você fugiu de casa?

— eu não literalmente fugi, minha mãe me expulsou de casa por causa do meu padrasto, ele me odiava e ela era obcecada por ele, então me expulsou de casa.

— e o seu pai? — perguntei.

— morreu antes mesmo de eu nascer, só via fotos dele, não lembro tanto dele assim, foto não é a mesma coisa de pessoalmente. — concordei com a cabeça e sorri para o mesmo.

— Somos um pouco parecidos. — falei.

— eu só nunca errei no amor 3 vezes. — ele brincou, por mais que seja triste esse fato eu acabei rindo também.

— vai me dizer que nunca quebrou a cara?

— eu nunca sequer namorei. — o olhei espantada, é sério que ele nunca namorou?

— você nunca namorou? — perguntei.

— nunca, nunca achei ninguém que conseguisse me entender. — ele disse e então tive que concordar com isso.

— mas nunca se apaixonou por uma pessoa? — perguntei encarando fixamente seus olhos, mas vi que nesse momento ele desviou para a minha boca.

— acho que apenas uma vez. — sorri levemente e então abaixei a cabeça.

— Faz muito tempo?

— não, foi bem recente. — ele comentou desviando seus olhos também. — mas não importa muito, como eu falei, ninguém é bom o bastante para mim.

Mais uma vez eu ri, uma risada sincera por ele ter acabado de falar que já se apaixonou mas ninguém é bom o bastante para ele.

— é engraçado essa sua contradição. — Encarei o banco do carona que estava a minha frente e então ficamos em silêncio escutando os pingos de chuva caindo em cima do teto do carro.

— Você quer dormir? Posso ficar acordada por um tempo. — falei suspirando mais uma vez e colocando os pés em cima do banco.

— Te faço companhia.

— Já conversamos sobre tudo enquanto você estava preso em Alexandria, acho que nem temos mais assunto. — digo pegando uma coberta que tinha no chão do carro e colocando sob minhas pernas.

— me conta mais sobre a faculdade que você queria fazer.

— Bom, eu queria fazer psicologia, mas sempre fui apaixonada por biologia. — ele me olhou admirado e então voltou a olhar para frente.

— olha lá um zumbi. — ele falou apontando para um morto que vinha na direção no carro.

— Vai sair do carro para matá-lo?

— não não, ele não vai perceber a gente aqui. — concordei com a cabeça enquanto me aconchegava no banco. Ficamos em silêncio total esperando o zumbi passar, mas mesmo depois de ter passado continuamos em silêncio, não quero continuar contando sobre a minha vida pois sei que uma hora vou acabar contando sobre o meu filho. Mesmo depois de anos isso é uma história que me machuca muito, eu perdi o meu maior bem, meu filho, o único que eu consegui ter. Não conseguia engravidar mas ele chegou e mostrou que nada seria impossível, depois dele eu nunca mais consegui ter outro, mesmo transando sem proteção com Rick e Daryl, nunca engravidei de nenhum deles. Acho que mesmo nesse mundo eu iria querer ter um filho com eles, queria ver como eles reagiriam a isso.
Mas isso é uma coisa impossível de acontecer, principalmente agora.

𝑳𝒐𝒗𝒆 𝑭𝒐𝒓 𝒕𝒘𝒐 // 𝒔𝒆𝒎 𝒇𝒊𝒏𝒂𝒍 𝒇𝒆𝒍𝒊𝒛Onde histórias criam vida. Descubra agora