𝑳𝒐𝒗𝒆 𝑭𝒐𝒓 𝒕𝒘𝒐 // 𝒔𝒆𝒎 𝒇𝒊𝒏𝒂𝒍 𝒇𝒆𝒍𝒊𝒛

capítulo 20

[RICK GRIMES]

Levamos literalmente um dia todo e não encontramos nenhum carro, estávamos com fome e sede, então entramos na floresta e paramos para comer. Já estava novamente de noite, não brincamos quando dizemos que foi um dia todo e nada de achar um carro. É estranho não falar nada com Daryl, a gente ainda se estranha, principalmente agora, Rebecca deixou claro que temos parte da culpa nisso, então me culpo e culpo ele.

— toma. — falei pegando uma garrafa de água dentro da mochila e dando pra Daryl que tinha se engasgado.
Ele pegou a garrafa e deu um gole grande, mas apenas isso.  Devolveu a garrafa e então guardei de volta na mochila e
Voltei a comer o enlatado de vegetais. Suspirei com aquele silêncio todo e finalmente Daryl quebrou o silêncio.

— vai chover, precisamos de um lugar, ou você prefere continuar? — ele perguntou terminando de comer o esquilo que tinha encontrado.

— vamos continuar, acho que não vamos encontrar nenhum lugar, é bem difícil. — falei olhando para Daryl.

— vai cair um temporal, precisamos encontrar. — ele disse levantando e pegando sua besta. — fica aqui, volto já já, me espere.

Ele sumiu dentro da floresta, apenas via a luz da lanterna se afastando e sumindo atrás das árvores, então fiquei ali sozinho naquele silêncio absurdo, não sei se devo ir atrás dele ou ficar aqui, mas vou ficar por aqui.

•••✿•••

Mais ou menos trinta minutos depois ele voltou, pegou sua mochila e guardou as coisas que estavam fora dela.

— achei um lugar, vamos pra lá. — levantei e coloquei a minha mochila nas costas. Saí andando atrás dele até que começou a chuviscar, e em seguida os pingos foram aumentando cada vez mais até começar a criar poças no chão, achamos melhor não correr pois estava escorregadio.

— falta muito! — gritei para que ele escutasse no meio da ventania.

— não, estamos quase chegando! — Daryl retribuiu o grito. Depois de uns cinco minutos andando encontramos a casa, era pequena e acabada. Tinha alguns zumbis mortos no chão  então passamos por cima deles e tentamos entrar pela porta, mas ela estava bloqueada por alguma coisa pelo lado de dentro.

— Vamos tentar entrar por trás! — ele disse dando a volta pela casa, até que encontramos uma janela aberta, ele entrou primeiro e eu fui logo atrás dele. Fechei a janela e senti a água escorrendo pelo meu corpo até o chão, olhei ao redor daquele quarto todo em um tom rosa bebê, com prateleiras na parede cheias de bonecas.

Daryl já não estava mais ali, então comecei a procurá-lo pela casa e encontrei ele na cozinha procurando coisas no armário, mas não tinha nada além de barras de cereais, apenas três, acho que fizeram uma limpa aqui.
Fui até o banheiro no fim do corredor e entrei nele, o chão estava molhado, parecia ter sido usado recentemente.

— Daryl! — o chamei, e logo ele apareceu aqui. — Alguém esteve aqui faz pouco tempo.

— Deve ter sido água da chuva, a janela tá aberta. — ele falou, então vi que a janela realmente estava aberta e pingando água aqui dentro. Abri o chuveiro enquanto ele voltava para a cozinha e me deparei com água, muito fria por sinal. Desliguei o chuveiro e voltei até a cozinha, vi Daryl olhando alguns enlatados dentro da nossa mochila, e no momento em que me percebeu ali, ficou com vergonha.

— tinha gente ficando aqui. — Daryl comentou fechando as nossas mochilas. Ele passou por mim e foi até a sala colocando as duas no chão perto do sofá.

— como sabe? — perguntei indo atrás dele. Quando cheguei na sala vi um lençol forrado no chão e outro em cima do sofá.

— duas pessoas, pode ter sido ela e o filho da mãe do Will. — ele disse indo até a janela verificar lá fora. Fui até o sofá e peguei o lençol com as minhas mãos, aproximei do meu corpo imaginando Rebecca enrolada com ele. Eu sinto tanta falta dela, se eu soubesse que ia perder ela, não teria dormido.

Daryl começou a tirar aquela roupa molhada, ele tirou até mesmo a calça ficando apenas de cueca.

— é sério? — perguntei olhando com minhas sobrancelhas arqueadas.

— estão molhadas, não vou ficar com roupas molhadas. — ele disse colocando elas estiradas em cima de uma cadeira. — se fosse você, faria o mesmo. Previna um resfriado.

— Não vou tirar minha roupa na sua frente. — falei soltando uma risada, então Daryl me olhou e se aproximou de mim.

— já vi tudo que tem aí embaixo, lembro de cada parte do seu corpo, não é segredo pra mim. — tive que concordar com seu argumento, e além de tudo, tava morrendo de frio. Comecei a tirar minha roupa e também coloquei estirada em cima de outra cadeira. Daryl se deitou no lençol forrado no chão e pegou outro colocando por cima da sua região íntima.

— nada do que eu não tenha visto. — brinquei com a situação, pois eu estava com vergonha de vê-lo sem roupa e tava com vergonha de está sem roupas na frente dele, sendo que há alguns meses ele estava dormindo pelado ao meu lado.

— Vamos tentar dormir um pouco, sairemos amanhã bem cedo, não quero perder tempo. — falei deitando no sofá de barriga para cima.

— Rick, você sabe que temos culpa nisso né?

— claro que sei, está escrito na carta que ela deixou. — suspirei frustrado com tudo aquilo, eu achei que estava tudo tão bem naquela noite, e quando acordo ela tem ido embora. — a gente errou muito com ela.

— eu vacilei quando contei a ela sobre Alison. — olhei para Daryl que encarava o teto com raiva, eu tenho certeza que se ele pudesse descontar com certeza seria em mim,mas não vai fazer isso.

— para onde será que ela vai? — perguntei mas  ficamos calados por uns minutos, a casa ficou em um silêncio absurdo que chegava a doer a cabeça.

— conheço bem Rebecca, há algum tempo ela estava comentando sobre a sua antiga casa, acho que ela pode ter ido até lá. — Daryl quebrou o silêncio.

— eu não faço a mínima ideia de onde ela morava antes disso tudo. — falei achando a tentativa inútil.

— Atlanta, ela morava em Atlanta.

— e a casa? Muito bem, a gente chega em Atlanta, mas e a casa? — perguntei. Tá, ela pode ir até Atlanta e até a sua antiga casa, mas como vamos encontrar a sua casa?

— Vamos até Atlanta, ela me falou mais ou menos sobre onde morava. A cidade não é tão grande, e você morava lá. — Olhei para ele mais uma vez e então acabei concordando.

— lembrei de uma vez que ela comentou comigo também sobre onde morava, estávamos falando sobre isso já que morávamos na mesma cidade, lembro mais ou menos. — estava me lembrando aos poucos, ela me disse sobre uma sorveteria que tinha em sua rua que ela amava tomar os sorvetes de lá, eu lembro do nome "italian ice cream", ela amava pois tinha o sabor favorito dela.

— ótimo, juntamos tudo que temos e encontramos Rebecca, mas precisamos ser rápidos, podemos chegar lá e não encontrar mais ela.

— vamos fazer isso. — minha frase foi a última, não falamos mais nada depois disso.

Achei que Daryl estava dormindo pois chamei ele algumas vezes mas ele não me respondeu, então saí do sofá e me deitei ao seu lado, estava com saudade disso. Deitei de lado e fiquei olhando em seu rosto até Daryl mover a sua mão até a minha que estava entre nós dois, sorri aliviado pois ele sabia que eu estava ali mas mesmo assim não me mandou sair. Foi assim que consegui dormir, acho que depois de dias estamos começando a nos entender