05.

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-CHAMEM A POLÍCIA. -Alicia gritava enquanto a gente tentava colocar ela dentro do carro, eu estava com tanta raiva naquele momento que eu poderia perder meu réu primário naquele momento. -É SEQUESTRO.

-Garota, entra nessa porra. -Aleandro já havia perdendo toda a paciência que restava, ele tentava segurar as pernas dela enquanto eu segurava os braços.

-Vocês tem certeza que não querem ajuda? -Fabinho perguntava pela quinta vez.

-Não... -Digo finalmente conseguindo que ela entrasse pelo menos a metade do corpo no carro. -Isso é mais comum do que vocês imaginam.

Ela entra, Aleandro fecha o cinco ao redor dela e fecha a porta do carro, ainda da pra ouvir Alicia falar, mas ignoramos, viro para ver onde os dois estavam, e vejo eles parados não tão longe do carro, estávamos em uma garagem particular da boate, e haviam poucos carros ali, que bom que ninguém viu essa cena, mas bem preocupante, porque se fosse sequestro de verdade...

-Então... -Fabinho é o primeiro a falar, o Jogador estava ao seu lado com os braços cruzados, sem muita expressão. -Vamos?

Ele segue e entra no banco do motorista, Alê entra atrás e assim que fecha a porta vejo que Gabriel ainda está parado no mesmo lugar, tento me mover mas é extremamente falho, ele me encara e ameaça se mover, acho que é um sinal pra eu me mover também.

-Você tá bem? -Ouço ele perguntar assim que dou o primeiro passo. -Digo, sobre o acidente.

-Eu tô. -Digo olhando pra ele, que estava mais próximo desta vez.

-Eles não sabiam que você me conhecia. -Observo suas mãos tocarem na sua barba.

-Tecnicamente eu não conheço. -Digo observando movimento dele. -Você quase me atropelou e a gente se encontrou por acaso aqui.

-Já temos história pra contar. -Ele apenas passa por mim e entra no lado do passageiro, eu não havia percebido o quanto eu tinha ficado nervosa, solto a respiração que eu nem sabia que estava prendendo e me viro para entrar no carro, Fabinho me olha por um segundo e depois se vira e começa a dirigir para fora dali.

As ruas estavam calmas, o clima estava frio e eu sentia o vento bater no meu rosto, as janelas estavam abertas fazendo meu cabelo voar, fechava meus olhos em alguns momentos e as vezes olhava Alicia dormir encostada no ombro de Aleandro que observava cada rua que se passava.

Olho para frente e vejo Gabriel me observar pelo retrovisor, era fascinante a forma como seus olhos podiam dizer tanto mesmo ele não falando nada, eu não o conhecia o suficiente para entender o que ele queria expressar, se é que ele realmente queria expressar algo, mas algo em mim queria muito entender o que se passava na mente dele, ele parecia estar sempre querendo dizer algo, eu via ele diferente agora, não era como se ele fosse realmente um estranho como eu tinha posto em palavras, ali, naquele momento, naquele reflexo no retrovisor, ele era apenas Gabriel, e eu simpatizava com aquele Gabriel.

-Cammie. -Ouço um sussuro e viro prestando atenção em Fabinho que olhava pra estrada. -É nesta rua não?

-Na verdade é sim... -Alê responde por mim e virou quase seu corpo todo para se aproximar de mim por cima de Alicia. -Como ele sabe que é nesta rua?

-Mas cedo a gente troux...

-Eu disse que era próximo a praia. -Interrompo a fala de Fabinho, Alê já desconfiava que eu havia mentido, agora mesmo ele sabendo que eu era "amiga" deles, não queria que ele realmente soubesse que eu menti, tenho que sustentar minha mentira.

-Sei. -Ele diz apenas, se ajeitando no banco como antes.

Eu passo dessa vez a ensinar o caminho a Fabinho que olhava todo desconfiado pra mim, evito contato visual com Gabriel, mas eu tinha suspeitas que ele estava quase dormindo no banco da frente. Assim que vejo a faixada da Pousada, digo a Fabinho que estaciona na frente. Reviro os olhos ao ver o jogo de luz que escapa das janelas e portas.

𝑶 𝒊𝒎𝒑𝒐𝒔𝒔𝒊́𝒗𝒆𝒍 - GabigolOnde histórias criam vida. Descubra agora