11.

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Eu devia ter dado uma explicação melhor ao meu irmão e minha amiga, mas nem deu tempo, quando vi já estava entrando em um carro, imagino que Fabinho deva ter falado com eles, já que Alicia apenas disse para eu me cuidar, deve está triste demais para fazer qualquer piada. A ultima vez que vi Gabriel, foi no vestiário, ele apenas disse que teria que ir no ônibus mas que me encontraria no restaurante, aparentemente ele estava atrasado, já estava sentada aqui à uns vinte minutos e nem sinal do jogador. 

-A Srta. deseja pedir algo agora? -Era a terceira vez que este mesmo garçom vinha até a mesa em que eu estava, eu já tinha pedido três copos de água da casa, eu não ia gastar dinheiro aqui, nem tinha. Solto uma risada sozinha e ele me olha confuso, fecho logo a cara e rezo para o atacante aparecer, apenas nego com a cabeça e ele dá um sorriso amargo.

Eu olhava no relógio dez vezes seguidas e os minutos só se passavam, resolvo então ir embora, eu só precisava que aquele garçom se virasse, se ele me cobrasse por essa água eu estaria ferrada.

-Desculpe a demora! -Me assusto e logo olho e finalmente, era ele.

-Meu Deus! -Digo pondo minha mão no peito. -Estava pronta para ir embora.

-O treinador demorou mais que o normal, sinto muito mesmo. -Ele diz e já chama o garçom que vem andando com um sorriso de orelha a orelha.

-O que vão pedir? -Ele diz assim que Gabriel toca no cardápio, eu estava me sentindo uma tremenda analfabeta naquele lugar, que diabos estava escrito nesses cardápios, não é possível que um ser humano saiba exatamente o que é cada um.

-Eu vou querer uma massa simples com molho vermelho. -Nossa, que simples. Eu estava pronta para pedir o mesmo quando sou interrompida pelo homem à minha frente. -Gosta de camarão?

-Gosto. -Respondo, mas eu nem queria camarão...

-Um linguine com Gamberi. -Se eu não gostasse, iria tacar na cara dele. 

-Vão beber algo? -Ele pergunta e Gabriel me olha, não atacante, não me pergunte, não sei nem pronunciar esses nomes. Aparentemente ele entendeu e apenas sorrio.

-Um Pericó, pode ser o rosé taipa. -Logo o garçom some e Gabriel me encara, reviro os olhos e largo o cardápio por ali mesmo.

-Quando eu disse massas, estava falando de pizza. -Digo e ele rir.

-Eu imaginei. -Responde arrumando seu cabelo que estava jogado para trás, aquilo deixava ele tão... -Então, qual curso você faz?

-Não, eu faço as perguntas aqui. - Digo colocando meus cotovelos na mesa, observo ele levantar as mãos como rendição. -Como, em que planeta a esposa do Everton Ribeiro me conhece?

-Ela não conhece você. -Diz enquanto mexe em um pano que estava na mesa. -Ela apenas sabia seu nome, acabei comentando sobre a bolada.

-Você falou desse desastre no meu rosto pra mulher mais linda que eu já vi na vida. -Digo suspirando, ele solta uma risada e se encosta na cadeira. -E por que o Fabinho acha que estamos juntos?

-Não devia ligar pro que o Fabinho acha! -Diz olhando para mim, ele ainda mexia no pano, parecia nervoso, mas devia ser coisa da minha cabeça.

Ficamos um tempo sem falar nada, eu nem sabia o que dizer, eu tinha tantas perguntas mas justo aquele momento, não parecia certo, e alguma coisa nele me fazia saber todas as respostas, e finalmente, acredito ser a primeira vez em que eu não ficava extremamente nervosa na presença dele.

-Letras. -Digo e ele me olha.

-Como?

-Perguntou que curso eu fazia, letras. -Repito.

𝑶 𝒊𝒎𝒑𝒐𝒔𝒔𝒊́𝒗𝒆𝒍 - GabigolOnde histórias criam vida. Descubra agora