24.

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Abro meus olhos assustada e me levanto rápido dando de cara com Gabriel se abaixando na cozinha pegando um copo que tinha deixado cair, ele estava com a cara amassada e parecia irritado. Eu tinha dormido no sofá, já que ele tinha ocupado toda a minha cama, meu pescoço doía, mas eu tinha dormido provavelmente melhor do que ele.

-Desculpa, escorregou da minha mão! -Diz colocando o copo de volta em cima da mesa sem olhar pra mim.

-Você dormiu bem? -Pergunto enquanto pego minha manta para dobrar.

-Sua cama é confortável! -Diz virando de costa e abrindo a geladeira.

-Veio com a casa! -Digo tentando amenizar o clima, ele não me olha e nem diz nada, me aproximo sentando na mesa cruzando os braços. Ele tira uma garrafa de água e se serve, ainda sem me olhar. -Se lembra de algo? 

-Sobre? -Respiro fundo e apoio meu cotovelo na mesa.

-Não sei... talvez o jantar com seus amigos, que por acaso aconteceu ontem! -Digo e ele finalmente me olha, não por muito tempo pois se vira guardando a garrafa. 

-Estou com dor de cabeça! -Diz pegando seu copo. -Tem algum remédio?

Me levanto e caminho até uma gaveta pegando um analgésico, jogo na mesa e vejo ele apenas pegar e tomar, reviro meus olhos e cruzo os braços.

-Me desculpa Esperanza, eu esqueci ou sei lá, só não quis vir mesmo!  -Faço uma voz mais fina e ele me encara, finalmente eu podia olhá-lo nos olhos. -Só diz alguma coisa!

-Tenho certeza que você se saiu bem! -Diz.

-Onde você estava? -Pergunto e ele quebra nosso contato visual.

-Eu não estava bem, não iria me querer aqui! -Ele se senta do outro lado da mesa.

-Eu queria que confiasse que talvez eu pudesse te ajudar aqui, e não uma garrafa de bebida. -Digo e me sento de frente para ele. 

-Esperanza, era apenas um jantar! -Diz mexendo no copo. -Vejo eles todos os dias, qual a importância? 

-Era importante pra mim! -Digo quase sussurrando, aquilo realmente tinha me machucado, não posso explicar como, mas tinha.

-Marcamos outro, você não precisa ficar assim! -Ele tenta tocar minha mão, mas me distancio. 

-Onde você estava? -Pergunto novamente e ele olha pra cima cruzando os braços. 

-Esperanza... 

-Onde estava? -Insisto lhe encarando.

-Era uma festa, me chamaram e eu fui apenas por alguns minutos! -Diz.

-Por que não me mandou mensagem? -Pergunto tentando manter minha postura, eu estava tão irritada que havia esquecido completamente que talvez ele só não estava bem de verdade.

-Meu Deus Esperanza, não sei... eu esqueci? -Diz e se levanta, percebo sua irritação, mas a minha com certeza era maior. 

-Você não está dando a mínima! -Digo e ele se vira irritado.

-Por que eu daria, pra quê tenho que dar tantas explicações? -Aquilo com certeza tinha me tirado toda a paciência que me restava.

-Porque eu acho que mereço alguma explicação! -Tento não gritar mas com certeza minha voz estava mais alterada.

-Você não é a MALDITA DA MINHA ESPOSA! 

Limite.

Olho para ele em silencio, eu não iria chorar, não na frente dele. Respiro fundo e me levanto, não quebro contato visual, mesmo querendo desmoronar, eu iria me manter forte.

𝑶 𝒊𝒎𝒑𝒐𝒔𝒔𝒊́𝒗𝒆𝒍 - GabigolOnde histórias criam vida. Descubra agora