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Minha cabeça doía, provavelmente eu não tinha tido uma boa noite de sono, derramei algumas lagrimas antes de dormir, que tinha secado meu corpo, eu estava um caco total. Levanto da cama indo direto pro banheiro. Me encaro por alguns instantes na frente do espelho, eu estava com olheira enormes, demorei horas pra dormir, minha cabeça estava lotada de pensamentos, sempre que fechava os olhos, lembrava de todas as palavras do doutor, e imaginava com seria minha vida a partir de agora.

A casa estava silenciosa, não ouvia a voz de ninguém, creio que não tinha ninguém, estava vazia. Me sento no sofá, puxo um cobertor pra cima de mim e encaro meu celular em cima da pequena mesa. Já que eu não sabia respostas pras muitas perguntas que eu fazia na minha cabeça, eu tinha que ao menos saber como iria contar isso para Gabriel, mas com certeza essa não era minha prioridade, a ficha precisava cair primeiro pra mim.

-Filha? -Me assusto com Ethan entrando na sala, lhe encaro enquanto ele caminha até a cozinha. -Pensei que tinha saído com os outros!

-Não sabia que eles tinham saído! -Digo dando de ombros.

-Pois é, Alicia disse que tinha algumas coisa para resolver sobre o trabalho e Aleandro foi lhe acompanhar. -Diz e eu entendo a casa estar tão silenciosa.

-Entendi! -Digo soltando um suspiro.

-Você não parece bem, aconteceu algo? -Pergunta. Enquanto lhe encaro a procura de como lhe responder, penso seriamente em desabafar com a única pessoa que talvez não me julgaria, mas não sei bem o que iria dizer, Ethan era bom de conselhos.

-Aconteceu... -Digo e respiro fundo. -Mamãe não está aqui!

-A saudade dói muito filha, mas é ela que eterniza pra sempre sua mãe! -Diz e eu tento abrir um leve sorriso, mas um nó se forma na minha garganta e sinto que iria chorar, mas não tinha mais lagrimas pra sair dos meus olhos. -Acho que aconteceu algo a mais, sabe que estou aqui né!

-Pai! -Suplico e olho pra baixo, vejo ele quase correr na minha direção e se ajoelhar devagar na minha frente me puxando pra um abraço.

-O que houve minha querida? -Sussurra e eu me afasto já com lagrimas que surgiram descendo pelo meu rosto.

-Aconteceu algo que eu não planejei, algo que mal chegou e já mudou tudo, tudo! -Digo olhando pra baixo, ele se senta ao meu lado e levanta minha cabeça com as mãos.

-Me conte, vou tentar lhe ajudar como puder! -Diz e minha cabeça lateja, respiro fundo e me preparo para contar tudo que estava engasgado.

-Pai, eu... -procuro as melhores palavras, mas parecia que não existia mais nenhuma palavra a não ser -Estou gravida! 

Digo talvez rápido demais, ele com certeza se assusta, quer dizer, quem não se assustaria. Baixo minha cabeça envergonhada e ouço ele suspirar. Fecho meus olhos e deixo as lagrimas saírem.

-Não sei como aconteceu... eu me cuidava, eu acho... não sei pai, não sei! -Digo rápido e ele segura firme minha mão.

-Você sabe exatamente como aconteceu Esperanza! -Diz e eu lhe encaro. -Bebês acontecem com quem tem vida sexual minha filha, você não pode entrar em desespero com algo que desde o início sabia ser completamente possível! 

-Mas eu não planejei! -Digo firme enxugando minhas lagrimas.

-A vida nos prega cada peça! -Diz sorrindo, franzo minha sobrancelha. -Você foi uma peça que a vida nos pregou, e mesmo em desespero, com medo, você nasceu!

-Não sei se sei fazer isso! -Digo baixo.

-Ninguém nasce sabendo de tudo, e ninguém está pronto pra ser pai e mãe, nos tornamos no acaso. -Ele coloca uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha. -E agora princesa, não é questão de estar ou não pronta, você é mãe!

𝑶 𝒊𝒎𝒑𝒐𝒔𝒔𝒊́𝒗𝒆𝒍 - GabigolOnde histórias criam vida. Descubra agora