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A vida sempre nos pregava alguma peça, e de algumas eu dava altas risadas, já de outras, derramava grossas lágrimas. Certa vez, conheci um rapaz simpático na fila do cinema, foi uma única conversa, nunca mais o vi, mas garanto que ele foi uma boa peça que a vida me pregou, talvez eu não me lembre seu nome, nem seu rosto ou algo especifico que me faça reconhece-lo, mas apenas uma coisa me marcou naquele rapaz, uma de suas falas, entramos em um assunto profundo e ele fez questão de marcar aquela conversa com uma profunda observação ''Desejo que meu amor, ou futuro amor, se enxergue da maneira que ela é, e que quando eu conhecê-la, eu possa voltar pra casa, sentar na mesa e dizer aos meus pais 'Que pessoa foda, eu tive a sorte de encontrá-la' porque sim, ela vai ser foda pra caramba''. Hoje eu posso sentar na mesa e dizer ao meu pai, ''Eu amo uma pessoa foda pra caramba, eu tive a sorte de encontrá-la''. 

Blog pessoal - By Cammie


-Posso entrar? -Pergunto depois de ter dado dois toque na porta do quarto de Aleandro.

-Pode! -Ouço ele gritar, abro a porta de seu quarto e observo ele deitado em sua cama com a cabeça no travesseiro, seu rosto estava levemente inchado, entro devagar e caminho até me sentar na beirada da cama. -Chegou faz tempo?

-Alguns minutos. -Respondo passando a mão na sua perna. -Queria saber como você estava!

-Estou bem! -Diz baixo encarando o nada. -Pensativo.

-Ainda não consigo acreditar que esqueci da mamãe, não me senti nada bem com isso! -Digo e sinto ele se mexer.

-Eu também não... -Diz e me olha. -Acha que ela estaria decepcionada com a gente? 

-Não tanto quanto nós estamos! -Digo e vejo ele abrir espaço na cama, me aconchego do seu lado e ele me abraça. -Ela ia dizer ''carreguei por nove meses''.

-''Troquei suas fraudas!'' -Ele diz e rimos. -Ela tinha um gênio e tanto! 

-Oh se tinha! -Digo rindo baixo. -Mas eu a amava de qualquer maneira, só queria ter tido a oportunidade de mostrar isso pra ela!

-Ela com certeza sabia! - Ele diz tocando meu cabelo. -Mães!

-Mães! -Digo e solto um suspiro. -Mas eu ainda me sinto tão... culpada! 

-Por que? -Ele pergunta e eu levanto a cabeça para lhe olhar. 

-Nossa ultima conversa. -Digo e me sento na cama abraçando minhas pernas. -Aquela ligação, sinto que ela queria se despedir, mas eu não dei bola!

-Tenho certeza que tiveram mais memorias felizes do que tristes, não se culpe! -Diz se sentando encostando sua costa na parede.

-Pode ser... -Digo cabisbaixa. 

-Tem algo que você gostaria dizer pra ela? -Lhe encaro confusa. -Algo que gostaria que ela tivesse escutado?

-Talvez... não sei! -Digo. -Tenho coisas que teria sido bom ter dito. 

-Vêm cá! -Ele puxa minha mão, me afasto sentada de frente para ele. -Me dá sua mão.

-O que vai fazer? -Pergunto lhe encarando, ele segura cada uma das minhas mãos e me encara.

-Fecha os olhos! -Diz e eu faço uma careta. -Feche os olhos e imagine que ela pode te ouvir, e diga tudo que quer dizer, tudo que não pode dizer à ela!

-Agora? Eu não sei...

-Vai Esperanza, use o coração! -Diz. Respiro fundo e expiro fechando meus olhos. 

𝑶 𝒊𝒎𝒑𝒐𝒔𝒔𝒊́𝒗𝒆𝒍 - GabigolOnde histórias criam vida. Descubra agora