As Compras

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— Hannah, já estou indo! — Digo pegando a chave de casa e fechando a porta

Já eram uma e meia da manhã. Eu estava atrasada para a discoteca, então eu corri, pois o local não ficava tão longe de minha casa.

— Por favor, me deixe entrar — Digo olhando para o segurança com uma cara triste e convincente. Mas não convincente o suficiente para que eu conseguisse adentrar

— Não posso, você está atrasada de mais! — Ele impedia a minha entrada. Olhei para os lados e vi uma janela, certamente era uma janela de banheiro

— Ah, está bem. Se você quer assim — O respondi de uma forma desistente

Me afastei aos poucos da entrada indo em direção a lateral do local. Lá estava, a minha chance de entrar naquela discoteca.
Subi em cima de uma caçamba de lixo que estava ao lado, que por sinal fedia muito. Provavelmente, era ali, que os lixos do banheiro ficava.

A janela estava aberta, para minha sorte.
Passei pelo buraco pequeno que era o dá janela. Me pendurei na parede, agora já dentro do estabelecimento. Fechei a tampa da privada com o meu pé, descendo em cima da mesma. Pulei no chão, ajeitando o meu cabelo e desamassando a minha roupa.
Ao sair da cabine, percebi algo, era realmente o banheiro, porém era o banheiro MASCULINO.

Fingi que estava o mais bêbada possível enquanto passava e esbarrava em alguns homens, na tentativa de saiar de lá de dentro.
Quando eu estava a passar por eles, percebi um garoto com estilo diferenciado e cabelos pontuados, que estava á me encarar até eu sumir de sua vista

— Finalmente — Disse aliviada de ter saído de um local cheio de homens e garotos, de todo qualquer estilo — Agora vou poder aproveitar está noite — Falei indo em direção a pista de dança, eu diria que era o meu local favorito.

Amava dançar ao ritmo das músicas, as discotecas eram a minha segunda casa, se bobear, acabava sendo a minha primeira.

Começou a tocar "Back to Black" de Amy Winehouse, que tinha sido lançada a dois anos atrás, mas nunca ficava no passado.
Por causa do ritmo daquela música, as coisas tinham dado uma acalmada, então aproveitei para ir ao balcão.

— Por favor, você pode me vê um drink? — Digo encarando o barman com uma face séria, me passando por mais velha

— Alcoólico?— Perguntou o barman desconfiado. Assinto

— Identidade, por favor— Ele disse com um sorriso sarcástico em seu rosto.

O entreguei a minha identidade falsa, torcendo para que ele aceitasse.
Ele olhou para o documento em sua mão e depois para o meu roto. Estava ficando tão nervosa, e se ele me descobrisse?

— Aqui está — Disse ele, me entregando o meu drink, junto com a minha identidade falsa

— Obrigada! — Dei um sorriso forçado de nervosismo e peguei rapidamente as minhas coisas, me afastando de lá — Foi por pouco — Murmurei dando um gole

Apesar de que vou fazer dezoito anos daqui a quatro dias, no dia vinte e oito deste mês. Ainda não sou de maior, consequentemente, não podendo tomar todas que eu quero.

Começou a tocar "Crazy In Love" da Beyoncé, não pude resistir, virei a taça inteira de uma vez e fui dançar. Eu estava ansiosa por essa. Eu tinha decorado a coreografia inteira, afinal, estávamos em 2008, quem em sã consciência não sabia dançar está? Eu não podia deixar essa passar e perder a oportunidade.
Senti um pouco de vergonha pois tinha alguns indivíduos me encarando, mas logo passou quando vi que as pessoas começaram a dançar também.

— Porra, a hora — Meus olhos pousaram em um relógio de pulso aleatório.

Minhas mãos suaram, não consegui me concentrar ou pensar claramente. Com o meu pensamento trabalhoso, e o meu olhar fixo, me retirei do meio das pessoas.

Dentre este desespero para poder me encontrar com a minha amiga, Hannah Becker, acabo esbarrando em um garoto de cabelos lisos e compridos, que tinha um semblante muito bêbado.

— Foi mal! — A minha voz tinha uma frequência de pulsação elevada. Não obtive nenhuma resposta, talvez o álcool já estava tanto tempo em seu sangue que ele nem percebeu. Então só sai andando

Eu precisava que ir embora pois havia prometido a Hannah voltar antes das quatro e quarenta da manhã, para irmos "as compras" digamos assim. Então eu corri, como se não houvesse amanhã, pois eu sabia que o meu atraso iria prejudicar.

— Perdão Hannah! — Digo chegando até ela no local combinado, já sem muito fôlego

— Caralho Mayla, achei que não quisesse mais! — Ela me repreendeu

— Nunca, sempre vou querer! — Falei olhando para o vedendor que estava somente a minha espera, para poder concluir a sua tarefa

— Mayla e Hannah, certo? — Assentimos. Ele nos mostrou a mercadoria

— Aqui está! — Hannah entregou o dinheiro para o homem, e ele nos entregou alguns pacotinhos com ervas dentro. — Agora vamos embora antes que dê alguma merda — Ela guardou a mercadoria e me puxou pelo meu punho, me retirando dali.
Eu ainda estava agitada e tensa, mas nada que a erva que acabamos de comprar não iria resolver

Vícios  |Tom Kaulitz Onde histórias criam vida. Descubra agora