Amadurecer

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— Por que você vive tomando essas porcarias? — Georg estava encostado no batente da porta

— Não é porcarias Georg, são só remédios. E eu os tomo para dor — Eu disse guardando eles em uma caixa, para que ele não visse o resto

— Se você está com tanta dor assim, por que não vai a um médico? — Ele se sentou ao meu lado da cama

— Relaxa aí, a dor já vai passar. Provavelmente estou sentindo ela por causa da noite da discoteca — Menti

— Mas eu já vi você tomar esses remédios antes — Ele refutou

— Era só um enjoo Georg, nada de mais, já falei para não se preocupar!

— Se você diz — Ele se levantou — Você me garante que vai ficar bem?

— Sim, ja falei que você pode ficar tranquilo — Forcei um sorriso e ele se retirou

Eu voltei a ficar um tempo no quarto de hotel com os rapazes. Pois Bill estava preocupado com a minha situação psicológica, e não queria me deixar sozinha. Para terem noção, ele até ofereceu para pagar um terapeuta à mim.
Os remédios que eu tomava me ajudava a aliviar a dor que eu sentia. Eu diria que eu estava sentindo essa dor desde que conheci Tom, mas comecei a tomar os remédios a algumas semanas atrás. Mas desde lá, os remédios não estão mais fazendo efeito. Não importa quantas pílulas eu tomo por dia, ou por hora, nada passa!

— Você ainda está brava comigo? — Tom disse saindo do banho. Enrolado eu uma toalha, somente com o seu abdômen de fora — Qual é? Está brava porque eu olhei para o lado?

— Não foi para o lado Tom. Você olhou para a bunda dela! — Eu me levantei da cama, disposta a discutir com ele

— Eu já te pedi desculpas! — Eu o cortei

— E você vai viver de desculpas? Quando vai se tocar? — Eu disse indo pra cima dele

Ele travou o seu maxilar e me olhou sério, no fundo dos meus olhos. Eu o encarei de volta.

— Mayla, eu não olhei para ela. Esses remédios que você está tomando, está te deixando louca! — Ele disse, ainda sem tirar o seu olhar de mim. Eu não acredito que ele realmente falou isso

— "Louca"? Você quer que eu acredite que eu estou ficando louca? — Eu o empurrei levemente

— Mayla. Eu não quero brigar com você! — Ele continuo parado, resistindo contra os meus empurrões

— Mas eu quero brigar com você, brigue comigo, Tom, brigue por mim! — Eu fechei meu punho enquanto batia em seu peitoral nu

Seu olho encheu de lágrimas, ele estava lacrimejando, eu diria que por raiva, por puro ódio.

— MAYLA! — Ele gritou — Já chega! — Ele suspirou fundo enquanto se afastou de mim

Ok. Nossa relação estava basicamente assim, brigas toda hora, discussão a cada minuto, e bate boca a cada segundo.
Eu só gostaria de entender, por que? Por que eu ainda continuo com esse babaca?
Tudo bem. Talvez aqueles remédios estavam realmente me ajudando a enlouquecer. Mas quem me deixava louca era ele. Ele que criava paranóias na minha cabeça.
Depois daquela vaca chamada "Kristina" eu não consegui mais acreditar cem porcento nele, já estava na hora.
Eu admito que estou colaborando um pouco para as nossas discussões, mas o motivo, e o problema, continua sendo ele!
Algumas horas depois havia passado. Estávamos todos na sala, e só o som da TV poderia ser ouvido. Nós dois éramos orgulhosos de mais para quebrar aquele clima, mas eu não queria ficar assim, até porque, apesar de tudo, eu ainda o amo. Eu também não sei como, porque ele nem se quer já falou isso a mim, ele nunca disse que me amava. Eu não sei como estou suportando tudo isso, como estou suportando ele.

— Tom... — Quebrei o clima. Os rapazes haviam me olhando, menos o que eu queria que me olhasse — A gente tem que resolver isso, Tom.

— Resolver o quê? Não é disso que você gosta? Não é o seu hobby viver de brigas? — Ele olhou para mim, ele estava puto, talvez com razão

— Eu já disse isso antes, estou repetindo agora. Se você quer ter diversidade, por que está comigo? — Gustav, Georg e Bill fizeram expressões faciais únicas, difíceis de se descrever. Mas eles sabiam que o circo estava prestes a pegar fogo

— Eu não quero ter diversidade, Mayla. Eu quero ter você! — Suas palavras soaram como sinceras

— Tom... Sendo romântico? — Bill sussurrou para os outros

— Se você me quer... Por que faz essas coisas comigo? — Suspirei fundo, segurando as minhas lágrimas, apaziguando a minha voz, que agora lutava para sair

— Ele ainda está na puberdade — Georg cochichou

— Que coisas, Mayla? Eu deixei de ficar com outras a um bom tempo — Ele estava falando sério?

— "Bom tempo" semana passada — Gustav sussurrou e logo pequenas risadas que estavam sendo abafadas foram ouvidas. Nós dois olhamos para eles e suspiramos fundo

— Se você não está bem comigo, e com as minhas atitudes, por que não resolve? — Tom disse, e os rapazes arregalaram os seus olhos

— Só faltou a pipoquinha — Bill falou baixinho

— É isso que eu estou tentando fazer! Mas não sou eu que tenho que resolver, somos nós! E talvez eu não tenha feito isso antes, porque... Porque eu te amo, mas você nem se quer já disse isso à mim — Eu disse com um nó na garganta

— Não sei porquê ela ainda está com ele. Ele tem que usar viagra — Georg disse em meio a gargalhadas junto com os outros dois. Tom os encarou, e levantou do sofá, indo em minha direção e me puxando para um quarto, à sós

— Você quer terminar? É isso? — Ele disse fechando a porta atrás dele

— Terminar o quê? Você considera isso com um namoro? — Questionei

— Não... — Ele disse meio baixo — Mayla, olha, eu realmente gosto muito de você. E eu sinto muito por não conseguir te demonstrar isso. Mas como eu disse, eu gosto de você, e realmente me importo com você. Então se esse relacionamento está fazendo mal para você, é melhor acabar com ele — Senti que ele não gostaria de ter falado isso para mim, que ele realmente queria ficar ao meu lado.

— Você não me faz mal, Tom. Pelo ao contrário, você me faz feliz. Mas certas coisas é o que me fazem mal. Mas nós temos um relacionamento, e neles se resolvem os problemas juntos. E eu gostaria de ficar ao seu lado e resolver este problema com você. Claro, se você ainda quiser — Eu disse a última frase e o nó na garganta se apertou.
Ele deu um impulso para frente, grudando os nossos lábios, e logo depois os afastando

— É claro que eu ainda quero.
Você tinha razão quando disse que eu já tenho 20 anos, e que eu deveria amadurecer, que eu não sou mais um adolescente.
Mayla, eu realmente quero fazer isso dar certo — Ele falou rouco, talvez de tanto brigar. Tom se aproximou mais de mim, segurando em minha cintura — Eu quero mudar, por você! — Entrelacei os meus dedos em sua nuca. Olhando para o seus olhos castanhos escuros, que parecia um abismo.
Mais uma vez, ele aproximou sua face da minha, encostando os nossos lábios, os selando.

Vícios  |Tom Kaulitz Onde histórias criam vida. Descubra agora