Tri Roll-ão

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Meus olhos estavam fechados mas sentia uma luz tomar conta da escuridão. Ouvia risadinhas e buchichos ao meu redor. Como se as vozes estivessem em uma especie de roda. Era como se fossem de um grupo de crianças brincando, não falando nada ao meu respeito, mas sempre a um distância considerável de mim. Era difícil de descrever, parecia um sonho, mas também não parecia ser.

Eu abria o meu olho de pouco em pouco, e via uns borrões que pareciam pessoas a olhar para mim. Os borrões se movem de um lado para o outro. Os visos borrões são inconfundíveis, apesar de aparentarem ser formas imprecisas e difusas. Sentia minha visão desfocar ao olhar para eles.

— Shh, ela tá acordando — Ouvi risadas logo em seguida. Minha mente tentava entender o que aquilo significava, mas não parecia ter explicação. Era tão surreais como bizarro. Fiquei completamente intrigada com aqueles sons e visões. Eu já não sentia mais o corpo, era apenas minha mente em um mundo onde não era possível esperar o que ocorreria. O que seria essas pessoas?

Estava com uma sensação de mal estar, e sentia minha boca seca. Minha garganta arranhava e meus lábios estavam secos e ressecados.
Meus olhos se abriram por completo e pude ver.

— PORRA — Gritei desconhecendo o local que estava e as pessoas que estava vendo. O grito ecoou no quarto, como se tivesse sido feito em um gigantesco túnel. Era um grito de revolta e desespero. Senti que algo estava errado, mas não sabia o que fazer. Não sabia se aquilo era real ou só um delírio causado por tudo o que acontecera até então.

Com o susto de não estar em minha casa e sim em outro local, acabo caindo do sofá para o chão.
O impacto com o chão me causou um choque físico intenso. Um mal estar repentino tomou conta de mim. Me senti emocionalmente exausta, agora, além do desgaste físico. Tinha muito medo do que aconteceria a seguir. Minha mente se perguntava se seria apenas um pesadelo. Mas o chão no qual estava parecia ser muito real.

— Quem são vocês? — Perguntei assustada, ainda no chão

— Calma! — Dizia um garoto de cabelos espetados

— Eu que deveria perguntar quem que é você!? — Falou o outro garoto de cabelos lisos

Vejo um outro menino de óculos cochichar no ouvido do de cabelos lisos e eles rirem.
Como estava em uma sala cheio de garotos e inconsciente comecei a me desesperar.
Ainda no chão, me senti cada vez mais encurralada. Eu não sabia o que fazer, ou como fugir daquela situação. Ainda estava com medo, mas comecei a me sentir irada também. Aquele sentimento de impotência era desagradável. Me sentia como uma presa de caça. E eles eram as feras que se aproximavam.

— Vocês não fizeram nada comigo, né? — Falo tocando em meu corpo

— Não, não, absolutamente não. Nós não fizemos nada! — O de cabelos espetados arregalou os olhos balançando suas mãos em forma negativa se aproximando de mim — Se você não quiser acreditar, pode se negar. Mas, por favor, ouça-nos. Nós realmente não fizemos nada.

— Até porque eles são muito broxas para isso — Dizia Tom saindo de seu quarto.

— Tom? — Quando Tom apareceu, eu fiquei um pouco aliviada, mas ainda era muito confusa. O que estava acontecendo? Tom também estava ali, e sabia que eu não estava bem. Mas, diferentemente dos outros garotos, eu conhecia Tom. Ele me deu uma sensação de segurança, parecia como uma pessoa boa.

Ao olhar para o meu rosto tentou conter a risada. Tom estava tentando não rir, mas o esforço estava cada vez mais difícil. Depois de um pouco de tentativa, ele acabou rindo, e com força. O pior era que, quando ele ria, os outros também começaram a rir.

— O que foi? — Olhei desconfiada para os garotos. Me levantei indo para o hall de entrada, me olhando no espelho que tinha alí. As minhas suspeitas ficaram mais realistas. Meu rosto estava todo pintado de preto, e, com um desenho, fui ao lado direito da minha testa, onde ficava uma "cabecinha" bem feita. — Vocês desenharam uma rola na minha cara!? — Exclamei

— Uma não, TRÊS — Corrigiu o de óculos

— Uma aqui, aqui, e aqui — O de cabelos espetados dizia apontando para as minhas duas bochechas e minha testa

— Tri Roll-ão! — O de cabelos lisos fazia a piada fazendo todos rirem de mim

— Esse é Georg, este Gustav e o meu irmão, o gêmeo mais feio, Bill! — Tom dizia apresentando todos

— Somos idênticos idiota! — Reclamava Bill mostrando o dedo do meio

— Tokio Hotel? — Eles assente, e eu estranhava tudo aquilo

— Você é mais uma puta de Tom? — Perguntou os meninos

— Claro que não! Espera, "mais uma"? — O que Tom era? E o que eles achavam que eu era?

— Uma garota nova aqui não é novidade para nós. Só estranhamos que você estava dormindo no sofá e não no quarto, com o Tom

— É porque eu não sou uma puta dele! — Apontei para o garoto com cara de desgosto.

— Mas poderia ser! — Ele dizia malicioso. Fiquei em silêncio, não sabendo o que dizer. A situação era cada vez mais constrangedora, e ficava cada vez mais difícil de saber o que fazer.

— Essa porra aqui não sai!? — Perguntei esfregando o meu rosto, vendo nada mudar

— É permanente! — Riu Gustav. Aquilo me fez revirar os olhos

— A onde está as minhas coisas? — Eu perguntei olhando diretamente para Tom

— Ou eu trazia você ou as suas coisas — Ele escorava na parede — O que você iria preferir?

— Você deixou na discoteca!? — Perguntei inconformada

— Não idiota, está no carro! — Ele me respondeu já sem paciência

— Como assim vocês não se conheceram em uma casa noturna, boate ou alguma coisa assim? — Perguntou os meninos

— Já disse que não sou uma puta dele! — Respondi estressada. Como eles podem pensar isso de mim? Eu pareço com uma puta?

— E eu já disse o que penso! — Falou o Kaulitz malicioso. Eu já sabia o que ele pensava

— Posso pensar na sua proposta se você pegar as minhas coisas e me levar embora — Respodi irônica. Obviamente tinha sarcasmo em minha voz

— Sério!? — Ele perguntou animado. Ele realmente acreditou naquilo?

— Não! Mas você vai me levar embora. Afinal, você me trouxe aqui, você que vai me levar

— E eu percebi que foi uma péssima idéia! Na próxima vez eu te deixo lá! — Ele zombou de mim

Eu fazia mímicas com a boca imitando o mesmo falar. Os garotos que viam a cena começaram a rir.
Eles soltaram gargalhadas.

— O que foi? — Ele olhou para trás. Tom não conseguia decidir se devia ficar ofendido ou não.  — Está bem! Eu te levo embora

— O mínimo — Respondi a ele e vi o mesmo revirar seus olhos

— Anda logo vai! — Ele pegou suas chaves e me empurrou pela porta

— Tchau cara de piroca! — Bill falou rindo, dando um aceno

— Tchau Tri Roll-ão — Georg ia na onda. Odiava a zombaria de suas palavras

A porta se fechava lentamente o que me possibilitou ver os garotos que riam de forma descontrolada. Enquanto Tom parecia tentar manter uma cara séria, mas estava claro que ele também estava achando a situação engraçada. Aí eu lembrei, estou indo embora com rolas na minha cara. Quem imaginava!?

Vícios  |Tom Kaulitz Onde histórias criam vida. Descubra agora