Tokio Hotel?

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— Hannah, fecha a janela — O Sol ergueu-se sobre o horizonte, um esplendor de luz cintilante. Os raios incidiam sobre o rosto, trazendo me calor, mas também uma sensação de bênção divina. As gotas de suor surgiam e percorriam os traços do meu rosto, deixando em seu caminho uma sensação de suavidade. — Hannah? — Senti um choque de luz branca, como se todo o horizonte se tivesse transformado em um monte de areia branca. As minhas pupilas e as iris refletiam a luz, como se tivessem sido ofuscadas por uma explosão solar. O meu corpo se mexeu numa espécie de espasmo, dolorido e lento. Lentamente, os olhos começaram a se adaptar ao ambiente, sentindo-se desorientados.

Quando a minha visão deixou de ser turva eu percebi na onde eu me encontrava. Eu estava deitada na rua, no centro da cidade.

Havia uma movimentação fora do comum. A rua parecia um mar de gente. Pessoas de todos os tipos de aparência andavam em somente uma direção, como um enorme rio vivo, numa correnteza caótica e agitada.
Quando finalmente aquelas pessoas deram uma brecha, pude perceber. ERA TOKIO HOTEL??

Eu estava alucinando, era a única explicação. Pois, isso realmente estava acontecendo? Eles de fato estão na minha frente.
Meus olhos se encontraram com um grande cartaz de uma garota loira, que desesperadamente o levantava. Lá estava, uma foto do Tokio Hotel.
Olhei para a fotografia e depois observei os garotos. Era o que eu precisava para confirmar os meus pensamentos.

— Será que a maconha com álcool não foi uma boa idéia? — Perguntei a mim mesma esfregando os meus olhos. Tendo certeza de que aquilo não era uma alucinação ou algo do tipo

Estou fedendo mal. É difícil explicar o cheiro. É um misto de álcool, maconha e outras coisas ruins, junto à uma espécie de bafo horroroso, que veio do vômito. Parece como uma banca de bebidas e maconha, com tudo espalhado pelo chão e molhado.
Estou com mistas sensações de vergonha, constrangimento e nojo. As pessoas que passavam por mim sente-se envergonhada com aquele fedor, mas também nojenta e constrangida.
A sensação ao mesmo tempo em saber que aquilo é meu. Isso é uma situação humilhante, como se eu me orgulhasse daquilo ou fosse incapaz de cuidar de mim mesma.
Minha mente me levou para a situação atual que eu estava. Hannah iria embora e eu precisava estar com ela neste momento.

— Porra! — Me levantei do chão com pressa pegando a minha bolsa e comecei a correr de volta para casa. Se eu estava no centro da cidade, a onde eu morava não ficava tão longe

Hannah com certeza tinha razão, eu não consigo correr com este salto.
Diminui minha velocidade lentamente me encostando na parede. Abri os saltos os tirando e colocando debaixo dos meus braços. Comecei a correr novamente, agora já descalça. Não liguei para a situação que eu me encontrava. Eu já estava podre tanto por fora quanto por dentro, o quê seria um pé encardido a mais?
Certamente, se alguém me visse neste estado perguntaria se estou necessitando de algo, ou se preciso de ajuda psicológica.

— Finalmente! — Bufei cansada de tanto correr. Minha respiração estava ofegante demais, então me escorei relaxando na pilastra fora de casa

Abri minha bolsa vasculhando a procura da chave de casa. Meu brilho sumiu quando percebi que as chaves havia ficado com Hannah.
Andei indo em direção a janela da sala de estar que eu sempre deixava aberta.
Adentrei ouvindo um grito, e uma escuridão tomou conta de mim por completo.

— Mayla. Mayla — Senti o brilho da luz fluorescente da sala, e o som dos pés de Hannah batendo no chão, enquanto ela se aproximava de mim.
Uma forte dor de cabeça tomou conta sobre o meu corpo, como se fosse uma espécie de pressão que amassava o meu crânio, quando Hannah me chamou pelo nome.

— Graças a Deus você está viva! — Hannah parecia nervosa, até mesmo suorosa, como se estivesse com medo. Ela estava tentando me deixar consciente. A preocupação era evidente em sua voz, quando colocou a mão sobre o peito.

— Você tentou me matar? — A cabeça me doía tanto que parecia que estava estourando. Os sons do céu azul da minha cama pareciam estar atacando-me como se fossem mísseis direcionados para me deixar insana.

— Eu vi alguém rodeando a casa, e depois estava à entrar pela janela. Eu tinha que fazer alguma coisa! Não é mesmo?

— Você não pensou que seria eu? — Me ajeitei no sofá sentando

— Não. A última coisa que veio na minha cabeça é que seria você! — Ela falou apoiando o taco de beisebol que usou para me bater na parede — Você desapareceu! Até pensei que tinham te sequestrado. E quando vi alguém na janela, pensei que estavam vir me sequestrar também!

— Você ainda está bêbada? — Resmunguei com a mão na cabeça

— Se eu tivesse te matado, eu estaria... — Ela fez uma pausa dramática

— Trsite e se sentindo culpada? — Completei a frase dela

— Presa! — Ela falou aquilo com tanta intensidade e uma face séria e não soube distinguir se ela estava sendo sarcástica

— Sério? — Perguntei, olhando incrédula. Não obtive resposta então eu percebi que era melhor assim — Eu preciso de um banho, estou fedendo — Quando disse que precisava de um banho, Hannah pareceu quase ofendida com isso, como se fosse uma afronta à mim. Quando ela ficou me olhando e pestanejando, Hannah corou um pouco e depois sentiu o cheiro no ar.

— Realmente! — Ela logo se apressou a tapar o nariz, e o tom de sua voz mudou para um tom de repulsa.

Subi para o meu quarto. Ele era um pouco desorganizado, com roupas espalhadas no chão, mas o som da rádio criava um clima descontraído e tranquilizante.
Entrei debaixo do chuveiro sentindo a água quente bater no meu corpo, e algumas gotas pingando para fora, no vidro do box.

— Você viu que Tokio Hotel irá fazer um show hoje? — Ouvi a sua voz soar através da porta. — Sua banda favorita vai tocar — Ela caçoou de mim enquanto os seus passos calmos batia contra o chão

— Fala sério. Não sabia da existência dessa banda a três dias atrás! —  Aparentemente estava muito cética sobre a banda. Eu ainda não acreditava que uma banda que sequer sabia de existência pudesse ser bom, e ainda mais, ter uma influência como falavam. Sentia até um pouco de arrogância, como se só as bandas que eu conhecia pudessem realmente ser boas.

A voz do anunciante na rádio estava animada e transmitindo toda a energia do evento, que Tokio Hotel iria fazer. A música no fundo se tornou mais forte e Hannah aproximou-se

"O show acontecerá hoje 1 de novembro no final da tarde, os ingressos já estão disponibilizados a venda"

— Vamos... — Eu a interrompi saindo do banheiro

— Não precisa nem terminar. Acha que realmente vale a pena ir?
— Falei secando os meus cabelos com a toalha

— Sim! Pelo menos você vai ter a oportunidade de conhecer eles — Ela falou em um tom convincente — Pense, vai ser no final da tarde, e eu estou indo embora está noite!

— Por que você tem que usar está chantagem contra mim? — Ela sabia muito bem como me manipular usando ela mesma

— Porque não é uma chantagem, é uma verdade! — Hannah falava com um tom de voz calmo e persistente. Ela era convincente e perspicaz, e sua voz era sedutora. Ela falava com uma queda nas vogais, quase como um murmúrio. Ela conseguia dizer uma frase inteira em uma única exalação de ar.

— Tá tanto faz — Estava quase tentada, como se já estivesse derrotada e curiosa — Já comprou os ingressos?

— Vou sair para comprar agora! Já vai se arrumando porque você demora de mais — Joguei uma almofada nela e ela imediatamente saiu pela porta em busca dos ingressos.

Não creio que ela me convenceu a ir em um show do Tokio Hotel

Vícios  |Tom Kaulitz Onde histórias criam vida. Descubra agora