Viagem?

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— Vamos sair Mayla — Quando eu olhei para Hannah, eu reparei que ela estava de jeans e camiseta preta, com um blusão apertado por cima. O cabelo dela estava revirado, como sempre, seguindo a própria natureza do cabelo dela, que é bem enrolado. — Vamos!

— Não quero sair hoje, tô com uma puta dor de cabeça! — Murmurei enquanto colocava o meu atravesseiro sob meu rosto. O atravesseiro era macio e fino. Eu o tinha ganhado ainda quando criança e continuava sendo o mesmo. O tecido estava um pouco sujo e rasgado, mas ainda fazia o trabalho que precisava. Era o meu conforto de todos os tempos.

— Lógico! Você só sabe fumar maconha — Vejo a mesma crusar os braços, enquanto eu me permanecia deitada no meio de minha cama. O sol da seis da tarde era forte, atravessando as cortinas brancas de meu quarto. Seu olhar queimava o meu corpo enquanto falava.

— E você é a santa que não fuma, não é mesmo? — Revirei os meus olhos. Quando falei, meu tom de voz era uma mistura de fadiga, um pouco de desdém, e um toque de desânimo.

— Fumo, mas não sou viciada que nem você! — Ela falou isso com um sorriso irônico no rosto, no mesmo tom de voz que fazia minha ira aumentar. Como se achasse que era mais forte, mais corajosa, melhor, por não ser viciada. Não sei o que seria pior, a desconsideração ou a falsidade da sua frase.

— Aaa, tanto faz! — Falei já sem paciência me levantando da cama — Para onde quer ir?

— Discoteca! — Falou animada. Sua animação me irritava, como ela pode ficar assim em plena tarde?

— Seria legal se eu não tivesse com dor de cabeça! — Meu tom de voz se aumentou — E lá vai ter música alta, Hannah, tenta me compreender

— Tá, pelo menos passa na banca comigo e de lá eu vou para discoteca e você volta para casa, pode ser?

— Por que que você quer que eu saia tanto assim com você? — Perguntei desanimada, tudo que eu queria naquele momento era ficar em casa

— Eu vou fazer uma viagem, Mayla, e sua mãe já está ciente disso.
Como sua família tem uma condição financeira boa, eles vão continuar bancando você. Então fique tranquila, você ainda vai poder comprar a sua erva — Quando ela falou, eu conseguia ouvir algo entre zombaria e impaciência. Mas, ao mesmo tempo, eu sabia que ela não estava mentindo. Ela sempre foi assim, um sorriso no rosto e segredos na cabeça, como se quisesse que eu achasse que não era pior do que já era.

— Viajar? Como assim? Você vai para onde? — A preocupação tomou conta das minhas emoções

— Vou ficar algum tempo na casa da minha vó — Ela olhava para mim fixamente, com um rosto imóvel, sem expressão. O único sinal de emoção que eu conseguia perceber era um pequeno trémulo no cantinho da boca dela.

Não a questionei o porquê dela ter que fazer está viagem, se for fazer bem a ela eu não vou me importar

— Você vai ir quando? — A atmosfera estava cada vez mais tenso, o ar parecia esvaziado, e o silêncio se fez intenso, quase pesado.

— Provavelmente depois de seu aniversário — Ela sabia que essa não era uma resposta que eu esperava

— E quando vai voltar? — Eu cutuquei o canto de minha unha, era uma mania que eu tinha

— Eu não sei, não posso confirmar nada a você ainda — Ela ficou com um semblante sério e meio chateado

— Tá bom, eu vou para a discoteca com você — Falei pegando alguma roupa do armário

— Sério? E o quê houve com a sua "dor de cabeça"? — Ela ironizou

— Quer ou não quer que eu vá com você? — Ameacei pela sua ironia desnecessária

— Se troca logo vai — Ela soltou um sorriso, em seguida, jogando uma peça de roupa em meu rosto

Estávamos na banca, Hannah olhava ansiosamente para as novas revistas que tinham saído recentemente

— Qual você vai pegar Mayla? — Ela falou me olhando ansiosa. Amava sua personalidade de durona mas ao mesmo tempo de uma grande criança

— Uma de fofoca, óbvio — Falei folheando uma revista — E você?

— Não sei, são tantas — Ela se aprofundou nas revistas

Vi uma revista que o nome em destaque me chamou atenção, "Tokio Hotel" esse era o nome da banda que eu ouvi falar na rádio no outro dia. Peguei a revista em minhas mãos e vi quatro garotos na capa

— Vai levar um da banda Tokio Hotel também? — Ela me olhou de canto, vendo a revista em minha mão

— Conhece eles? — Olhei confusa, e os nosso olhares se chocaram

— Sim, já ouvi falar. Eles têm bastante fãs, umas até meio loucas — Ela riu, como se tivesse se lembrando de algo

— Sério? — Ela assentiu. Ok, isso me surpreendeu

— Vou levar essas — Disse Hannah pegando o dinheiro de sua bolsa

— Eu vou levar essa daqui mesmo — Entreguei a revista de Tokio Hotel, curiosa para saber mais sobre os mesmos

— Eu não sabia que você gostava dessa banda — Ela falou baixo enquanto caminhávamos em direção a discoteca

— Não gosto! Só peguei porque vem um pôster do Leonardo DiCaprio na página 20 — Me justifiquei

— Se você diz... — Disse ela irônica, como sempre

— Já vou deixando bem claro! Não vou ficar muito tempo aqui — Murmurei entrando na discoteca junto com Hannah

— Tá bom! Só vem — Senti Hannah pegar em minha mão me puxando para pista

Como era a última semana de Hannah comigo, fiz um esforço para aproveitar o máximo possível. Bebi todas que podia junto com ela, dancei até não poder mais, e pulei até as minhas pernas não aguentarem. Com certeza eu estaria acabada no dia seguinte.

Vícios  |Tom Kaulitz Onde histórias criam vida. Descubra agora