Hannah Becker

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Tudo parecia tão morto e cinza, mas na verdade estava tudo tão ensolarado e feliz, era horrível. Estávamos no enterro de Hannah, era como se estivéssemos em um mundo paralelo, as pessoas não param por algo que acontece nas nossas vidas, mas era como se tudo estivesse parado na minha vida, aquilo era péssimo, estávamos nos sentindo terríveis.
Hannah antes de morrer havia convidado os garotos para o seu funeral. Estava um clima estranho, não somente pelo fato de eu estar vendo a minha única e melhor amiga ser enterrada, como pelo fato de Tom estar ali depois da nossa discussão.
Ele as vezes me dava algumas olhadas, nem um pouco discretas, só não sei dizer se era porquê ele estava desconfortável pela nossa briga, ou se ele estava vendo se eu me sentia bem naquele momento, isso se ele realmente se importa. Eu o encarava de volta, mas não conseguia pensar nele e em nossa situação naquele momento.
A avó de Mayla, a única que restou em sua família, estava aos prantos enquanto dava o seu belo discurso para a neta. Nunca na minha vida ouvi palavras tão verdadeiras sair da boca de alguém, ela falava coisas tão sinceras e bonitas sobre a sua neta, que eu não pude evitar que lágrimas escorressem pelo o meu rosto pálido. As lágrimas ardiam o meu olho, fazendo com que eu ficasse cada vez mais e mais com vontade de chorar, mas eu tinha que ser forte, certo? Hannah iria querer isso de mim.

— Ela vai fazer muita falta a mim, e as pessoas que a amam — Sua vó dizia olhando para mim — E ela gostaria que você, Mayla —  Ela apontava em minha direção — Falasse um pouco no funeral dela

Os olhares de todos que estavam ali caíram sob mim.
Eu respirei fundo e forcei um sorriso enquanto lágrimas caía sobre minha pele.

— Eu sei que ela gostaria que não estivéssemos chorando, e desejaria que, sei lá, estivéssemos em uma discoteca dançando ao ritmo de reggaeton. — Foi aí em que eu percebi que ela não havia mudado, ela ainda era forte e determinada, e honrou toda a sua vida, ela honrou o seu dilema de "Só se vive uma vez". Ela realmente viveu — Porque era assim que Hannah era, uma jovem feliz e espontânea. Mas não vamos pensar no que ela gostaria que a gente fizesse. Vamos fazer! — Eu disse com lágrimas ainda escorrendo pelos os meus olhos, mas dessa vez com um sorriso que as lembranças dela me tirou, enquanto eu me retirava do local

Não aguentava ficar ali nem por mais um minuto se quer, aquilo estava me fazendo muito mal, mesmo tentando não aparentar. Ao me virar de costas, senti olhares percorrerem e queimar o meu corpo. As pessoas que estavam ali me encaravam.
Senti uma mão grande e magra se entrelaçar em meu punho, me puxando para trás. Era Bill.

— Você não irá sozinha, nós iremos com você — Ele olhou para trás e Gustav, Georg e Tom estavam me olhando, como se estivessem me esperando — Vamos! — Ele me puxou para trás, me guiando em direção ao um carro que estava a espera dos garotos — Vai, entra aí! — Bill me empurrava para dentro, me obrigando a sentar ao lado de Tom, enquanto Gustav segurava a porta e Georg entrava

— Para onde estamos indo? — Certamente eu estava sendo sequestrada por eles, se eu não os conhecessem

— Não foi você que disse que temos que fazer a vontade dela? — Ele, por impulso, colocou sua mão em minha coxa, me olhando de canto

—  Foi, mas você precisa levar tudo ao pé da letra!

— Então pronto! — Ele me cortou

— O dia que um desses dois mudarem, é porque algum deles morreu — Gustav dizia rindo sem pensar

— Cala a boca Gustav! — Eu e Tom falamos juntos em um alto e bom som, enquanto nos entreolhamos

— JINX! — Gritamos juntos

— Eu disse primeiro! — Eu falei e Tom me bateu — OU?

— Você falou primeiro, otária! — Ele se ajeito no banco, virando para frente

— Babaca! — Eu disse, também me ajeitando e me virando para frente

— Que lindo esse amor — Bill disse saindo do carro, assim que ele estacionou

— VAMOS BAILAR — Ele entrava no local gritando enquanto erguia seus braços

Eu diria que a gente chamou um pouco de atenção do público que havia ali, não os julgo. Cinco pessoas esquisitas, todas de preto, em luto, entrando em uma discoteca? Isso não fazia sentido nem na minha cabeça, quem dirá na da deles.
Acabei indo e entrando na onda de Bill, não só eu, como os outros rapazes.

— Como Bill disse, vamos bailar — Eu ergui os meus braços indo em direção a música. A onde ela me levasse, eu iria

Eu escorregava as minhas mãos pelo meu corpo. Dançando eu pisava a frente e movia meu tronco no ritmo da música, requebrando os meus quadris.
Senti uma mão conhecida que deslizava pelo meu corpo. Não era surpresa para ninguém, era Tom. Nossos corpos estavam colados como papel. Levantei os meus braços a cima da minha cabeça, e comecei a deslizar o meu dedo pelo meu antebraço. Ainda pisando e rebolando no ritmo da música.
Tom me girou para ficar frente à frente com ele. As suas mãos estavam nos meus quadris agora. Suas mãos dançavam junto com o meu quadril, eu me mexia olhando para ele, com os meus braços soltos, só aproveitando cada momento, cada segundo, e sentindo o seu toque sobre mim.

— Si estoy con ella no es un crimen — Eu cantava em espanhol

— Y yo voy, voy, voy — Ele completava. Agora com a sua mão quente em meu lábio, cobiçando por ver ele grudados no seu — Ella hace todo por seducirme — Agora Tom cantava em espanhol

— Y yo voy, voy, voy — Eu completei, cantando em um tom seduzente

— Você é cativante, Mayla — Sua voz soou rouca

— Somente cativante, Tom? — Perguntei e joguei um olhar sexy sobre ele

— Gostaria de mais o quê? Boa de cama? — Tom disse com firmeza. Ele estava falando sério!

— Você me surpreende cada dia mais

— Se quiser eu posso te surpreender hoje a noite — Nem preciso falar que essa frase foi malícia pura

— Só cala a boca e dança! — Coloquei o meu indicador em cima de seu lábio, impedindo ele, para que ele não possa falar mais nenhuma bobagem.
E assim, continuamos dançando até o anoitecer. Ou até a minha coluna começar a doer.

Vícios  |Tom Kaulitz Onde histórias criam vida. Descubra agora