Capítulo 6

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Gwyneth B.

Minha aparência estava muito melhor do que nos últimos dias. Incrível como uma única boa noite de sono foi capaz de trazer de volta minha habitual aparência saudável, sem bolsas ou semi círculos escuros embaixo dos meus olhos azuis.

Enquanto trançava meus cabelos na frente do espelho, permiti que minha mente me levasse de volta aos momentos que tive com o ser sobrenatural que me visitava todas as noites há duas semanas. O tabuleiro, os sonhos, a marca, o calor de suas mãos, os olhos intensos, o sorriso encantador.

Que perigo. Meus pensamentos já estavam indo contra todas as concepções anteriores que criei sobre Azriel. E se isso fosse exatamente o que ele queria de mim, que eu cedesse aos poucos até baixar completamente a guarda? Não fazia sentido. Azriel não precisava que eu baixasse a guarda para me machucar se realmente quisesse, tinha força e poder suficiente para isso, eu não seria páreo para ele de forma alguma, então por que duvidar de suas intenções? Ainda mais quando ele fazia questão de ser tão gentil e cauteloso.

Fitei cuidadosamente a marca em formato de triângulo, pensando sobre a ressignificação do que ela representava.

Proteção, conexão.

Era quase impossível controlar o impulso de tocá-la a todo momento, e eu tinha certeza de que não poderia ser somente uma vontade consciente, havia algo ali que ardia como fogo. Carregá-la era como ter um pedaço de Azriel comigo, e querendo ou não isso ajudava na aceitação dos fatos, na familiarização com a presença dele, como se eu nunca estivesse sozinha. Talvez um dia eu pudesse me acostumar a isso, no entanto, não sabia dizer quando.

Observei o pequeno frasco de blush coral, comprimindo os lábios. Gostaria de poder mentir e dizer que não havia um motivo concreto para estar usando o produto, e que a razão não era a mesma de eu ter usado no banho um sabonete mais cheiroso.

Me senti patética por querer impressioná-lo, mas eu ainda estava de ego ferido e tinha planos de curá-lo. Eu queria que Azriel me considerasse tão atraente quanto eu o considero, mesmo sem ter ideia do por que isso era tão importante. Eu não estava afim dele. Azriel era um demônio e podia muito bem ter tentáculos embaixo da calça e comer aranhas caranguejeiras no café da manhã.

Eca.

Não havia encontrado respostas racionais o suficiente para responder por que ser considerada bonita por ele fazia diferença para mim, estava começando a suspeitar de que meu subconsciente tenha decidido trabalhar sozinho, e por hora não tem intenção nenhuma de me deixar a par do que está tramando.

Saí do banheiro em direção ao meu quarto onde eu costumava conversar com o meu novo demônio de estimação. Eu havia chegado mais cedo do trabalho, por isso poderia ser cedo demais para chamá-lo, e além disso, eu não tinha ideia do que ele andava fazendo quando não estava por perto, se tinha outros afazeres além de tirar minha paz.

Coloquei a mão sobre a marca, sentindo-a, me lembrando novamente de seu novo e controverso significado.

— Azriel — entoei seu nome, a voz não mais que um sussurro.

Aguardei alguns segundos, mas não houve qualquer sinal dele no cômodo.

— Azriel? — Chamei mais alto.

Talvez realmente fosse cedo demais, ele poderia estar ocupado, diferente do que eu julguei. De qualquer forma, eu estava com fome, ainda precisava jantar.

— Talvez você devesse ficar um pouco mais alerta com a retaguarda, imagine só o que poderia acontecer se um demônio entrasse em seu quarto — a voz dele soou ao meu ouvido e todos os pelos da minha nuca se eriçaram ao mesmo tempo.

The Devil's Dagger • GWYNRIEL AUOnde histórias criam vida. Descubra agora