The Devil's Dagger • GWYNRIEL AU

Capítulo 24

Se preparem, esse aqui ta uma bíblia.

Gwyneth B.

— Você é mestiça, Gwyn — Azriel disse com seriedade, mas havia uma espécie de esperança discreta em seu olhar.

— Pffff — bufei uma risada de descrença e cobri a boca com a mão.

O Demônio franziu o cenho quando ri, como se dentre todas as reações possíveis e imagináveis, aquela fosse a última que ele esperava que eu tivesse.

— Sim, eu sou mestiça. Uau, bombástico! — Ironizei. — Como descobriu que os Berdara tem a miscigenação como hobby favorito?

Passei a tagarelar sobre o quanto a minha árvore genealógica era uma bagunça de etnias e nacionalidades, até que um Azriel bastante sério me interrompeu.

— Pois é, parece que a sua família leva muito a sério esse hobby, miscigenaram até a própria espécie — ele cruzou os braços ao dizer.

Abri a boca para respondê-lo, mas logo fechei-a novamente ao ouvir a última frase. Pude sentir quando minhas sobrancelhas se uniram de forma involuntária, com tanta força que chegou a incomodar as vistas.

— O que você está insinuando?

Em resposta, ele apenas levantou uma sobrancelha preta para mim.

Revirei os olhos, completamente cética, e esperei que ele logo anunciasse a brincadeira de mal gosto.

Mas isso não aconteceu.

Um pequeno calafrio percorreu minha espinha ao perceber que eu não havia recebido dele o costumeiro olhar brincalhão de quem sempre me pregava peças. Ao invés disso, seu rosto bonito se tornou repreensivo.

— Está só brincando comigo, não está? — Perguntei, esperando que a resposta dele fosse um grande e gordo "sim", acompanhado de um sorriso de deboche.

Para a minha surpresa, Azriel negou lentamente com a cabeça e manteve os olhos fixos nos meus ao fazê-lo, como se analisasse como sua resposta refletiria em mim.

De repente, senti medo, não dele, mas de como aquele diálogo estava se desenrolando.

— Tá, mas, aquilo que disse sobre minha família, você não quis dizer o que eu acho que quis dizer, certo? — Sorri amarelo, antecipando sua resposta em minha mente outra vez.

— Eu quis dizer exatamente o que eu disse — ele quebrou minhas expectativas novamente.

Meu estômago protestou contra a ansiedade crescente e borbulhante e eu coloquei a palma sobre a barriga para tentar amenizar a leve náusea.

— Então, com "mestiça", você quis dizer...

— Híbrida — ele completou. — Metade humana, metade demônio.

A afirmação veio como uma avalanche para cima de mim, e eu simplesmente travei onde estava. Os olhos fixos aos dele, que delatavam toda a sua seriedade. Não havia espaço para brincadeiras naquele rosto.

Instantaneamente me preocupei com o funcionamento das faculdades mentais de Azriel, porque ao que parecia, ele estava ficando maluco.

— Não! O quê?! Não! — Respondi de imediato, negando com a cabeça a ideia absurda.

Ele não respondeu a minha negação, como se já a esperasse. Apenas permaneceu calado, me encarando como um corvo na janela sem emitir um único som.

— Az, você me conhece, sabe que sou humana, que maluquice é essa? — Indaguei, sem acreditar que, talvez, precisasse provar minha humanidade a ele.