Capítulo 21

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Gwyneth B.


Azriel me deixou na cama antes de ir embora, embalada como um bebê em lençóis confortáveis, e insistiu que eu não saísse de casa ou fizesse qualquer tipo de esforço para não piorar os sintomas da ressaca. "Fique aqui, não se mova, eu volto em breve", foram suas exatas palavras enquanto ele segurava os lençóis ao meu redor, e depositava um selinho no topo da minha testa. Aquela voz aveludada e serena fez meu corpo querer relaxar sobre o dele, mas eu sabia que ele não poderia ficar comigo, mesmo que eu insistisse.

Esperei que ele fosse embora para que eu finalmente pudesse ter o meu momento de "adolescente beijada pela primeira vez", porque era assim que eu estava me sentindo depois do que nós dois havíamos feito. Foi tão bom e intenso que fazia minhas pernas tremerem e meu coração palpitar só com a vaga lembrança.

Não conseguia parar de reviver o momento e todas as sensações que ele trazia consigo.

Os beijos vorazes, ao mesmo tempo que carinhosos, pareciam se recusar a deixar a minha boca — porque eu ainda podia sentir o gosto deles. Seus toques firmes marcaram meu corpo de forma inapagável, afirmando a posse e poder que tinha sobre mim, e seus olhos... ah, aqueles olhos caramelados imersos em luxúria e paixão eram os novos donos das minhas fantasias e desejos

Céus, o que aquele demônio estava fazendo comigo deveria ser proibido, eu não tinha chance de defesa contra ele, contra seus charmes, toques e beijos e... porra, eu sabia que estava me rendendo por completo, deixando que ele tivesse controle sobre mim e sobre os meus sentimentos, mas pela primeira vez eu não me sentia culpada por permitir isso. Porque desta vez nada pareceu errado, nada precisou ser reprimido. O jogo estava virando para o lado de Azriel, ele estava rompendo cada uma das barreiras que construí entre nós. E, honestamente, eu torcia para que ele derrubasse todas elas.

*

Não percebi que havia sido arrebatada pelo sono, quando me dei conta, já estava babando o travesseiro e sendo acordada pela presença súbita de alguém em meu quarto.

— Não acredito. — A voz de Azriel me despertou, e eu abri os olhos sem ter certeza se estava de fato acordada.

Ele estava de pé bem na minha frente, vestindo as mesmas roupas de mais cedo, mãos nos bolsos, e tão perto que parecia um gigante quando se olhava desta perspectiva. Quando minha visão finalmente focou em seu rosto bonito, percebi que o meio sorriso familiar já estava ali.

— O quê? — Perguntei, me ajeitando sobre a cama, ainda assimilando a ideia de ter acordado.

Seu sorriso aumentou de tamanho enquanto ele me encarava de cima, e de repente fui envolvida por uma timidez, porque me lembrei de como ele sorriu exatamente assim mais cedo quando nós dois...

— Você obedeceu — afirmou como se aquilo fosse algum tipo de conquista pessoal para ele. — Eu te pedi algo, e você, pela primeira vez, me obedeceu.

Semicerrei os olhos para ele, e demorei um pouco, mas finalmente entendi o que ele quis dizer. "Fique aqui, não se mova" ele pediu, e eu realmente não movi um dedo. Minha coluna se empertigou, estufei o peito e eu pigarreei numa pose quase dramática para dar ênfase ao que eu iria dizer.

— Para a sua informação, isso foi apenas uma coincidência. Eu jamais obedeceria suas ordens chatas por livre e espontânea vontade.

Azriel deu de ombros.

— Quem liga se foi intencional? Você obedeceu e é isso que importa. — Cantarolou e seus dedos apertaram a minha bochecha esquerda.

Dei-lhe um tapinha para fazê-lo parar.

The Devil's Dagger • GWYNRIEL AUOnde histórias criam vida. Descubra agora