Capítulo 9

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Gwyneth B.


Por um breve momento da manhã de domingo, quando finalmente me permiti ser abraçada pelo cansaço, fechei meus olhos por um pouco mais de tempo. Poderiam ter se passado minutos, ou talvez horas, não sabia dizer, mas quando abri meus olhos novamente estava exatamente na mesma posição na qual havia passado a noite inteira. Meu braço direito estava completamente dormente, e é provável que eu tenha babado um pouco, a julgar pela umidade do travesseiro. Levou apenas alguns segundos para que eu me desse conta de que estava sozinha no quarto, a ideia da ausência de Azriel pareceu cavar um buraco em meu peito, e eu me ergui, sentando na cama e vasculhando o cômodo com os olhos.

— Az? — Perguntei em voz baixa.

— Estou aqui — ele respondeu calmamente, sua voz vindo do meu banheiro.

Meu coração se acalmou ao ouvir a voz grave e familiar, e não demorou para que ele saísse de lá com os cabelos molhados que indicavam o banho recente. Ele não usava mais a blusa branca de ontem, e sim uma com mangas longas e de um tom escuro de azul, acompanhada por uma calça moletom da mesma cor.

— Está tudo bem?

Assenti, analisando-o melhor. Ele cheirava ao meu shampoo de frutas vermelhas, e seus cabelos molhados distribuíam gotas d'água pela camiseta escura. Azriel passou a mão entre os fios, chacoalhando-os com os dedos para se livrar do excesso de água.

Lindo.

— Eu cochilei por muito tempo?

Ele balançou a cabeça em negativa.

— Infelizmente não, só o tempo de eu tomar um banho. A propósito, usei o seu shampoo, espero que não se importe.

— Vou cobrar da próxima vez — disse e recebi dele um sorriso de canto enquanto os braços fortes se cruzavam, o tecido fino desenhando seus músculos.

Não havia outra palavra para descrevê-lo senão "pecado", na verdade, Azriel era a própria personificação da palavra, tudo nele exalava pecado. Eu esperava conseguir manter a linha e controlar meus pensamentos, ou acabaria como ontem no banheiro: de pernas bambas.

— Está com fome? — Perguntou, apontando o queixo para minha barriga.

E só então percebi os roncos do meu estômago. Ele com certeza havia escutado, mas eu estava tão focada nele, presa em seus olhos que sequer percebi a fome chegar.

— É, acho que sim — dei de ombros, tentando disfarçar a direção na qual meus pensamentos pendiam.

— Espere aqui.

Ele não esperou que eu respondesse quando se virou de costas e saiu do quarto, indo até a cozinha. Ouvi barulho de pratos e talheres sendo movidos, e logo em seguida passos pesados de pés descalços se aproximando após um curto período de tempo. Azriel entrou no quarto novamente, segurando meu café da manhã. Ele colocou o prato em meu colo e segurou a xícara sem me entregá-la ao se sentar ao meu lado. Mirei os olhos âmbar, que desta vez não exibiam a habitual intensidade, em seu lugar havia uma leve timidez.

No prato tinha pão com manteiga, biscoitos e na xícara café com leite, tudo perfeitamente organizado e cheirando muito bem.

— Ah, como você é fofo — sorri levando uma das mãos à boca.

— Apenas coma — Azriel desviou o olhar e eu pude jurar que suas bochechas estavam ficando vermelhas.

Obedeci seu pedido, comendo primeiro o pão, mordendo-o em pedaços grandes, saboreando o sabor salgado da manteiga. Ele ofereceu a xícara que estava em sua mão para que eu tomasse um pouco do café com leite, mas não deixou que eu a pegasse em mãos, ele mesmo a levou até a minha boca para que eu engolisse um pouco do conteúdo. Analisei os biscoitos que estavam ao lado do pão, eram cor de creme, formato redondo e recheado com algo que parecia ser geleia de blueberry. Eu não me lembrava de ter esses biscoitos em casa, ou sequer de já tê-los comprado, o que só poderia significar que vieram de Azriel.

The Devil's Dagger • GWYNRIEL AUOnde histórias criam vida. Descubra agora