Capítulo 20

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Quem aí sentiu saudades desses dois, porque eu sim! <3


 Gwyneth B.


Minha cabeça estava pesada como uma bigorna pela manhã, e a culpa era irrevogavelmente minha. Que merda eu estava pensando para tomar metade de uma garrafa de tequila com sal e limão?

Eu sabia que faltar ao trabalho por conta de uma ressaca era uma das coisas mais antiprofissionais que existem, mas no momento, eu não estava nem um pouco aí. Além disso, a última coisa que eu queria era ver o rosto de Adam logo pela manhã, principalmente quando eu não sabia o que esperar. Será que realmente não se lembrava de nada? Seu braço com certeza estava dolorido, e eu fiquei curiosa para saber qual justificativa Azriel enfiou na mente do rapaz para a dor em seu pulso.

As imagens de ontem à noite estavam voltando aos poucos na medida em que a manhã se desenrolava preguiçosamente. Me recordava de chegar em casa, de beber bastante e então de Azriel ter aparecido para "carinhosamente" expulsar Adam daqui. O restante ainda estava um pouco turvo por conta do álcool em demasia, mas os flashes estavam voltando gradativamente, talvez não na ordem correta, mas era o bastante para que eu me situasse e juntasse o quebra-cabeça sozinha.

Quem diria que jantar tequila teria suas consequências.

Caminhei em passos lentos para a cozinha, para finalmente colocar algo no estômago a fim de curar a náusea que torcia meus órgãos. Não pretendia comer muito, apenas o suficiente para não desmaiar de fome, já que fazia muitas horas desde a minha última refeição sólida.

Houve um cheiro diferente no ar quando adentrei o cômodo: natural e cítrico, com ar de refrescância no final. Estranho, eu não me lembrava de ter feito nada para comer ou de ter usado aromatizantes no ar no dia anterior. Quando me aproximei do balcão, percebi que havia ali uma xícara em cima de um pires, ambos de louça transparente o bastante para deixar muito claro que o que havia em seu interior era chá. Eu não fiz aquilo, tenho certeza de que não fiz, o que só poderia significar que...

Sim, eu estava começando a me lembrar agora, Azriel não foi embora após expulsar Adam, ele ficou, ficou a noite inteira aqui comigo, tomando conta de mim. E como sempre, já não estava mais aqui quando acordei, mas, apesar disso, tomou o cuidado de me deixar um pequeno agrado antes de partir. Um gesto que secretamente apreciei, e que me trouxe um breve sorriso bobo aos lábios. Colei a cintura no balcão para tocar a louça, e percebi que o chá estava quente como se tivesse acabado de sair de um bule, o que presumi ser mais um dos truques mágicos do Demônio, mas esse eu tinha que admitir, era bem útil.

Logo debaixo do pires havia um papel amarelado e levemente queimado nas extremidades, era um bilhete escrito à mão em uma caligrafia impecável de letra cursiva.

"Não questione, apenas beba".

Era tudo o que dizia, nenhuma explicação, apenas uma ordem clara. Ri um pouco por conta do quão bem ele me conhecia, porque a primeira coisa que eu faria era questionar tudo sobre aquele líquido antes de sequer pensar em ingeri-lo. E falando sério, quem poderia me julgar por querer saber exatamente o que estava prestes a enfiar goela abaixo? Ninguém.

Busquei a xícara juntamente com o pires e assoprei para fora a fumaça morna que emergia dali. Apesar de tudo, confiava cegamente em Azriel quando se tratava do meu bem-estar, se ele me mandou beber, eu beberia, tendo certeza de que seria para o meu bem. O chá estava gostoso e quentinho, do jeito que eu adorava, e eu sorri, fechando os olhos para degustar a junção daqueles três sabores, finalmente podendo discerni-los. O cítrico era o limão, o doce era do mel, já a refrescância se dava pela presença marcante do gengibre. Uma delícia. Eu conhecia aquela mistura, era ótima para combater o enjoo e aumentar a imunidade, minha mãe costumava fazer para mim e minha irmã quando estávamos resfriadas.

The Devil's Dagger • GWYNRIEL AUOnde histórias criam vida. Descubra agora