Capitulo 11 - Terapia

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A parede estava mais azul do que da última vez que estive aqui, a poltrona mais aconchegante o sorriso de Isadora mais deslumbrante. Faz alguns meses que não entro nessa sala, está sendo como se fosse a primeira vez.

- Quanto tempo,como você está? - Ela deu um breve sorriso, se acomodou em sua poltrona, pegou seu caderno de anotações.

- Tudo meio complicado. - Cruzei as pernas. - Acho que estou vivendo o momento mais incrível da minha vida, depois de uma grande decepção.

- Quer me falar um pouco sobre essa decepção?

- Bom, eu fiquei com um homem casado, que tirou a minha virgindade e depois me descartou como se eu fosse um nada. - Sorri rapidamente - Nesse meio tempo conheci Igor, ele é totalmente diferente dos caras que eu já conheci, mas, porque eu não consigo me entregar por completo a ele?

- Você acha que ainda sente algo por esse homem casado, por isso se retrai tanto com Igor? - Ela anotava em seu caderno.

Acho que deve ter tantos segredos de pacientes nessas anotações, eu sempre fiquei curioso em saber o que ela anota sobre mim, será que ela me acha um louco ou sei lá.

- Eu não sei, faz cinco meses que eu não o vejo, que eu nem ao menos falo com Lucas, meu melhor amigo.

- Você sente que as coisas ficaram mal resolvidas, Rafael?

- Eu queria só um "Porquê" - Me entristeço - Eu sei que quando eu e ele ficávamos juntos, não era só por sexo.

- Você está falando de Lucas ou do homem casado? - Ela fica um pouco confusa.

- O Homem casado é o pai de Lucas, então é mais complicado ainda.

- Você precisa ir até ele, e pedir uma satisfação, se você não fizer isso, vai ficar com esse ponto de interrogação pelo resto da vida. - Ela fala rapidamente.

- Você é minha psicológica, deveria estar me aconselhando a sei lá, só seguir em frente. - Falei rindo.

- Mas é o que eu estou fazendo. - Ela sorri - Você precisa fechar esse ciclo para seguir em frente, e você entende que precisa disso.

- É, eu sinto que preciso. - Respirei fundo - Preciso até para poder me entregar para Igor.

- Você sabe onde você cabe. - Ela sorri - Só não deixe as pessoas te diminuírem, não deixe que as pessoas define quem você é.

- Eu as vezes acho que me deixo ser usado, porque no fundo, eu estou recebendo algum tipo de afeto. - Comecei a chorar - Foi isso que eu sempre recebi dos meus pais, recebi tão pouco, então pouco pra mim está bom.

- Acho que já chega de migalhas de afeto não é Rafael? Os seus pais fizeram algo sem saber, sem entender que ali tinha um garotinho que só implorava por atenção e eles não davam, só que esse garoto cresceu e entende muita coisa agora. Você ainda quer continuar recebendo tão pouco, acha que ainda merece?

- Eu sei que não, eu entendo que não mereço mais.

- Porque ainda se permite ficar perto de pessoas que só te oferecem migalhas de afeto?

Eu fiquei em silêncio por alguns segundos. Isso me pegou tão forte.

- Acho que de forma involuntária. - Sorri.

- Vamos começar a partir de hoje pensar nisso? Vamos sair de lugares e pessoas que não te acrescentam em nada.

- Você acha importante ir falar com Rodrigo?

- Você quer saber o porque não é? Só ele vai poder te dar essa resposta.

- Tudo bem...

Eu amava ter esses momentos de reflexão com minha psicóloga. Eu entendia que algo dentro de mim não estava me fazendo seguir em frente. Fui direto para a casa de Igor, a gente tinha combinado de tomar um vinho e assistir algo. Chegando lá, consigo sentir o cheiro do jantar da porta. Ele me recebe com um sorriso largo no rosto. Dou um selinho e o acompanho até a cozinha.

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