Capitulo 20 - Armadilha

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Ele balançava a arma de um lado para o outro. Apontava para mim e para Rodrigo. Com a arma apontada em minha direção, ele começa seu pequeno discurso.

- E você Rafael, você acabou com tudo que eu chamo de família. Há que custo? Perder a sua virgindade? Mas tinha que ser logo com o meu pai não é mesmo? - Ele dá um sorriso - Eu percebia sempre as suas olhadas para ele, todas as vezes que ele chegava suado da academia, você não parava de olhar. Eu nunca disse nada, porque achava normal, aliás, meu pai é bonitão, você é gay. Mas nunca pensei que você alimentaria isso, ao ponto de querer transar com ele. Foi bom? Você liberou gostoso? Ele fez um bom trabalho? Porque nesse momento o que eu mais quero é acabar com essa palhaçada.

- Como você pode não entender nada do que eu te falei naquele dia, Lucas?.

- Entender o que Rafael, que a culpa é toda da minha mãe? Que ela foi o monstro que não deixava meu pai sair do armário. - Ele balança a cabeça como sinal de discordância - Ela e eu fomos as vítimas nas mãos de vocês.

- Meu filho, aquela mulher não é sua mãe. - Rodrigo começa a falar - Ela é louca.

- Não fala assim dela! - Lucas da um grito e em seguida dá um tiro na parede - Ela é a única que tem sido verdadeira comigo desde sempre. Papai, você deveria ter sido um pouco como a mamãe, me falado sobre as tuas frustrações, seu momentos homossexuais. Trair a mamãe com outros homens, você era o que? A mulherzinha deles?

- Ela fez a sua cabeça meu filho.

- Não pai, Rodrigo. - Ele me olhou rapidamente e voltou os olhos para Rodrigo - Ela abriu meus olhos, me contou tudo o que você fez com ela e ainda por cima você sai como um herói, o protagonista da história. Que no final de tudo ganha uma grande fortuna pra viajar pelo mundo e sair comendo ou dando pra qualquer homem barbado que seja.

- E matar o seu pai vai adiantar o que? - Perguntei.

- A minha mãe tem outra família, tenho até outros irmãos. Eu vou dar tudo o que eles merecem.

- Você vivia uma ilusão Lucas.

- Eu gostava daquela ilusão Rafael - Ele começa a chorar - Eu tinha um pai e uma mãe todas as vezes que eu voltava da escola. Tinha as brigas, e é normal, todo casal briga. Agora, tem o que?

- Tem seus novos irmãos, tem a outra família da sua mãe. - Eu tentava me aproximar, mas era impossível.

- Cala a boca! - Ele da outro grito - Adeus Rafael, adeus pai.

Ele coloca o dedo no gatilho, eu estava com muito medo, nunca tinha visto Lucas desse jeito, ele está desorientado. A arma estava apontada para mim, eu sentia que ali era o meu fim.

- Não! - Gritou Fabiana - Eu não posso deixar você fazer isso sem mim.

Ela olhou para mim e Rodrigo e começou a rir.

- Já era esperado. - Rodrigo começa a rir.

- Pois é Rodrigo, nosso filho abriu os olhos com relação a você.

- Você conseguiu manipular ele muito bem não é? - Ele ri - Em toda a nossa relação, você conseguiu fingir bem.

- Eu não vou brigar com você. - Ela o encara - Inclusive, recebi os papéis do divórcio, mas percebi que eu ganho muito mais sendo viúva.

- Vai dar um fim no meu corpo, assim como você fez com aquele garoto? O garoto que você fez Lucas assumir a culpa.

- Eu matei aquele menino, eu não sei como, mas eu matei, mamãe só me ajudou a não ser preso. - Lucas entra na conversa.

- E você acreditou em tudo o que ela disse? - Rodrigo fica nervoso - Me mata logo, fica com a merda do dinheiro seu ingrato, eu permaneci nessa relação porque ela ameaçava te colocar na cadeia. Eu fiquei pra te proteger, tudo o que eu fiz foi por você. Eu poderia ter vivido minha vida da melhor forma possível, agora você vem com essa merda de ingratidão.

Rodrigo se aproximou de Lucas, pegou em seu punho, posicionando a arma no próprio peito.

- Rodrigo, não faz isso. - Gritei.

- Me mata Lucas - Ele começa a gritar - Me mata.

- Para pai. - Lucas começa a chorar.

- Você é medíocre Lucas, ingrato mimado. Eu prefiro morrer do que ter que olhar para sua cara e perceber que eu gastei tempo da minha vida, pra isso.

- Não me força pai. - As lágrimas de Lucas escorriam pelo seu rosto.

- Para Rodrigo. - Eu também chorava.

- Vai Lucas, faz o que você ia fazer antes de Fabiana passar por aquela porta. - Rodrigo insistia.

Tudo aconteceu tão rápido, parecia estar em um filme onde tudo começa a ficar em câmera lenta. A arma é disparada. Rodrigo caiu no chão, as mãos de Lucas tremiam. Ele deixou a arma cair no chão, Fabiana pega em seu braço puxando para fora dali. Eu fui correndo até Rodrigo, ele ainda respirava, coloquei minha mão no buraco da bala apertando o mais forte possível para estancar o sangue. Peguei o meu celular e liguei para a ambulância, gritando e pedindo para vir o mais rápido possível.

- Rafael. - Rodrigo tenta falar - Foi bom te conhecer.

- Não, ainda está sendo - Eu não conseguia parar de chorar - Você não vai morrer, eu prometo, ainda não terminamos o nosso jantar.

- Eu não sei. - Ele passa a mão no meu rosto - Se eu soubesse que seria assim, teria prolongado mais meus momentos com você.

- Para de falar essas coisas - Eu ainda estava pressionando o sangue - Você vai sair vivo, droga.

A voz dele ficava cada vez mais fraca, os enfermeiros invadem a casa com uma maca, eles colocam Rodrigo rapidamente dentro da ambulância, eu tento ir para acompanhá-los. Mas entra Lucas  e Fabiana com a policia.

- Prenda esses dois policial. - Falei me aproximando.

- Foi ele delegado. - Lucas aponta para mim - Ele atirou no meu pai.

Eu não consigo acreditar que ele teve a cara de pau de me acusar.

- Oque? - Comecei a rir de nervosos - Você tá de sacanagem com a minha cara não é Lucas.

- Você está preso. - Um policial se aproximou para me algemar.

- Com embasamento em que? - Questionei - Pegue a arma, faça sei lá, uma investigação e você saberá de tudo.

- Não será preciso. - O próprio delegado me algemou - Encontramos provas na sua casa, seu quarto tinha muita droga, no seu computador várias mensagens de ameaças enviadas a Lucas, dizendo que mataria ele e a família. Dentro do seu quarto também encontramos arma, fotos de um garoto desaparecido e a roupa do dia que o rapaz sumiu, um dos meus casos mais difícil e o culpado foi você.

Eu não acredito que eu cai nisso, deixei Lucas ir morar em casa, ele estava implantando provas para me incriminar, mexendo no meu computador. Como eu posso ser tão burro por não ter notado nada, acho que estava tão feliz por ele ter aceitado a mim e o pai dele. Eu não acredito que eu não percebi nada, eu não acredito.

- Isso foi armado para me incriminar.

- Você foi bem esperto Rafael - O delegado continua - Nunca iriamos desconfiar de um jovem rico, com um pai tão influente na mídia.

Ele me leva em direção ao carro, eu olhei para Lucas.

- O seu pai vai viver.

- Tchau amigo! - Ele apenas sorriu para mim.

- Espere! - Fabiana Gritou - Deixa eu dar um abraço de perdão nele, eu sou muito religiosa.

Ela me abraça.

- Vocês vão pagar por tudo o que fizeram.

- Quem ri por último, ri melhor - Ela sussurrou no meu ouvido - Vou orar por você Rafael.

Sou jogado para dentro da viatura. Eu vou sair dessa, o plano deles não pode ter sido tão perfeito assim...

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