Capitulo 17 - Meu pai

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                          RENAN

Ela estava em seu leito de morte

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Ela estava em seu leito de morte. Eu estava sentado ao lado dela na cama do hospital. A voz era fraca, um pouco rouca, ela estava passando por um caso grave de pneumonia, era horrível ver minha mãe naquela situação, eu não podia fazer nada para ajuda-la, apenas horar e pedir a Deus que os médicos consiga cura-la.

- Renan - Ela tenta forçar um pouco a fala - Eu preciso te contar uma coisa muito séria. Eu nunca falei sobre o seu pai, e quem ele é.

- Eu sempre quis entender o porque de você não se abrir comigo sobre ele.

- Porque ele é um monstro Renan - Ela fica nervosa.

- Me fale então mãe, eu quero muito saber. - Falei também nervoso.

Eu sei que não poderia pressiona-la, mas  era uma pauta importante para eu discutir, mesmo num momento tão complicado.

- Seu pai é aquele apresentador de jornal, Fábio Bittencourt. - Ela fala rapidamente.

O apresentador do telejornal mais famoso do país, ela só pode estar brincando comigo.

- Não é possível mãe, me fala quem é meu pai de verdade, sem nenhuma piada, não nessas horas. -  A Encarei.

- Eu era uma garota da noite, trabalhava em um bordel quando eu o conheci.

                         ANO DE 2001

Ele ia toda noite me ver dançado naquele bordel, eu era a única garota que ele escolhia. Um rapaz jovem, moreno, alto e com um olhar sedutor, ele era o garoto mais lindo que aparecia naquele lugar, eu nunca entendi o porquê dele estar ali todas as noites, e porque eu era a única que ele escolhia para transar, eu me apeguei muito a ele, e ele se apegou a mim, a gente tinha planos e sonhos juntos. Eu ajudava ele pagar a faculdade de jornalismo na época, era tão caro, mas eu me esforçava, eu atendia até os piores clientes, para eu conseguir muito dinheiro e ajudar ele com os estudos.

- Eu prometo te tirar daqui depois que eu conseguir um emprego.  - Estávamos deitados na cama, eu estava com a cabeça no peito dele, passando a mão pelo seu corpo. - Eu prometo.

- Eu sei disso, vamos finalmente ter a nossa família, grande e feliz, eu já imagino nossos filhos orgulhosos do pai que eles tem. - Falei sorrindo.

Eu sonhava todos os dias com a nossa família.

- Eu fico tão triste por não poder te tirar daqui agora, Melissa, nem um emprego eu tenho, você que paga minha faculdade. - Ele fala nervoso.

- Inclusive eu já tenho o dinheiro da mensalidade desse mês. - Me levantei da cama e fui até uma cômoda que tinha. - Não está sendo fácil, mas eu estou conseguindo te ajudar.

- Eu vou te tirar desse lugar Melissa, vamos passar um borracha em tudo o que você viveu aqui, você vai ser uma madame da sociedade, vai ser rica, vai se destacar pro mundo se depender de mim. - Ele se aproxima por trás de mim, me abraça e dá um beijo no meu pescoço.

- Pega! - Entreguei o dinheiro para ele.

- Fala que me ama. - Ele sorri.

- Eu te amo, você não precisa duvidar disso Fábio.

Ele já estava no último ano de faculdade, eu me sentia tão feliz, não quero ser uma mulher de bordel a vida toda, eu quero ter uma família e filhos. Os dias foram se passando, nossos encontros eram cada vez mais intensos. Assim que ele terminou a faculdade, recebeu um convite para trabalhar em uma emissora local. Quando veio me falar sobre isso. Eu não conseguia disfarçar a minha felicidade. Eu tinha ficado grávida, e percebi que era um bom momento para falar isso para ele, agora que ele tem um emprego, podemos ter nossa família. Ele  entrou no bordel sorrindo, conseguia ver seus dentes brancos de longe, os olhos brilhando. Fomos para o quarto e eu pude dar o melhor sexo da vida dele, eu sentia que esse era o nosso último sexo nesse lugar.

- Finalmente a minha vida vai mudar. - Ele falava rindo.

- Eu estou tão feliz, finalmente podemos construir nossa família. - Eu não continha a minha felicidade - Preciso te contar uma coisa.

- Eu quero te contar uma coisa primeiro. - Ele se sentou na cama e olhou para mim - Estou ficando com uma garota.

- Como assim? - Comecei a ficar nervosa.

- Ela é uma riquinha mimada, mas eu só estou usando ela pra crescer na TV. Então não sei se vou continuar vindo aqui. - Ele me encarava ao jogar essas palavras para cima de mim.

- Eu não acredito que você fez isso. - Gritei.

- Eu precisei fazer isso, por nós.

- Por nós? - Eu comecei a rir nervosa - Por você, sempre foi por você. Como eu pude ser tão burra.

- Não Melissa, eu amo você. - Ele tentou pegar na minha mão - Eu só estou fazendo isso para crescer na vida.

- E se eu tivesse um filho, Fábio? - Olho em seus olhos - Você iria abandonar a mãe do seu filho?

- Deus me livre, eu faria você abortar essa criança imediatamente. Eu já mais ia querer ter um filho de uma prostituta. - Ele solta aquilo.

- Sai daqui. - Gritei.

- Eu não quis dizer isso, me desculpa.

- Sai daqui Fábio. - Gritei mais alto.

Ele vestiu as roupas rapidamente.

- Eu vou te devolver cada centavo que você me deu. - Ele me olhava.

Eu expulsei ele do quarto e desabei em choro, meu peito doía muito, eu senti como se o meu mundo tivesse acabado ali. Eu nunca tinha criado um plano na minha vida que não incluísse viver com ele para sempre. Esse filho era pra ser criado com um pai que iria amar ele com toda força. Depois daquilo, eu prometi a mim mesma que ele nunca iria saber dessa criança, ele nunca vai saber que teve um filho de uma prostituta.
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- Depois disso eu sai daquele bordel, fui morar na casa de uma tia e nunca mais o vi, a não ser na televisão.

- Eu não acredito que ele fez isso com você mãe. - Eu estava chorando - Ele tem que pagar por tudo.

- Eu quero que você esqueça disso Renan, esse homem não é bom pra você. Eu só te falei tudo isso, porque não era justo deixar você sem saber.

- Eu não sei mais o que é justo mãe, ele te usou pra ficar rico. Agora vive mostrando a família rica e perfeita dele nas redes sociais. - Eu estava sentindo um turbilhão de emoções. - Agora você está aqui, na precariedade de um hospital público.

- Renan. - Ela começou a tossir, eu sentia que ela estava cada vez mais fraca. - Me promete que vai deixar isso pra lá?

- Eu não sei mãe.

- Renan? - Ela fica nervosa.

O aparelho de batimentos dela começou a apitar, uma enfermeira entrou as pressas no quarto e me tirou de lá. Fiquei na sala de espera, aguardando alguém vir falar sobre o estado de saúde da minha mãe. O médico não demora muito para aparecer, ele me dá a notícia da morte dela. Eu não poderia acreditar que perdi a pessoa mais importante da minha vida, eu estava inconsolável, fiquei trancado no quarto por alguns dias sentindo o luto que parecia não ter fim, eu pensei em vários momentos a desistir de tudo, estou sozinho nesse mundo agora sem a minha mãe. Mas o que me mantinha de pé, era a sede de vingança, meu pai precisa pagar pelo que ele fez, eu vou fazer questão de fazer ele sofrer por tudo. Começando pelo filho dele.

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