CAPÍTULO 4

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UMA PEQUENA MENSAGEM RESOLVE TODOS OS MEUS PROBLEMAS

Alice Schmitz
Alemanha | 01:03 - 14/02/2007

Depois de tudo o que aconteceu mais cedo, e do pequeno sermão que levei da minha vó, que queria apenas que eu me sentissse bem, já que não vai estar aqui no sábado, Mia e eu subimos para o meu quarto, enquanto ela fez o que disse que faria, se trancou no escritório, do outro lado da casa, e tenho quase certeza que não saiu até agora.

Mia quis conversar por cerca de uma hora depois de tudo, e me fez falar tudo o que eu estava sentindo, a repeito do aniversário, do meu pai e da audição. Choramos, rimos, e no fim decidimos esquecer tudo, como sempre fazemos, voltando a assistir os filmes de Pânico, como se nada tivesse acontecido. Está tudo ok agora. De verdade.

A casa está silenciosa, o máximo que consigo escutar é o som dos carros passando na rua do lado de fora, e do meu próprio relógio, o que é até que bom, já que trás calmaria. O problema é que, no silêncio eu costumo pensar muito. E, como já disse, me estresso facilmente quando faço isso, mas, mesmo assim, é completamente inevitável.

Depois que acabamos o terceiro e último filme de Pânico, há cerca de meia hora, a Mia simplesmente desmaio de sono, e não a vi se mexer até agora, o que, pensando bem pode até ser um pouco preocupante.

- Mia - chamo, enquanto a cutuco de leve com a ponta dos meus dedos - Você tá legal?

- Hum... sai! - diz, sem abrir os olhos, errando ao tacar uma almofada em mim. É, está perfeitamente bem.

Deito de barriga para cima no tapete, observando o teto branco do meu quarto.

Fazem sete meses desde a última vez que vi meu pai pessoalmente, e aquele dia ele estava acompanhado da nova família, passou meia hora comigo dentro de um restaurante refinado, comendo meia dúzia de folhas de alface sem tempero nem gosto de nada, mas que conseguiam feder a chulé, e no fim brigou comigo por não praticar três esportes por semana, falar quatro línguas fluentemente e ser representante da minha classe, como a linda, incrível e maravilhosa Valentina.

Foi péssimo.

Chego até mesmo a me surpreender pelo simples fato de ele se lembrar do meu sonho com a música. Pensei que havia se esquecido disso, assim como esqueceu de todas as outras coisas, de todos os Dia dos Pais, de todas as apresentações na escola, e da minha mãe. É estranho pensar que alguma parte dele ainda é a mesma de quando eu tinha oito anos e nós corríamos pela minha antiga casa, usando meias coloridas e luvas com estampas de animais. De quando ele fazia trança no meu cabelo para ir para a escola, e acabava em uma centena de nós, ou de quando, no verão, comprávamos sorvete, mas demorávamos muito para comer, e ele derretia nas nossas mãos, sujando tudo.

Não, esse pai não existe mais.

E eu não ligo.

Ao menos dessa vez ele está fazendo algo que me beneficia de alguma forma. Uma grande forma, e é isso o que realmente importa. Só isso.

Uma audição. Com um produtor famoso. Meu sonho se tornando realidade.

O empresário! Droga, esqueci!

Me levanto em um pulo, pegando meu telefone, que tinha largado em cima do puff branco perto da minha penteadeira. Ligo e abro meu aplicativo de mensagens instantâneas, vendo uma nova notificação.

Heidi Schmitz te enviou um contato desconhecido.

As palavras brilham na tela, e eu sinto meu coração acelerar.

Já passa da uma da manhã, e sei que não é exatamente conveniente ou educado mandar uma mensagem agora, mas não consigo resistir à tentação.

Abro o contato, vendo o nome salvo: Axel Hoffmann.

Então é esse o nome da minha fada madrinha?

Será que se eu conseguir passar na audição, ele vem voando num vestido azul com uma varinha me dizer que sou a nova vocalista da sua banda?

Seria incrível, mas um tanto quanto perturbador, levando em conta que deve ser um homem de meia idade calvo. Pelo menos é como estou imagiando.

Quer dizer, que tipo de pessoa cabeluda se chamaria Axel? Simplesmente é incompatível para caralho!

Bom, foda-se também, o cabelo dele não me interessa agora, apenas o SMS que pretendo enviar.

Olá, tudo bem?

Eu me chamo Alice Schmitz, sou neta da Heidi e filha do Hans Schmitz, foram eles quem me passaram seu contato, sr. Hoffmann. Soube sobre uma audição que ocorrerá no dia dezessete desse mês, na sexta feira de manhã. Gostaria de confirmar com o senhor.

Obs: Perdão pelo horário.

Com um só clic de coragem envio as mensagens. Pronto, já era, se der bosta já foi.

Sinto um pouco da minha ansiedade indo embora com isso, mas não toda, é claro que não. Quer dizer, e se ele não responder? E se ficar realmente incomodado por conta do horário? E se eu acabei de fuder com todo o meu sonho da fada madrinha calvona? Puta que pariu!

DIGITANDO...

Meu coração para por um segundo. Meu Deus. Ele leu. Já era. Fodeu.

Oi Alice, e ai? Estou bem sim, obrigado. Sei sim quem são seus parentes, gosto muito dos dois por sinal. A audição será nessa data mesmo, as oito horas da manhã. Você e mais algumas participantes disputarão a nova vaga de vocalista da minha banda alemã de maior sucesso. Não estou autorizado a revelar nomes agora, principalmente por conta da privacidade dos integrantes já participantes da banda, e também para evitar exposições, polêmicas e, claro, para podermos fazer uma boa surpresa para os fãs. Mas ficarei feliz em te acompanhar na sua audição e dar todo o suporte possível, se quiser trazer algum outro acompanhante também está autorizada, ok? Te espero lá.

Quero ressaltar também que, apesar de eu conhecer a sua família, isso não te dá nenhum benefício, blz? Será tudo embazado no seu próprio talento.

OBS: Não se preocupe com a hora, estou acostumado a dormir bem tarde. E pode me chamar de Axel, sr. Hollfmann me faz parecer um idoso.

Ok, eu não fodi com tudo.

Não fodi com nada. Está tudo perfeito, na verdade.

Pisco e quando percebo, estou pulando igual a uma cabrita pelo quarto, feliz.

- O que você está fazendo, esquizofrênica? - Mia entreabre um pouquinho dos olhos, apenas o basnte para me ver e rir de mim.

- Eu mandei mensagem para ele. Para o empresário da audição!

Mia se senta rápido na cama, levantando as sobrancelhas e acordando de verdade.

- Agora!?

- É.

- Você ficou louca? O homem deve estar dormindo!

- Não estava! E agora é real, oficial, confirmado! E ainda por cima eu posso levar uma acompanhante, ou seja, Mia você vai comigo!

Ela abre um sorriso largo, ainda com cara de sono, me abraçando.

- Amanhã temos que fazer compras, para chegarmos bem na sexta-feira! - falo.

- Sim, sim, mas, que tal dormirmos um poquinho agora? Hum, o que você acha dessa ideia de gênia?

Reviro os olhos bufando, quando ela me derruba na cama e cai ao meu lado, pegando no sono novamente.

Autora:

Gente amanhã tem aula, que tristeza, e eu vou precisar remarcar seis provas, porque fui viajar! Queria ter tempo de escrever mais mas acho que nos próximos dias vou estar meio enrolada, desculpa.

Beijos da Du 💖

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