CAPÍTULO 19

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BOAS VINDAS ÀS MÁS NOTÍCIAS

Alice Schmitz
Alemanha | 10:00 - 22/02/2007

Estou sentada gravando o aeroporto com a minha nova câmera digital cor-de-rosa. Aguardando ansiosamente.

Não vejo a Mia há três dias, desde que saímos daquele hotel e voltamos para minha casa. O irmão dela, Ben, ligou muito irritado e foi buscá-la de carro assim que chegamos, mal me dando oi.

"Como eu já fui amiga desse mané?" pensei assim que deu partida, indo para a casa deles a algumas quadras.

Porém, antes do insuportável do Ben raptá-la e mantê-la em cativeiro o resto da semana, Mia me deu meu presente de aniversário atrasado. Ela falou que pretendia entregar durante a festa, mas que com tudo o que aconteceu acabou não conseguindo.

Eu desembrulhei a embalagem prateada e tirei o laço decorativo, e pá! O melhor presente de todos! A câmera mais maneira do mundo inteiro!

Sério, isso é demais! Eu queria uma câmera digital dessas há pelo menos uns três anos. Fiquei tão feliz que Mia lembrou disso. E ainda comprou da minha cor preferida.

Já gravei cerca de uma dúzia e meia de vídeos nesses três dias. A maioria são meus, ou das minhas roupas, do meu quarto ou então na escola, comigo narrando cada momento.

Dá para tirar fotos também, e obviamente tirei muitas (incluindo coisas bobas, como perfumes, flores, pássaros e esmaltes), simplesmente não consigo mais ir para lugar nenhum sem isso. É fantástico.

- Alice!

Olho para frente surpresa, vendo minha vó chegando, cheia de malas de viagem e bolsas combinando em branco e dourado.

- Me ajuda aqui - ela pede, me entregando seu copo de café.

- Senti saudades! - digo animada.

- Não fez nenhum besteira enquanto eu estava fora, não é?

- Eu? É claro que não.

Não, nada. Só arrumei confusão três vezes com a mesma cabeça de fósforo, e ela quase me bateu e me deixou careca. Beijei um fumante aleatório, roubei ele, menti sobre termos feito sexo e mandei um bilhete dizendo que quero que seus pulmões derretam. Além de ter dormido num quarto de hotel completamente estranho, ido a duas festas e ficado tão bêbada que nem tive tempo de ter ressaca, e, de brinde, perdi a Mia durante umas 15 horas.

Sério, nada demais.

- Hum, vou fingir que acredito - minha avó ri.

- Você deveria - respondo sorrindo e a abraçando.

É engraçado o quanto uma semana pode ser longa e nos mudar completamente. Mas não a minha avó, ela ainda é a mesma dos últimos dezessete anos, e é como se esses dias não tivessem tido nenhum efeito modificante nela, o que eu acho bom. Continua cheirando a Channel N°5, café e alguma antiguidade inglesa cara que ela comprou (e que fede a chá britânico estragado). Isso é bem reconfortante, para ser sincera.

- Senti saudades também - fala.

Sorrio. Outra coisa boa com a volta de Heidi Schmitz à Alemanha é o fim das férias temporárias da Dorota e sua volta à minha casa. Ela chegou hoje cedo e veio comigo para cá, deveria estar aqui agora, mas acho que se perdeu no aeroporto.

SCREAM | Tom Kaulitz (Tokio Hotel)Onde histórias criam vida. Descubra agora