CAPÍTULO 2

431 27 15
                                    

COMEÇOS DE TARDE SÃO SEMPRE BONS

Alice Schmitz
Alemanha | 14:00 - 13/02/2007

- FINALMENTE, DEUS, AR PURO DE VERDADE! - Mia levanta as mãos para o alto, fechando os olhos enquanto caminha ao meu lado na rua vazia.

- SEM A POLUIÇÃO TÓXICA DOS LIVROS E A NEGATIVIDADE DE... TODO MUNDO! - complemento.

Fazem exatos sete minutos que saímos da escola. Já estávamos com abstinência de liberdade.

- Então, senhorita Schmitz - Mia fala com a voz forçadamente rouca - o que aprendeu nas aulas de hoje?

- Deixe-me pensar, senhorita Sperb - respondo no mesmo tom - descobri que ouvir música durante a explicação é uma grande falta de respeito. E que durmo muito melhor nas aulas de biologia que nas de história.

Ela ri.

- E você? - pergunto.

Mia faz uma cara pensativa exagerada durante alguns momentos.

- Que a minha fome multiplicada pela soma do meu cansaço e da minha preguiça, resultam na minha total procrastinação matinal, que é o principal motivo pela qual eu não faço nada. Ou seja, não é culpa minha.

- É claro, isso faz muito, muito sentido.

- Oh, se faz!

Avisto o "Smoothies" a algumas quadras de distância de onde estamos, me animando. Não existe restaurante melhor em toda a Alemanha! Principalmente quando minha barriga está roncando.

Caminhamos até lá jogando conversa a fora, até ouvirmos alguns gritos.

Peraí, gritos?

Olho em volta, procurando de onde estão vindo.

- Meu Deus! - Mia arregala os olhos.

- Que loucas!

Estamos simplesmente paradas no meio da rua, imobilizadas pelo choque e pela vergonha alheia.

Há um grupo de cerca de vinte garotas da nossa idade perto da porta do "Smoothies", saltitando aos berros com cartazes nas mãos, batendo no vidro de uma limusine preta, estacionada bem na frente do estabelecimento.

Tento enxergar melhor o que está acontecendo.

- Será que é algum famoso legal? - pergunto.

- Se é legal eu não sei, mas famoso com certeza - Mia fala - Será que elas não percebem o vergonhão de estar assim na rua?

- Se percebem não devem ligar. Se não percebem é porque já não tem mais noção de nada.

Algumas meninas tem bandanas na cabeça e canetas entre os dedos, vejo uma com algo escrito até nas bochechas, me fazendo soltar um risinho.

Ainda estamos a mais ou menos um quarteirão, então é impossível ler o que há nos cartazes, o que, admito, é frustrante. Já imaginou se a Paris Hilton ou a Lindsay Lohan está almoçando no meu lugar preferido nesse momento e eu nem estou sabendo? Sem poder estar lá para ver e cumprimentá-las?

Sim, muito decepcionante.

Apesar de que, o que a Paris Hilton estaria fazendo em um café alemão as duas da tarde de uma segunda-feira de fevereiro? Acorda, Alice!

- Acho que o tal famoso já está indo embora, hein? - Mia me tira dos meus pensamentos aleatórios - Aparentemente alguém vai sair.

A porta de vidro do restaurante se abre, mas não consigo distinguir nenhum dos rostos que saem, apenas percebo que são garotos, e que não os conheço. Realmente muito decepcionante.

SCREAM | Tom Kaulitz (Tokio Hotel)Onde histórias criam vida. Descubra agora