CAPÍTULO 47

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VIAGENS

Alice Schmitz
Alemanha | 20:50 - 18/03/2007

Estou me sentindo como uma vitamina nojenta daqueles desafios idiotas, onde as pessoas misturam umas coisas estranhas e depois são obrigadas a beber. Eu facilmente poderia ser uma banana com pasta de amendoim misturada com abacaxi, kiwi e abacate, caramelo e chocolate nesse exato momento.

Sim, uma banana amassada com pasta de amendoim e abacate por cima me descreve perfeitamente.

Tudo está uma confusão, um caos divertido e meio melancólico. É engraçado como todos decidiram marcar vôos para o mesmo dia.

Hazel teve que voltar para a Inglaterra definitivamente dessa vez, sem mais escapadinhas para Leipzig em dias de aula, mas pelo menos ela foi em grande estilo. Estava usando uma jaqueta preta brilhante de couro, e fez questão de pintar uma mexa do cabelo de vermelho antes de partir (o único problema foi ter decidido fazer isso escondida no banheiro do quarto da Mia, com nós três asfixiando com o cheiro forte da água oxigenada, na madrugada de ontem).

"Vou sentir saudade de vocês, meninas. Comprem bugigangas americanas para mim. E gritem que Harvard e Yale não estão com nada!" ela disse, uns cinco minutos antes de começar a flertar com um homem uniformizado, que depois descobrimos ser o piloto do avião dela. Bom, a Hazy é especialista em aventuras aéreas Principalmente se envolver homens... Só espero que ele não desconfie que ela tem dezenove anos, e não vinte e cinco, como jurou que tinha.

Hazel Sperb é uma completa maluca que me ensinou tudo o que eu sei sobre besteiras e palavrões. Até o Ben, que veio se despedir dela e dos tios, voltou aos velhos tempos e riu das nossas piadas duvidosas de duplo sentido escancarado. Acho que ele virou um chato porque não tem mais a influência dessa alcoolatra descontrolada na vida dele, só dos pais chatos da Mia.

E falando em pais...

Estou considerando como sorte o final que tivemos eu e o meu.

Meia hora depois do embarque para o Reino Unido, era o momento dos vôos nacionais, o que significa "Oi Berlim! Tchau papai!".

Ele tentou se desculpar comigo umas mil vezes desde o domingo passado, mas eu não me importo mais. Desde que levantou a mão para mim, eu vi que não existia um amor verdadeiro, bom e saudável. E já sofri tempo demais por isso.

"Tchau, filha" ele disse e tentou me abraçar, mas limitei nosso contato físico a um simples aperto de mãos.

"Tchau, Hãns"

Em seguida Paola se despediu e eu (muito surpreendentemente) não senti raiva dela, apenas disse adeus.

Mas da Valentina... ah, dela eu senti ódio.

"Espero que você não volte nunca mais, sua vaca!" exclamei em alto e bom som, para que todos que quisessem pudessem ouvir. "Faça bom proveito do seu papai. E não tente mais contar mentiras sobre mim, você já sabe o que acontece".

Ela apenas me encarou raivosa, sem responder, pois nós duas sabíamos que meu pai e a mãe dela haviam ouvido (e não dito absolutamente nada).

"E não tente mais competir comigo. O Tom me ama" murmurei perto do seu ouvido, segurando seu braço. "Tenta achar um cara corajoso que te ame também".

E então os três entraram no avião e voltaram para o lugar de onde nunca deveriam ter saído. E eu não senti remorso algum por isso.

- Ai, eu estou nervosa - Mia chama minha atenção - E se cair?

SCREAM | Tom Kaulitz (Tokio Hotel)Onde histórias criam vida. Descubra agora