Capítulo 2 - Mensagens

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19h45

Ja havia jantado quando decidi me jogar na cama. Eu considerava minha casa "legalzinha" mas definitivamente a decoração do meu quarto sempre será a parte mais linda de onde moro, falo com convicção. As paredes eram em branco, a cama era centralizada, o tapete que ficava perto dela, era em amarelo. Ao lado, a mesinha do computador, onde se podia encontrar o meu bloquinho de notas, com várias escrituras para Wednesday Addams. Escritas essas que ela nunca verá, e eu agradeço internamente por isso. Essa vergonha eu não quero passar. E não precisam falar, eu se que estou no auge da ilusão, mas quer saber? Foda-se! Fui despertada de meus devaneios quando ouvi batidas na porta. Era meu pai.

- Pode entrar, pai! - me posicionei melhor na cama.

- Não vai descer para jantar?

Murray Sinclair cuida de mim há 17 anos. Eu o amava muito, pois com tantas dificuldade no casamento com minha mãe, continuava aparentando um bom humor comigo e com Isabel, minha irmã mais nova. E nunca esteve ausente em nada.

- Mas tarde, pai! Vou terminar um exercício e já desço. - lhe dei um sorriso.

- Não jante tarde! E agasalhe-se, está fazendo muito frio. - dito isso, Murray fechou a porta.

Joguei-me em minha cama e me permiti bufar. Eu não era uma péssima aluna, mas em contrapartida, já ia de mal a pior em física. Na última prova tirei um belo 3,5... Preciso fazer o exercício de recuperação. Suspirei mais uma vez e peguei meu celular que estava próximo a mim. Alguém precisa me ajudar, mas quem?

Wednesday Addams

A garota gótica era uma gênia em física, chagando até a conseguir medalhas para o colégio quando haviam Olimpíadas. Ela só me fascina a cada dia mais. Eu devia pedir ajuda para a mesma?

Antes que a minha coragem se esgotasse, peguei meu celular e procurei seu número. Como consegui seu número? Simples! Nossa sala tem um grupo que foi criado para "ajudar nos estudos", isso chega a ser cômico, pois a única função daquilo é espalhar fofocas e mais fofocas.

Enfim, encontrei o contado e dei uma olhada no perfil de Wednesday. Nessa hora meu coração ia a mil! Eu sei, era apenas uma mensagem pedindo ajuda, mas e se ela estiver ocupada? Pior, e se eu estiver incomodando?

Com a pouca coragem que tinha, resolvi mandar um simples "Wednesday?", não deu muito tempo de iniciar minhas paranóias quando ela rapidamente respondeu:

Mensagens on

Enid:
Wednesday?
19:49

Wednesday:
Enid?
19:50

Enid:
Então... Desculpa incomodar,
sei que está sendo chato isso,
mas você poderia me ajudar?
19:51

Emo da minha vida:
Não está sendo chata,
não se preocupe
19:51

Enid:
Então... Vai me ajudar?
19:52

Emo da minha vida:
O que te aflige?
19:52

Enid:
Recuperação de física
19:52

Enid:
Eu sou uma negação em física,
mas se me ajudar eu posso retribuir...
19:53

Enid:
Eu sei um pouco de inglês, quer dizer,
não estou dizendo que você não é,
é só que... Aaah! Me perdoa, Wednesday
eu só quero ajuda :(
19:55

Emo da minha vida:
Ei, vai com calma, Enid
eu te ajudo sim.
Me envie foto das questões e eu
te mando respondido, okay?
19:57

Enid:
*Enid enviou uma imagem*
OBRIGADAA!
19:59

Mensagens off

Após isso, Wednesday nada mais respondeu. Ela devia estar respondendo as questões, com muita facilidade, imagino. Nem preciso dizer que reli todas aquelas mensagens, né? Mas para garantir, desliguei a internet para que ela não acabasse me mandando uma mensagem e descobrindo que eu estava com o chat aberto.

[...]

Após o jantar, tentei assistir TV na sala para me distrair. Passava um programa que eu não dei a mínima atenção. De repente ouvi batidas nas portas, o que me obrigou a levantar do sofá para atender. Fui o caminha inteiro amaldiçoado quem quer que esteja batendo na minha porta.

- Yoko? Divina? - Franzi o cenho quando vi minhas duas amigas.

Divina estava com um semblante preocupado enquanto Yoko bufava em raiva. Sem prefiro permissão - não que precisasse - Yoko adentrou casa a dentro. A mesma resmungava coisas que eu não entendia. Como chovia muito lá fora, as duas ensoparam a casa toda, mas não havia problema, depois eu limparia tudo... Pensando bem, tem problema sim

- YOKO, NÃO! - corri até ela - NÃO DENTA NESSE SOFÁ!

- Eu vou é sentar minha mão na tua cara, não ver que estou abalada emocionalmente? Eu poderia até estar morta agora, sua loira nojenta!

- Divina, o que houve? Por que estão aqui a essa hora? E por que vieram na chuva? - olhei para Yoko que sentou no chão tirando os sapatos - E por que Yoko está toda putinha?

- Primeiramente, boa noite. - Divina começou e sentou-se no chão, eu acompanhei aquela garota ensopada a minha frente - Acontece que quando eu cheguei em casa, encontrei Yoko batendo na minha porta com muita fúria.

- Eu passei quase meia hora chamando você, até que enfim encontrei onde você guardava a chave. - Yoko comentou enfurecida - Entrei e lanchei.

- Isso, você comeu TODA minha janta! - Divina cruzou os braços e se mostrou irritada. Eu apenas observava as duas, queria entender tudo aquilo.

- Mas e a parte em que eu lavei TODA sua louça? Isso você não cita, não é?

- OBRIGADA por deixar os pratos limpos, literalmente! - a última palavra, a garota sussurrou.

- okay, okay - comecei confusa - Yoko jantou toda sua comida e lavou sua louça, mas o que isso tem de mais?

- Nidzinha, eu saí hoje e um cara tentou me assaltar - Yoko começou, estava bastante nervosa - Imagina, eu estava bem, até que alguém me empurra me obrigando a dar todas as minhas economias e fugio - Yoko pareceu desesperada - FUGIU, ENID!

- E então ela foi me procurar! - Divina comentou.

Não pude deixar de me mostrar totalmente surpresa com aquilo. Com isso, apenas ofereci comida a elas e logo limpei a molhadeira da sala. Tentei falar com Yoko, mas a mesma parecia concentrada em procurar algum emprego online. Não fazia tanto tempo que havia me contado sobre o tal assalto e ela já parecia ter esquecido. Logo meu pai foi deixa-las até suas casas de carro e eu subi para o meu quarto, imaginando o quão loucas essas garotas eram. Sempre discutindo uma com a outra... Vai dar namoro!

Ao deitar vi meus cadernos espalhados na cama e automaticamente me lembrei de alguém: Wednesday Addams. Com isso meu coração acelerou.

Peguei meu celular e notei que faziam 27 minutos que ela havia me respondido. Trata-se das respostas das respostas que eu tanto almejava. Respondi um "obrigada!" que logo depois foi vizualizado. Após isso, nada mais aconteceu. Eu até pensei em chamá-la para conversar, mas não queria atrapalhar ainda mais.

Após responder as benditas questões, me preparei pra dormir. Pensei em escrever em meu diário sobre finalmente ter chamado Addams por mensagem, mas como estava esgotada, optei por dormir.

Kiss Me - Wenclair [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora