16. Jobless monday

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oi

feliz mês do orgulho, meus amores <3

começarei a sinalizar sobre significado de algumas palavras com "[1]" ao invés de "¹". 

boa leitura :)

*

O Hospital Público de Navori era um lugar grande. Não havia uma descrição diferente que pudesse ser dada além de gigantesco. Naquelas paredes brancas, porém, escondia-se o vazio da vida – e, muitas vezes, da falta desta.

Sett batia o pé no chão repetidas vezes. Sua mãe estava fazendo muitos exames desde que chegara, sendo considerado um caso de emergência. Desde então, como acompanhante, ele não teve direito a nenhuma informação.

Controlar e esconder seus sentimentos era algo que o meio-vastaya sempre foi bom em fazer. Mesmo com a preocupação, não conseguia chorar. O corpo tremia e os pelos estavam eriçados, mas as lágrimas não deixavam seus olhos.

No corredor vazio, apenas os bipes das máquinas se faziam presentes. As únicas quatro outras pessoas estavam um tanto afastadas, perdidas em seus próprios devaneios e problemas. Foi uma surpresa para Sett, então, quando uma velha senhora vastaya sentou-se ao seu lado.

— Bom dia, meu querido. O que leva um jovem tão bonito ao hospital tão cedo de uma segunda-feira? — ela indaga, colocando as mãos enrugadas por cima das dele e um sorriso estampando seu rosto. Por educação, Sett não recolheu a mão. Pensara naquilo, na verdade, como uma oportunidade de aliviar a própria tristeza e a solidão.

Era uma senhora velha para os padrões vastayeses. Cabelos grisalhos amarrados em um rabo de cavalo, as pontas das madeixas coloridas de um marrom claro, orelhas como as de uma vaca (ao mesmo tempo que eram diferentes, mas ele não conseguiria dizer como) [1] e pequenos chifres em sua cabeça. As roupas eram simples, apenas um manto amarronzado e com detalhes em azul, mas costurado a mão. Por aqueles padrões, Sett conseguia dizer que sua condição financeira deveria ser intermediária.

— Bom dia, minha senhora. Estou acompanhando a minha mãe. — ele responde, dando um sorriso pequeno, falso, apenas para retribuir a gentileza.

— Um menino amoroso, eu vejo. Queria que meu filho me acompanhasse assim. — a velha suspira, uma tristeza envolvendo sua voz.

— A senhora está sozinha?

— Estou, mas não se preocupe. Acredito que Deus sempre nos acompanha. — ela volta a sorrir. — Como se chama, meu filho? Sou Vera, aliás.

— Me chamo Sett. Muito prazer em conhecê-la, dona Vera. — Sett estende a mão para a mulher, que a aperta com calma.

— O que aconteceu com sua mãe? — Vera indaga, os olhos curiosos pousando sobre si.

— Eu não sei. — o vastaya admite, frustrado. — Quando cheguei em casa, ela não estava conseguindo se mover. Chamei a ambulância e viemos pra cá, mas até agora ninguém disse nada.

— Eu sei que não posso fazer muita coisa além de orar por ela, mas — Vera segura nas mãos dele, o encarando profundamente. — você parece ser um jovem que guarda muito as coisas para si. Já pensou em se expressar um pouco mais? Você parece tão triste, mas nem chora. Ela vai ficar bem, eu creio.

— Eu... — parecia tão aleatório aquela senhora segurar em sua mão e dizer-lhe aquilo que ele mal sabia como reagir. Talvez, porém, ela estivesse certa e pensar em algo além de sua pobre mãe fosse necessário. — Não gosto muito de expressar o que sinto. — admitiu, sem saber direito o que fazer.

Limiar da Noite [SettPhel]Onde histórias criam vida. Descubra agora