28. Art deco

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os capítulos de segunda geralmente saem mais cedo, mas hj eu tava meio noggers

boa leitura

*

Aquele ambiente do hospital era extremamente deprimente, na opinião de Sett. Talvez essa impressão fosse causada pelos bipes incessáveis, crianças gritando, pessoas reclamando e, às vezes, parentes chorando.

Ele não precisou de muita conversa com a recepção além do banal: documentos e todo aquele blá-blá-blá chato. O que importava era que, agora, estava de frente ao quarto de sua amada mãe.

Fez o mesmo rito da porta que sempre fazia e entrou. Suas orelhinhas estavam em pé, se movendo em um ritmo constante para demonstrar sua animação.

Rina estava em pé na janela do quarto, apoiada em muletas, olhando a paisagem.

A radioterapia não a estava afetando tanto, para a sua felicidade. Desde o começo, quando descobriram tudo, ela desabou em seu colo, contando-lhe o quanto tinha medo da quimioterapia. Com uma voz chorosa, ela disse que, em um passado nada distante, algum parente morreu pelo coma ocasionado pelo choque do tratamento.

Sett não pôde deixar de se arrepiar ao pensar naquilo acontecendo com sua mamis e estava feliz que a radioterapia fosse uma opção.

Caminhou até ela e a abraçou por trás, dando um beijinho em sua cabeça.

— Oi, mamis — cumprimentou, a voz muito gentil. — Tá se sentindo bem?

Rina tomou um pequeno susto, mas se virou para seu filho com o sorriso simpático de sempre.

— Meu amor, você nem veio me visitar ontem... — ela lamentou, abraçando o ruivo. — Fiquei com saudades.

O cheiro de frutas suaves do cabelo dela irradiou suas narinas e, se não fosse por seu rabo estar escondido [1], ele o teria abanado.

— Eu fiquei meio ocupado, mãe. Trabalhei na cafeteria até tarde e tudo. — Se afastou do abraço, ficando na frente dela.

A mamãe ergueu uma sobrancelha, desconfiada.

— O que você está escondendo, filhote? — Foi muitíssimo direta.

Sett encarou o chão com um sorriso bobo no rosto.

— Estou namorando! — exclamou, visivelmente radiante.

Rina não pode deixar de ficar tão jucunda quanto ele.

— Ah, meu Deus! Meu menininho está tão crescido! — Ela afundou a cabeça na camisa branca que seu filhote utilizava.

— Eu estou tão apaixonado por ele, mamis — murmurou. — E eu não posso deixar de agradecer a senhora, que abriu os meus olhos.

Eles se separaram do abraço e a vastaya olhou no fundo dos olhos de seu filho, segurando seu ombro com uma das mãos.

Para quem visse de longe, aquilo poderia parecer um pouco cômico. Para quem não conhecia dona Rina e só a tinha visto em cadeiras de rodas, poderia parecer assustador.

Mas era só uma mulher de 1,7 metros de altura com problemas de mobilidade que estava muito encantada com seu filhote crescendo.

— Como foi tudo? O pedido de namoro deu certo?

Ele teve que pedir para sua mãe sentar-se na maca para contar tudo nos mínimos detalhes — menos a parte do sexo. Aquilo Settrigh teria que deixar de fora.

Era engraçado que, mesmo sentenciada a utilização da cadeira por boa parte do tempo, Rina se recusava a ficar sentada. De qualquer forma, os médicos recomendavam-na que fizesse o uso das muletas por um curto período de tempo para que os músculos não se atrofiassem.

Limiar da Noite [SettPhel]Onde histórias criam vida. Descubra agora