na capa, o phel de cabelo vermelho.
sejam bem-vindo a última semana de LdN e boa leitura.
*
Só que não, não estava tudo bem.
Aphelios sentou-se em sua cama, agoniado. Passou a mão pelo peito e engoliu seco, sem saber como se sentir.
Sua cabeça estava corroída pela saudade e ele se desmanchava em devaneios.
Umedeceu os lábios, rachados da própria falta de cuidado, e bateu, nervoso, os pés no chão gelado.
Aceitar foi fácil por um único motivo: a saudade exagerada que sentia do seu namorado. Ao mesmo tempo, aceitar era muito difícil.
A última vez que esteve com os amigos de Settrigh foi esquisito. Não foram exatamente hostis e Phel gostou da conversa que tivera com aquele loiro (era Ezreal o seu nome?), porém era difícil socializar e se inserir naquele ambiente.
Sobre o aniversário em si, compreendia Alune ser chamada. Mas ele, o rapaz aparentemente mudo e esquisito? Não. Não, não e não. Não faz sentido. Parecia ser uma peça incômoda e que só estava ali para o agrado do seu ruivo.
Com a pouca unha que tinha, beliscou seu próprio rosto. Microagressão, como ele sempre fez para se acalmar.
Foi inevitável não impulsionar seu corpo para frente e para trás, como se estivesse numa cadeira de balanço.
Sem escolhas — porque já as havia feito —, agarrou Gyro e, em passos lentos, caminhou para o quarto de sua irmã.
O frio do chão era terrível, porém Aphelios não se incomodou em calçar sapatos para evitá-lo. Odiava a textura e preferia ficar sem, obrigado.
O quarto de Alune era convenientemente perto do seu e a porta possuía inúmeros desenhos, feitos por ela. Traçou com os dedos o caule de uma flor antes de bater na porta.
Esperou por alguns segundos, imóvel e tremendo um pouco pela própria ansiedade.
— Aphelios? — uma voz o chamou. — Eu não estou no quarto, não. — E era Alune.
Seus olhos se estreitaram ao olhar para a irmã, parada na escada.
O cabelo vermelho estava amarrado e ela vestia roupas tão casuais quanto podia. Seu sorriso era sereno e ela cheirava a alho e temperos.
— Oi. — ele disse, muito baixo para ela sequer ouvir, podendo assumir apenas pelo movimento lento dos lábios.
— Aconteceu algo? — ela perguntou. — Desce pra cozinha, vamos conversar.
Ela desceu a escadaria e ele a seguiu, ainda segurando seu ursinho contra o peito, murmurando palavras inaudíveis de nervosismo.
A cozinha cheirava a comida fresca, o que fez o nariz de Aphelios se contorcer em desgosto. Não que não gostasse da comida da irmã, mas o cheiro, para ele que não comia há dois dias, era insuportável e fazia seu estômago se revirar.
Seus dedos traçaram o pano fino que cobria a mesa e ele cobriu o nariz com o corpinho de Gyro, sem encarar sua irmã.
— Brigou com Sett? — Alune questiona, adicionando algo ao que quer que estivesse fazendo.
Aphelios negou com a cabeça, soltando um pequeno suspiro e apoiando a pelúcia sobre a mesa para conseguir gesticular.
"Não.", ele negou, "Não é uma coisa negativa.".
Ela arqueou a sobrancelha e desligou o fogão.
— O que houve, então? — Ela sentou-se à sua frente.
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Limiar da Noite [SettPhel]
FanfictionViver parecia um inferno. Convivendo com a sua própria infelicidade, Aphelios não sabe viver e não sente vontade de existir. Em sua mente, a felicidade não viria a ele de forma alguma. "A felicidade nunca poderia estar atada com as coisas materiais...