35. Look who's inside again

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Xayah deu uma risada alta.

— Perdeu, Ezreal. Tá me devendo cinco ouros. — Ela estendeu a mão, como quem pedia pela quantia.

— Na semana eu te dou. — Ezreal respondeu, ajeitando o cabelo.

— Em qual semana? — a de cabelos rosados indagou.

— A de São Nunca. Tá louca, menina? — Ele mostrou a língua.

— Vai acordar careca por culpa de cinco ouros? Sério mesmo? — Xayah riu.

Os dois começaram a sua discussão boba, sendo apartados por seus respectivos namorados.

Quando via coisas assim, Aphelios queria conseguir se encaixar. Queria conseguir fazer amigos com tanta facilidade assim.

Ele sempre viveu uma vida solitária, sem ninguém que realmente se importasse consigo fora de seu vínculo familiar. Era maltratado pelas crianças quando pequeno por seu jeito esquisito e, na adolescência, escondeu-se e recuou de qualquer contato. Quando se afundou na depressão, recuou mais ainda. Seu cabelo caía, as olheiras estavam fundas e Phel fedia a coisas nojentas. Sempre fora nojento, afinal.

Sua pele era suja, manchada de pecados e cortes fortes que insistia em fazer para se acalmar, principalmente durante seus períodos mais sombrios. Ele era sujo, manchado por algo que não poderia apagar.

Aphelios era tão sujo que não poderia ser amado.

Sua única amiga realmente próxima era Morgana e, às vezes, ele se perguntava como era ter tantos amigos quanto eles, que se reuniam, falavam e brincavam. Isto era muito diferente da sua realidade quieta.

Ele não conseguia raciocinar o que nenhuma das vozes ao seu redor diziam. A única que conseguia ouvir era a própria, repleta de pensamentos negativos.

Encheu-se de vontade de chorar e as lágrimas começaram a brotar.

Em desespero, puxou levemente a blusa do namorado, que o encarou.

"Onde fica o banheiro?", perguntou, apressado.

Sett olhou-o fundo nos olhos e massageou a bochecha alheia, como quem adivinhava que tinha algo de errado.

— Vou te levar lá — se ofereceu e Aphelios apenas concordou.

Antes de saírem, porém, ele sussurrou algo no ouvido de Kayn, que discutia alguma coisa com Yasuo (o que, pelo pouco que os conhecia, pôde assumir que, muito provavelmente, envolvia Yone). O moreno apenas concordou com a cabeça, mudando a expressão alegre e um pouco irritada para preocupada.

Aphelios não gostou de ver isso.


O banheiro do quarto de Kayn, que foi onde Sett o levou, era espaçoso e incrivelmente perfumado, assim como muito limpo. Era também, devido à distância dos outros cômodos, muito silencioso.

Phel esperava que seu namorado fosse embora assim que o deixasse ali, mas o meio-vastaya ficou o encarando.

Ficou aquele silêncio constrangedor enquanto Aphelios olhava para baixo, envergonhado demais para encará-lo.

Sentiu a mão carinhosa dele acariciar seus cabelos calmamente.

— Cê tá bem, bolinho? — Se Aphelios ouvisse aquela pergunta mais uma vez, iria surtar.

Não respondeu, apenas dando um suspiro fundo, sem olhar para frente.

Sem dizer nem uma palavra a mais, Sett também suspirou e o envolveu em um abraço quente.

Limiar da Noite [SettPhel]Onde histórias criam vida. Descubra agora