Capítulo 43 - Rótulo & Distância

9K 591 626
                                    

POV VALENTINA:

Por um momento custo a acreditar que minha mãe estava bem ali na minha frente, depois de tantos anos esbarrar assim com ela do nada foi uma surpresa e tanto.

Eu engulo seco e um silêncio insurdecedor toma conta dos meus ouvidos, eu tinha tanta coisa pra falar pra ela, mas ao mesmo tempo não sabia o que dizer, nem como reagir.

Me sinto pequena ali perto dela, me sinto angustiada como se a qualquer momento ela fosse me dizer algo ruim como sempre fez minha vida toda, eu só precisava sair dali, sinto uma ferida enorme gritar em meu peito, e uma vontade absurda de sair correndo pra o lugar mais longe possível, um lugar onde a Dona Catarina não possa alcançar e me machucar de novo.

- Mamãe? - Helena puxa minha mão.

- A gente não vai mais na máquina? - Léo também puxa minha mão.

- Vamos...vamos sim. - Respondo eles atordoada e me viro sem dizer nenhuma palavra a mulher mais velha que me olhava com firmeza.

- Valentina, a gente precisa conversar! - Ela segura meu braço forte.

- Eu não tenho nada pra conversar com você. - Puxo meu braço, e saio andando torcendo pra que ela não estivesse vindo atrás de mim.

- Você não tem o direito de me ignorar assim Valentina. Eu sou sua mãe! - Ela diz caminhando atrás de mim e eu paro imediatamente me virando.

- Mãe? Agora você vem me dizer que é minha mãe? - Passo a olhar ela com raiva. - Por favor, não me faça rir!

- Valentin...- A interrompo.

- Vai embora! - Meus olhos já estavam cheios e o choro travado na garganta.

- Mamãe, me ajuda! - Helena dizia animada tentando colocar o dinheiro na máquina.

- Qual o nome deles? - Ela questiona. - A Garota tem o sorriso do seu pai e os seus olhos, ela é você todinha principalmente quando era pequena.

- Por favor, vai embora... - Nesse momento não aguento mais segurar o choro e suplico pra ela sumir dali e de preferência nunca mais aparecer na minha vida de novo.

- Valentina, você não acha que precisamos conversar, filha? - ela insiste.

- NÃO ME CHAMA DE FILHA! - Digo mais alto que o normal, chamando a atenção de alguns a nossa volta, incluindo as crianças, enquanto minhas lágrimas rolavam eu sinto minha garganta sufocada, me impedindo de respirar.

- Para com esse show Valentina! - Ela dispara.

- Mamãe, tá tudo bem? - Helena diz se aproximando segurando minha mão, encarando aquela mulher que ela nem fazia ideia que era sua avó.

Eu pego Helena no colo com uma certa velocidade e caminho até o Léo puxando ele dá máquina pela mão, e o mesmo tenta me acompanhar com aquelas perninhas pequenas e volto pra mesa onde Luiza estava.

- O Cadu já me mandou as fotos, ficaram lindas. - Ela dizia sem tirar o olho do celular. - Eai, conseguiram? - Luiza direciona o olhar pra gente. - O que houve? - Ela pergunta preocupada e se levanta.

Eu tentava respirar fundo pra me acalmar, mas eu não estava conseguindo, era como se algo realmente impedisse a passagem de ar pelo meu corpo, eu não conseguia falar, apenas chorar.

- O que aconteceu? - ela direciona o olhar pras crianças preocupada.

- Eu não sei mamãe. - Léo responde baixo.

SIMPLESMENTE ACONTECE - VALUOnde histórias criam vida. Descubra agora