Capítulo 101 - Ganhar ou Perder

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POV HELENA:

Assim que as mamães furam o balão roxo, caí os papeizinhos dourados e eu entendi muito bem o que a minha titia explicou. Se o papel fosse dessa cor é porque seria a grande descoberta. Então significa que eu vou ter uma irmãzinha.

Mas não foi isso que eu pedi, eu queria que fosse um menino, bem pequenininho igual o Leozinho cabeça de abacaxi, e não uma menina pra roubar o meu lugar e o amor das minhas mamães.

Tá todo mundo gritando feliz, as mamães choravam e uma fumaça roxa saia de uma máquina. Eu fecho meus olhos e coloco as mãos nos meus ouvidos e me viro saindo correndo dali sem ninguém me ver. Dou a volta no jardim indo pra parte da frente da casa da vovó. Caminho me sentando no balanço que o tio Zé colocou pra gente, e começo a balançar bem alto, mas meu coração tava apertadinho então eu choro.

— Agora já era mesmo... — Com meu pézinho, vou diminuindo a frequência. — Eu deveria ter sido mais clara na hora de soprar as velinhas e ter pedido um irmãozinho MENINO. — Seco meu rosto.

— Achei você, mocinha! — A mamãe Lulu aparece se sentando no balanço livre ao meu lado, enquanto eu balançava bem devagarinho.

— Eu mudei de ideia, não quero mais que meu pedido de aniversário se realize. — Limpo a lágrima que resolve cair e olho pra mamãe.

— Filha, não fala isso... não tem como mudar de ideia. Sua irmãzinha tá aqui, e vai nascer forte e saudável pra aprontar muito com você. — A mamãe diz respirando fundo e eu volto a olhar pra frente. — Claro que você ter desejado um irmão, foi muito importante, mas ela não está aqui só por isso, eu quero muito ter esse bebê, meu amor.

— Você não entende... ninguém entende. — Meus olhinhos se fecham com força.

— O que eu não entendo, princesa? Me explica, deixa a mamãe entender pra poder te ajudar. — Ela sai do balanço e fica agachada na minha frente. — Olha pra mim... me conta o que tá acontecendo aí dentro dessa sua cabecinha.

— É que agora com a Alana, eu perdi tudo... — Fico cabisbaixa e a mamãe com cuidado põe a mão no meu queixo levantando meu rosto.

— Você não perdeu nada, meu amor.

— Perdi sim, eu não vou ser mais a sua garotinha número um, e nem a menina de olhos brilhantes da mamãe Valentina. Não vou ser a princesa do Leo e nem a boneca da vovó. Também não vou ser a criaturinha da titia Duda e já nem sou mais a carrapatinha da titia Sofia desde que a Florinha nasceu. — Minha respiração tava esquisita ela parecia estar pesada e eu começo a chorar tudo de novo. — Eu vou ser abandonada de novo, mas dessa vez por todo mundo e não só por você, mamãe Lulu.

— Filha, você NUNCA vai deixar de ser a minha garotinha número um e nem perder esse seu lugarzinho na vida de cada um de nós, quer saber por quê?

— Uhum... — Suspiro me acalmando.

— Porquê você é única, é importante, e não é substituível para ser trocada por alguém. A Alana vai nascer pra completar ainda mais a nossa família e não pra roubar o seu lugar, meu amor... ele é só seu. Assim como se fosse um menino ele não iria roubar o lugar do Leo.

— Então por que eu tenho tanto medo de te perder outra vez? — Me levanto do balanço chorando e abraço ela forte.

— Você não vai me perder outra vez, filha. — A voz da mamãe sai diferente, acho que ela está com vontade de chorar também. — Olha pra mamãe... — Desfaço nosso abraço e ela segura meu rosto. — A sua mãe nunca comete o mesmo erro duas vezes. Você, seu irmão, sua irmã e a mamãe Valentina, vão ser pra sempre a melhor coisa da minha vida. O motivo por eu querer acordar todos os dias. Eu não sou nada sem vocês. Perder vocês é como morrer por dentro e eu não quero isso de novo.

SIMPLESMENTE ACONTECE - VALUOnde histórias criam vida. Descubra agora