Capítulo 94 - Pé no Chão

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POV LUIZA:

Eu estava com um misto de sentimentos tão grande. Apesar de querer muito que der certo que esse embrião evolua, eu precisava manter o pé no chão e entender que pode não acontecer. Eu não sei exatamente no que pensar agora, ao mesmo tempo que eu quero ficar presa na realidade do que pode acontecer, quero flutuar e viver esse sonho que se instalou dentro de mim.

Antes de sairmos da clínica, recebi algumas recomendações médicas. Vida normal, mas sem esforço nesse período do processo. E o mais importante, eu não posso ter nenhum tipo de sangramento nos próximos dez dias.

Tanto eu quanto Valentina estávamos tensas, mas ao mesmo tempo confiantes, eu tenho uma chance pequena, na verdade 18% de chance, não é como se não fosse nada. Eu não quero me apegar nessa sensação que estou sentindo de que vai dar certo, porque não quero me frustrar caso não dê, e esse é o meu dilema atual.

Estamos voltando pra casa, mas antes vamos passar na minha sogra para pegar os pequenos. Apesar do medo, um brilho diferente se fazia presente no olhar da Valentina. De certa forma, hoje, dia 14 de fevereiro de 2024 viemos em busca do nosso terceiro filho e eu posso ter já já um pedacinho dela se desenvolvendo dentro de mim. Então sim, estamos com medo, mas também estamos felizes.

— Amor, você sabe que teremos dois eventos nos próximos dias, né? — Valentina dispara focada no trânsito.

— Dois? Um é o aniversário da Helena e o outro? — Digo olhando pra ela, acariciando sua coxa já que estava com a mão pousada ali.

— O longa que eu dirigi, amor. Finalmente ficou pronto e a pré estréia é no sábado, queria que você fosse comigo. — Ela para o carro no sinal vermelho e me olha fazendo um biquinho.

— Tudo bem, cariño, eu vou com você. — Sorrio e dou um selinho nela. — Mas precisamos começar a nos organizar pra festa da pequena, você sabe que ela tá toda animada.

— Ela nem decidiu o tema ainda, amor. Cada hora fala uma coisa. Sabe qual foi o último? Ela te falou? — Ela volta a dirigir.

— Qual? — Já dou risada antes de ouvir.

— "O reino magnífico da Helenona com chuva de sorvete." — Valentina balança a cabeça. — Ela falou exatamente isso. De onde essa menina cria essas coisas? Aí não contente, ontem já estava querendo mudar pro tema da Barbie, aí eu falei: "nossa filha que legal, acho uma ótima ideia". Então ela complementou que a barbie PRECISA estar vestida com roupa do homem aranha, pro Léo ficar feliz, mas a fantasia da barbie precisa ser rosa igual a dela que vai ser do homem aranha rosa. Por que a nossa filha não pode simplesmente escolher algum desenho sem ter que criar as coisas?

— Porque a nossa filha gosta de ser original, simples assim. — Sorrio.

— Aonde vamos arrumar uma fantasia do homem aranha ROSA?

— Por que esses personagens me perseguem? — Respiro fundo. — A roupa é o de menos, eu mesma posso criar e mandar confeccionar.

— Isso é verdade. — Ela ri e depois solta um suspiro. — Como você está se sentindo, hein? — Ela deixa uma mão livre enquanto a outra segurava o volante e pega a minha que estava em sua coxa levantando-a depositando um beijo.

— Eu não sei como eu to pra ser sincera. — Respiro fundo. — Ao mesmo tempo que eu estou muito feliz, eu também estou apreensiva.

— Te entendo, porque eu estou exatamente assim. Mas vai dar tudo certo e logo logo teremos uma pessoinha aí dentro da sua barriga. — Ela coloca a mão na minha barriga e meu corpo inteiro se arrepia, o coração bate forte e meus olhos se enchem, fazendo eu colocar a minha mão por cima da dela.

SIMPLESMENTE ACONTECE - VALUOnde histórias criam vida. Descubra agora