Capitulo 11

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Ando alguns minutos após entra na escola, é uma escola pequena já que há apenas alunos de dois anos até os oito anos. Apenas uma quadra não muito grande com desenhos pixados pelo chão, amarelinha, um caracol grande, colorido com traços delicados.

Subo as pequenas escadas até o corredor, consigo ver a sala escrita "Direção"  e me aproximo, bato na porta e alguns minutos depois sou atendida pela diretora.

- Olá, estávamos te esperando senhorita, entre - a mulher se afasta me dando espaço para que eu entre. Antes de ir a escola, liguei no número da direção para avisar minha presença, pois sei que seria melhor me atender mais rápido já com um aviso.
Sento me sobre a grande mesa, há agora duas mulheres sentadas. Diretora e supervisora.

- É um prazer reve-la senhorita Mon - cumprimentou a vice diretora. - o que a faz vir até aqui? como está becca? -
- Vocês sabem bem os motivos pelos quais estou aqui, certo? - digo gentilmente vendo ambas concordarem. - becca não melhorou ainda e eu queria conversar com a professora dela. - as mulheres se olham, parecem um pouco nervosas, estranho suas ações.
- Cla...claro que pode - gaguejou a diretora.
- Me diga qual sala ela é, preciso do nome da professora também - pediu a supervisora levantando-se. Falo os dados que ela pediu e a mesma sai após pedir licença.

Alguns minutos depois a porta novamente é aberta, revelando Anny, a professora de becca. A mulher que aparenta ser mais nova do que eu, sorri gentilmente e senta ao meu lado.

- Bom te rever Anny - sorri sem mostrar os dentes para a doce mulher.
- Digo o mesmo senhorita Mon - a mulher que sempre está com suas roupas belas e não muito chamativas aparentar estar nervosa agora, provavelmente por estar diante da direção e talvez cause nervosismo a mesma. Ficamos longos minutos conversando sobre becca, atualizei sobre suas crises e que tem se intensificado. Que a mesma odeia a palavra escola e tem pavor, tento ao máximo puxar qualquer coisa que me ajude a entender o que está acontecendo, mas nada. Me sinto frustada novamente, incapaz e uma péssima mãe.

Posso estar perdendo a minha filha, seus sinais são claros, algo está acontecendo aqui. Meu coração me diz isso agora, meu peito sobe e desce, algo em mim diz que preciso prestar atenção nos sinais. Olho para a diretora enquanto a professora fala de como becca tem andado nos estudos, parece apreensiva e observar com uma atenção exagerada a professora.

Há algo aqui.

Saio da sala cabisbaixa, me culpando por toda essa situação, o quão longe fiquei da minha filha para isso acontecer... sou uma pessima mãe. Me preocupei tanto com o trabalho e em dar algo melhor para a mesma, mas o que faltou?

- Moça - escuto uma voz grossa me chamar, franzo o cenho procurando a pessoa e me assusto quando vejo o homem apoiado na vassoura. O faxineiro Billie. Sei quem é ele pois becca adora o mesmo, sempre diz que é o melhor amigo que teve, me disse suas características e seus comportamentos com ela, nada suspeito que me deixa cismada, ele é apenas um bom amigo.
- Olá, você deve ser o billie, certo? - o senhor sorri concordando.
- Sou o billie sim, e você deve ser a mãe da becca - concordo. - como ela está?

- Nada bem, mas estou cuidando dela -  sorrio de canto.
- Posso ser sincero com a senhorita? - ele se aproxima calmamente, olha para os lados vendo se há alguém por perto antes de continuar. - becca tem estado muito afastada dos amigos, a mesma me disse que eles brincam muito com ela e a pequena não gosta. - franzo o cenho.
- Brincam? -
- Sim, confesso que já tentei perguntar mais porém a mesmo se nega a falar, então fico sentado com ela durante o recreio. - agradeço pela sua ajuda e o abraço para me despedir, desejando bom trabalho e saindo.

Mando mensagem para Sam, dizendo tudo que aconteceu, especificando tudo e as falas de Billie. A mesma se prontifica a conversar com Becca e pede para que eu enrole um pouco antes de chegar em casa e assim faço.

SAM'S POV

Volto a observar Becca, a mesma que está concentrada em seus desenhos rabiscadas e sem sentido algum. Não consigo evitar o sorriso, amo crianças e a forma como elas me deixam feliz simplesmente sendo elas. A mesma está com a ponta da língua para fora, mordendo a região enquanto "desenha" com lápis amarelo.

Saio do sofá e me sento ao seu lado, te do sua atenção. A pequena me olha curiosa por eu estar em silêncio, observa minhas expressões, parece querer perguntar algo mas nada diz.

- Estou atoa, vamos brincar? - pergunto a garotinha, que sorri balançando a cabeça concordando animadamente. Faço uma cara pensativa enquanto olho para os lápis sobre o chão. - me empresta? - aponto para o lápis amarelo que está em sua mão, ela me entrega e então pego o lápis da cor preta. - okay vamos brincar com uma brincadeira nova - seus olhos mostram curiosidade e dúvida. - quem estiver com o lápis preto - levanto o lápis da cor preta - irá falar o que deixa seu coração triste - a mesma concorda calada - e quem estiver com o amarelo - levanto o lápis da cor amarela - irá falar o que deixa seu coração feliz, tudo bem? - becca concorda sorrindo. Afasto a franja que está atrapalhando sua visão e rio, pois ela faz uma careta.

- Feche os olhos e pegue um lápis - a mesma faz o que eu digo e por sua sorte, pega o amarelo - pode abrir o olho - becca abre os olhos e sorri quando vê o lápis amarelo em sua pequena mão. Faz uma careta enquanto pensa me fazendo rir negando com a cabeça.
- O que deixa meu coração feliz... doce! - sua resposta é inocente, mas faz meu coração se encher de alegria. - ótimo! agora sou eu.

Faço o mesmo processo que ela e acabo pegando o lápis da cor preta, por sorte, pois vou poder me abrir primeiro e dar abertura para a pequena se abrir depois.

- O que faz meu coração ficar triste... quando não vejo meu pai, eu amo ele e não sei pequena...- faço um bico com os lábios - odeio não ver ele - becca sabe bem compreender os sentimentos dos outros, mesmo sendo pequena.
- Eu nunca vi meu papai, Sa - confessa me surpreendendo com o novo apelido e sua facilidade em se abrir.
- E isso te deixa triste pequena? - pergunto.
- Não - ela nega sorrindo - eu tenho o tio Nop e ele me ama muito! só ele está bom - Nop é o amigo de Mon, me recordo dele.
- Não sente falta? - ela da ombros.
- Não, as vezes fico só um pouquinho triste, mas a tia Jisso disse que eu não preciso de um papai e que o amor dos meus tios é muito maior! - aponta para ela e arregala os olhos.

Após alguns minutos falando sobre seus tios, ela volta a querer brincar. Faz o mesmo processo e tira o lápis preto.

- Meu coração fica triste... quando os amigos ficam brincando comigo - franzo o cenho.
- Como assim brincando Becca? - ela morde os lábios pensativa, deve estar tentando arrumar uma forma de especificar o que está tentando dizer.
- Eles ficam rindo de mim - xeque-mate! bullying.

- Eles riem de você? - sinto meu coração apertar quando os olhos da pequena ficam marejados. - porque becca?
- eles falaram que sou estranha e falo muito...
- Becca... você não é estranha princesa. - afasto novamente sua franja.
- Então porque fico falando e falando Sa? -
- Porque é seu jeito princesa - não posso mentir para ela, mas a pequena não entenderia nada se eu falasse sobre a hiperatividade.
- Eles me chamam de mal educada... - confessa cabisbaixa. Não consigo evitar, minhas lágrimas rolam sobre minhas bochechas.
- Você atrapalha quando eles falam? - pergunto e ela concorda.
- Mas não faço por querer, eu juro - becca está na mesma situação que a minha, as lágrimas rolam pelas suas bochechas rosadas. A puxo em um abraço apertado e reconfortante, por mais que seja bom agora saber o que está acontecendo, é triste essa situação, é revoltante.

- Sa - me chama encostada agora em meu peito enquanto acaricio seus cabelos.
- Sim? -
- A professora Anny... ela briga muito comigo na sala - franzo o cenho.
- Sério becca? - percebo que agora ela está mais a vontade então dou mais abertura. Sua voz está rouca por ter chorado.
- Ela briga comigo e todos os colegas ficam rindo de mim. - Mas que merda, Mon irá enlouquecer.

Dois Amores - MonsamOnde histórias criam vida. Descubra agora