Arkyn pov - Dia anterior
Depois que o Soluço saiu da enseada e foi, provavelmente, para o treinamento, eu fiquei observando o Fúria da noite por um tempo, que neste exato momento estava tentando pegar uma borboleta que voava perto dele e isso era muito fofo, e comecei a pensar que tudo que diziam sobre essa temível fera, que não parece muito temível agora, está errado, claro que eu não vou ignorar todos os avisos que me foram dados, inclusive pelo meu pai, sobre este dragão, mas quando eu o olho, eu sinto como se tivesse um imã que me puxa diretamente para ele, como se fosse algo me dizendo que eu deveria me aproximar dele e tentar um contato.
Farei isso. Pode dar errado? Com certeza pode, mas só se vive uma vez, não é mesmo? Assim que me levanto acabo pisando em um galho, fazendo o dragão desviar sua atenção da borboleta para mim, excelente jeito de tentar uma aproximação Arkyn. Agora não tem volta, vou andando em direção a entrada da enseada e passo por ela, logo ficando apenas com o lago entre mim e Banguela. Ele me olha de forma desconfiada e se aproxima lentamente de mim, eu tento manter minha respiração calma para não demonstrar medo, mas é difícil quando se tem um Fúria da noite vindo em sua direção de forma lenta e silenciosa como se fosse te atacar a qualquer instante e eu não duvido que ele o faria. Relaxo o meu corpo e tento não intimidar o dragão, até porque não sei se isso seria possível.
Fiquei tão perdido em pensamentos que não reparei que ele já tinha dado toda a volta no lago e agora estava na minha frente, dei um pulo pelo susto e ele mecheu as orelhas, olhei em seus olhos e não achei perigo, na verdade eu vi curiosidade e uma certa desconfiança, mas isso é normal. Pensei em aproximar minha mão, mas provavelmente ele iria se afastar. Movo minha cabeça para o lado e o dragão me imitou, logo movi para o outro lado e ele também repetiu o movimento, ele era ainda mais fofo de perto. Até que em um movimento ele se aproximou mais e começou a me cheirar até que eu me lembrei que eu tinha pegado um peixe que caiu do cesto que o Soluço trouxe hoje.
Arkyn: Você quer isso? - Mostrei o peixe, suas pupilas dilataram e ele se animou. - Então tá', pegue - entreguei o peixe e ele logo o abocanhou. - Pelo jeito estava bom - ao ouvir isso o dragão começou a fazer um movimento com a garganta e logo o peixe caiu nos meus pés, olhei para o dragão com dúvida e ele olhou para mim e depois para o peixe, olhei o peixe e voltei meu olhar para o dragão e ele engoliu em seco como se dissesse para eu comer o peixe, a contragosto o peguei e mordi um pedaço, logo engolindo e fazendo uma careta, realmente peixe fica melhor cozido. Olhei o dragão e ele lambeu o focinho, então o entreguei o resto do peixe a ele.
Arkyn: Pode pegar, estou cheio - não sei se ele entendeu, mas pegou o peixe e o comeu, após isso ficou me olhando como se esperasse algo, fiz a mesma coisa e ficamos assim por algum tempo, até eu tentar quebrar aquele silêncio. - Então, o que faz por aqui? Não deveria estar voando? - Ele realmente era uma criatura esperta, pois acho que entendeu o que eu disse e logo me mostrou sua cauda. - Falta um pedaço... E o Soluço tentou preencher com isso - pego na máquina que o Soluço fez para o dragão e a abro, revelando o lado igual ao outro que era do próprio dragão.
Arkyn: Então você não pode voar sem uma parte da cauda... O Soluço deve estar tentando arrumar isso agora - ao falar nele me lembro que fiquei tempo demais aqui e que já está ficando meio tarde. - Bom, eu preciso ir, então, é, tchau Banguela - acho que ele se lembrou do Soluço quando o chamei assim, porque vi um leve brilho em seu olhos, é Soluço parece que você fez um amigo.
Arkyn off - Soluço on (no outro dia)
Depois que terminei a sela, fui até a enseada para colocá-la no Banguela, ao chegar lá vi que ele estava mais agitado que o normal, estranhei, mas deixei de lado por enquanto, agora tenho uma missão mais difícil: fazer o Banguela ficar parado. Quando mostrei a sela ele saiu correndo e é óbvio que eu fui atrás. Assim que terminei de por, nós começamos a voar sobre o lago, estava indo tudo bem até que caimos. Voltei para a ferraria e adicionei uma corda que me prendia á sela.
No outro dia voltei lá e tentamos de novo, conseguimos sair da enseada mas a cauda não abriu, fazendo nós cairmos nas árvores e depois na grama, e o mais estranho foi que quando o Banguela deitou na grama ele ficou se esfregando nela, acho que descobri mais um truque para o treinamento. Falando em treinamento, o de hoje era com um Gronkel novamente e usei a grama nele quando o mesmo veio em minha direção, e Isso pareceu o acalmar. Quando sai da arena fui cercado de perguntas e comentários.
Soluço: É, é, eu esqueci o meu machado na arena, vão indo na frente, eu alcanço vocês - assim que me desvencilhei deles, fui correndo até a enseada, mas fui diminuindo os passos quando escutei uma voz lá dentro. Me aproximei de forma discreta da beirada para observar e meus olhos se arregalaram com o que eu vi. Era ele. Arkyn.
Arkyn: Olá Banguela, como está hoje? Trouxe peixes frescos, pesquei hoje mesmo - ele diz e coloca um cesto no chão, logo vejo Banguela começar a comer os peixes. - Bom garoto, agora será que o Soluço vai demorar? É provável já que ele tem treinamento e está casa vez mais popular - quando ele diz isso o vejo dar um suspiro e fazer uma cara triste (?). - Sabe dragão, quando nós éramos mais jovens, pareço um velho dizendo isso - ele da uma risada no final, uma meio sem emoção, mas que faz meu rosto pinicar. - Bom, quando tínhamos uns 8 anos de idade nós éramos amigos, muito próximos diga-se de passagem, mas tivemos que nos separar devido a alguns problemas - vejo que Banguela parou de comer os peixes para olhar ele com curiosidade.
Arkyn: Os problemas? Ah, nós tínhamos opiniões diferentes, na verdade o pai dele tinha. Eu me lembro de uma discussão do meu pai com o Stoico. Eu tinha acabado de chegar em casa depois de passar o dia com o Soluço na floresta, estava feliz e queria contar ao meu pai como foi o meu dia, mas quando eu cheguei perto da porta dos fundos, eu escutei vozes altas e graves, subi em um pedra para olhar dentro da casa e vi que era o Stoico e meu pai discutindo, o que é raro porque meu pai não perde a paciência fácil. Enfim, eu comecei a prestar atenção na conversa e percebi que era sobre eu e o Soluço.
Flashback on
Ragnar: Não pode estar falando sério Stoico! São apenas crianças!
Stoico: Estou falando sério Ragnar, ou o seu filho para de andar com o meu, ou vocês podem se considerar expulsos!
Ragnar: Eu não entendo Stoico, porque?
Stoico: Seu filho não é uma boa influência para o Soluço.
Ragnar: Porque? Só porque ele não quer matar criaturas inocentes pelo próprio ego?!
Stoico: Próprio ego?! Está me dizendo que matamos dragões por ego?!
Ragnar: E que outro motivo teria?
Stoico: Por sobrevivência! Eles mataram dezenas de nós!
Ragnar: Eles fazem isso porque precisam de comida e para se defenderem de vocês!
Stoico: Se eles não nos atacassem não precisaríamos nos defender!
Ragnar: Se isso é verdade, porque eles não atacam a minha fazenda?! Se eles atacam no intuito nos machucar, porque a minha fazenda fica intacta?! Mas mesmo se eles parassem de os atacar, vocês continuariam os matando, ou vai dizer que não?!
Stoico: Não importa! A única coisa que eu quero, e isso é uma ordem, é que mantenha o seu filho longe do Soluço, não quero que ele se contamine com essas suas ideias loucas e sem lógica! - Diz e sai da casa batendo a porta.
Ragnar: Sem lógica?! Eles não vem que matar os dragões só piora tudo?
Do lado de fora, um garotinho ouvia tudo com lágrimas saindo de seus olhos, ele não se importava se Stoico concordava com seus ideais ou não, ele estava triste por ter que se afastar da única criança que não o olhava torto e que gostava de brincar com ele. Quando a conversa terminou, ele saiu correndo floresta adentro, sem se importar com o frio e a escuridão da noite.
Flashback off
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Talvez Mais
FanfictionEm um mundo onde o respeito é conseguido através da morte de um dragão, Arkyn Hermod, um adolescente que veio de uma família que se recusa a matar um desses animais, é levado ao isolamento. Mas as coisas começam a dar certo quando uma dessas criatur...