Capítulo 20

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Arkyn pov

Levo meus braços até meu rosto na intenção de protege-lo e impedir que o mínimo de poeira entre. Não vejo o Soluço saindo da nuvem de fogo, espero que ele tenha sobrevivido, a mínima suposição de que ele pode não estar mais conosco me faz ficar sem ar e começar a tremer. Após algum tempo, o fogo acaba e só resta uma nuvem de poeira cinzenta. Stoico começa a gritar por Soluço desesperadamente e eu o sigo de forma silenciosa. Logo a frente vemos uma figura inteiramente preta que eu reconheço como Banguela.

Ele parte em direção ao dragão enquanto eu paraliso no lugar, temendo o que viria a seguir. Ele olha para o Fúria da noite e se ajoelha no chão se lamentando. Ao ver isso, lágrimas surgem em meus olhos, não querendo acreditar no que havia acontecido. Sinto uma mão em meu ombro e me viro, dando de cara com Astrid me olhando tristemente e com uma leve pena. Banguela começa a soltar alguns barulhos e abre os olhos, olhando para Stoico.

Stoico: Me perdoe - após dizer isso, o dragão abre suas asas, mostrando o corpo de um viking lá. - Soluço! - Ele se aproxima e pega o corpo do garoto, ouvindo seu coração. - Ah, ele está vivo, você trouxe ele vivo! - Todos comecam a comemorar e eu sorrio diante daquilo, sentindo alguém me abraçar. Percebo que era a Astrid e retribuo, afinal, nós dois estamos aliviados. Me solto dela e olho para as figuras a minha frente.

Astrid: Vai lá.

Arkyn: Hã?

Astrid: Vai até ele - a encaro um pouco e logo sorrio, simulando um obrigado mudo com o olhar e indo até eles, ficando ao lado do Stoico.

Stoico: Ele está vivo Arkyn.

Arkyn: Eu sei Stoico.

Stoico: Me desculpe, por tudo que fiz a você e ao seu pai.

Arkyn: Tudo bem, não vamos ficar apegados ao passado - sorrio e ele retribui. Eu ainda sinto um leve remorso dele, claro, foi tudo muito recente, mas estou disposto a dar uma segunda chance a ele, pelo Soluço.

Stoico: A partir de hoje eu tenho a honra de dizer que você e seu pai são bem vindos na vila.

Arkyn: E eu tenho a honra de fazer parte dela - ele me olha e depois desvia seu olhar para Banguela, colocando sua mão sobre ele.

Stoico: Obrigado por salvar meu filho.

Bocão: Bom, ao menos boa parte dele
- quando foi que ele chegou ali? Olho para a perna de Soluço e vejo que faltava uma parte. É, parece que nem tudo é perfeito, e eu não cumpri a promessa do meu pai de trazer o Haddock inteiro. O que importa é que ele está aqui, vivo, e eu não podia estar mais feliz. Ficamos mais um tempinho ali até que fomos para os barcos, alguns indo nos dragões. Eu estava indo em direção ao barco, quando uma voz feminina me chama.

Astrid: Arkyn!

Arkyn: Astrid? O que foi? Aconteceu alguma coisa?

Astrid: Não, é que, bem, eu - ela se embola nas palavras e eu tento ajudá-la a se acalmar, mesmo eu não sabendo como.

Arkyn: Respira e fala devagar.

Astrid: Eu queria saber se você não quer vir comigo e com a Tempestade para Berk. Sabe, os barcos estão meio cheios e-

Arkyn: Não precisa se justificar, eu vou com você. E Tempestade?

Astrid: Eu achei que combina e ela precisava de um nome.

Arkyn: Tudo bem, irei na Tempestade - subo nela e partimos rumo a vila. Durante um tempo ficamos em silêncio, mas eu sabia que ela não tinha me convidado por mero acaso. - Então, porque quis que eu viesse com você?

Astrid: Olha Arkyn, eu vou ser direta - quando começa assim, não vem coisa boa. - Eu acho que estou começando a nutrir sentimentos pelo Soluço, de forma romântica - não disse. Abro a boca em espanto pela fala da loira e iria dizer algo, mas sou impedido por ela. - Eu gostaria de tentar algo com ele, mas eu sei que ele não gosta de mim assim, além de que tem você - ela me olha por cima do ombro e eu arregalo ainda mais meus olhos. - Sabe Arkyn, eu sei que o que vocês tem não é somente amizade. E tá' tudo bem, sabe. Eu sei que ele vai estar em boas mãos e que vai ser feliz. A única coisa que eu te peço é que traga a felicidade para ele, peço que faça o Soluço o homem mais feliz do mundo o quanto antes, ele merece depois de tudo o que passou - ela abre um sorriso triste, mas ao mesmo tempo reconfortante. Ainda meio atônito, retribuo o sorriso.

Arkyn: Pode deixar Astrid, no que depender de mim, ele será o viking mais feliz de todo o arquipélago e fora dele - minha resposta pareceu agradar ela, que aumentou o sorriso e volta seus olhos para frente. - Espera aí, como você sabe sobre isso?!

Astrid: Não se preocupe, somente eu sei, os outros são idiotas demais para isso - rimos da fala da loira. Nisso eu não discordo. - Sabe, quando eu te via andando pela vila eu pensava que você era louco porque, onde já se viu um viking não querer matar dragões, e agora olha para mim, voando em cima de um.

Arkyn: O mundo da voltas mesmo - continuamos conversando por todo o caminho até Berk. Saber de que ela gosta dele me deixou tenso, mas que ela está disposta a abrir mão dele pela sua felicidade, me faz ficar aliviado. Fico triste por ela, porque sei que ela não é uma má pessoa. Irei torcer para que ela encontre alguém que a faça muito feliz, tão feliz quanto o Soluço me faz.

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