Soluço on
Acordo com o sol batendo em meu rosto e percebo estar em um lugar confortável e quente, abro os olhos e me deparo com meu quarto. Espera, meu quarto? Quando eu vim parar aqui?! Olhando ao redor percebo um papel na minha cama e logo o pego e lendo.
"Bom dia Soluço, espero que tenha dormido bem. Deve ter achado estranho acordar na sua casa, certo? Bom, como te disse eu acordei cedo, mas fiquei com pena de te acordar, você é muito fofo dormindo, então te levei até sua casa e deixei você dormindo na cama, espero que não se importe. Ass: Arkyn. Ps: gostei muito da nossa noite, espero fazermos isso mais vezes, Sol".
Solto um sorriso involuntário e bobo pela carta, até que me lembro do que aconteceu noite passada, ou melhor, do que quase aconteceu e isso faz meu rosto adquirir uma quentura anormal. Nós quase nos beijamos! Eu realmente queria isso?! Mas eu gosto de garotas, como posso querer beijar um garoto se gosto de meninas? Será que o Arkyn também queria? Pensar que talvez ele não quisesse faz meu peito apertar. Porque meu coração dói ao pensar que ele não queira me beijar? Balanço minha cabeça na tentativa falha de afastar esses pensamentos e escuto um barulho da porta dos fundos. Desço as escadas e caminho em direção à porta, logo a abrindo e não encontrando ninguém.
Soluço: Será que é alguma criança fazendo uma brincadeira? - Penso em voz alta. Olho ao redor até avistar uma cabeleira preta ao longe acenando para mim e corro até lá.
Arkyn: Bom dia Soluço.
Soluço: Bom dia Arkyn, o que faz aqui tão cedo?
Arkyn: Bom, estava pensando em darmos um passo a mais com o Banguela.
Soluço: Como assim?
Arkyn: Voar com ele.
Soluço: Será? Não acha que está meio cedo?
Arkyn: Em questão de hora do dia sim, mas na outra questão não, ele já ficou tempo demais sem sair do chão.
Soluço: Você está certo, só temos que ter cuidado para que ninguém veja.
Arkyn: Hm, olha só, você se preocupando com alguma coisa, isso é raro.
Soluço: Hahaha, engraçadinho, tô' morrendo de rir - digo e começo a andar em direção a floresta com ele me seguindo. Conversamos sobre mais algumas coisas até chegamos a enseada. - Banguela! - Chamo e o fúria da noite aparece já me lambendo. - Também senti sua falta - ele se afasta e se aproxima do Arkyn, que afaga suas escamas da cabeça. - Bom amigão, hoje nós vamos fazer algo diferente, iremos voar! - Ele se anima com isso e começo a prepar tudo para o nosso vôo. - Bom, acho que está tudo certo, já podemos montar nele e começar a voar - digo subindo em suas costas.
Arkyn: Espera, montarmos? Nós dois?
Soluço: Sim, quero que você venha junto no primeiro vôo com ele fora da ilha.
Arkyn: Eu acho melhor não, sabe ele pode não gostar de ter duas pessoas nele - ele está assustado, suas mãos estão em frente ao seu corpo juntas e seu olho está arregalado olhando para vários lugares.
Soluço: Ei, não precisa ter medo.
Arkyn: Medo? Quem, eu? Claro que não, eu não tô' com medo.
Soluço: Está sim, eu te conheço. Venha.
Arkyn: E se nós cairmos? E se a calda não abrir? E se ele se irritar e nos arremessar longe?
Soluço: Ele não vai se irritar, veja, eu estou aqui nele e ele não está irritado, está tudo certo com a calda - abro ela com o pé para mostrar e ele. - E sobre você cair, eu te seguro - ele olha para mim e o Banguela por mais alguns segundos até suspirar e se aproximar. Estendo minha mão para ajudar ele a subir e quando sobe, segura na sela.
Arkyn: Se você me derrubar, eu volto para puxar seu pé de noite - ele ameça e eu dou risada. Logo o Banguela abre as asas e se impulsiona para cima. Com o susto, ele acaba segurando em minha roupa com força e eu rio com sua cara de assustado, levando um leve tapa no ombro por isso. Já no céu, eu seguro a folha que continha as formas da calda enquando sinto o vento bater em meu rosto. Olho para trás e vejo o olhar maravilhado do viking. - Isso é incrível, olha como as coisas ficam pequenas lá embaixo.
Soluço: Valeu a pena encarar o medo e vir?
Arkyn: Com certeza, mas para deixar claro eu não estava com medo, apenas receio.
Soluço: Claro, vou fingir que acredito. Muito bem amigão, nós vamos devagar, com calma. Vamo' lá, vamo' lá - me dirijo ao dragão e olho para a folha. - Posição 3- não, 4 - mudo com o pé e viramos de lado. - Muito bem, tá' na hora, tá' na hora - descemos até a água e sinto o aperto em minha roupa aumentar, além dele se aproximar mais. - Vamo' bora, amigão, vamo' bora - voamos por baixo de uma pedra e observamos aves voando acima de nós. - É, funcionou! - Fiquei distraído olhando a calda que não vi a pedra a nossa frente, acabando por colidir de leve com a mesma, e tendo que ouvir tanto o dragão quanto o viking resmungando por causa disso. - Desculpa - faço a mesma coisa em uma outra pedra, ouvindo mais reclamações.- Foi mal, foi mal - levo uma orelhada na cara do Banguela e um tapa na minha nuca do Arkyn. - Ai, tá' bom, tá bom, já entendi. Posição 4, não, não, 3.
Arkyn: Tem certeza que sabe o que tá' fazendo?
Soluço: Relaxa e aproveita o passeio - falo enquanto o Banguela sobe mais alto.
Arkyn: É dificl relaxar com você tendo batido em uma pedra duas vezes - o ouço resmungar atrás de mim, é ele não está totalmente errado.
Soluço: Isso! vai garoto! É! Hahaha! Ai, isso é incrível! - Estávamos voando muito alto, sinto Arkyn rir atrás de mim aproveitando da sensação. - O vento nos cabelos- A lista de manobras! Para! - Sensação essa que acaba quando a folha cai. Consegui pegar, mas por conta disso, acabo me soltando do Banguela e levando Arkyn junto, nos fazendo ficar em queda livre. - Não! Oh não! Oh não! Ai meus deuses! - Grito enquanto estava no ar, podendo ver Arkyn caindo e gritando meu nome. - Arkyn! - Grito de volta e olho para o dragão. - Banguela, você tem que dar um jeito de ajustar o ângulo, não, não, não, não! Desce aqui mais perto de mim, desce mais- Ai! - Levo um tapa da sua calda na minha cara, olho para Arkyn e vejo que ele estava apavorado, droga, eu prometi que ele não iria cair.
Consigo chegar até o Banguela e monto nele novamente, conseguindo me aproximar o suficiente do viking e o segurando, logo o colocando atrás de mim e sentindo ele abraçar a minha cintura e colocar o rosto em meu pescoço com seu olho fechado. Caímos em direção as pedras e tento olhar a folha, mas devido ao vento não consigo, acabo a soltando e confiando em meus instintos, conseguindo abrir a calda e fazer o Banguela desviar das pedras de forma excepcional. Mudo mais algumas vezes a calda até sairmos completamente de perto das rochas.
Soluço: É! - Comemoro e o Fúria da noite joga uma bola de plasma na frente, nos passando pelo meio, acabando por deixar meu cabelo para trás meio queimado e o do Arkyn meio chamuscado, falando nele, o citado ainda estava me abraçando fortemente pela cintura de olhos fechados, também consigo sentir uma tremedeira de leve nele. - Ei, pode me soltar, conseguimos passar, estamos vivos - vejo que não adianta muita coisa e coloco minhas mãos em cima das suas e ele abre os olhos, ou pelo menos o olho que eu enxergo devido ao outro estar tampado. - Tá' tudo bem.
Arkyn: Certeza?
Soluço: Sim, pode relaxar.
Arkyn: Da última vez que você disse isso nós ficamos em queda livre.
Soluço: Eu sei, mas agora é diferente.
Arkyn: Tudo bem, mas por precaução eu vou ficar como estou.
Soluço: Como quiser - olho para frente e avisto uma ilha, logo sinalizando ao Banguela para descermos nela.
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Talvez Mais
FanfictionEm um mundo onde o respeito é conseguido através da morte de um dragão, Arkyn Hermod, um adolescente que veio de uma família que se recusa a matar um desses animais, é levado ao isolamento. Mas as coisas começam a dar certo quando uma dessas criatur...