Capítulo 16

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O Soluço continua fugindo do dragão enquanto o Stoico empurra os vikings para chegar até a entrada da arena. Vejo a Astrid usar um machado para abrir o portão da arena e passar por baixo dele, pegando uma arma e jogando na cara do dragão, que desvia sua atenção para a garota e começa a persegui-la. Neste momento o Stoico abre o portão grita, fazendo os adolescentes irem em direção a saída. A Astrid consegue chegar, mas o Soluço é impedido por uma rajada de fogo, então ele dá meia volta, mas é preso pelas garras do dragão. Neste momento consigo ouvir um barulho que reconheceria em qualquer lugar.

Arkyn: Banguela... - Olho para o lado e o vejo soltar uma bola de plasma, explodindo a arena e entrando nela, fazendo subir fumaça que me impedia de ver o que acontecia.

Começo a me desesperar e minha respiração falha, até que os dois dragões saem da fumaça brigando. O Banguela se põe em frente ao Soluço o protegendo e eu começo a descer das pedras para ir ajudá-lo, mas sinto braços me segurarem.

Arkyn: Me solta, me deixa ajudá-lo.

Ragnar: Não, é perigoso demais - continuo tentando me soltar enquanto observo o Soluço se levantar e tentar fazer o Banguela sair dali, enquanto os vikings pulavam para dentro da arena.

Stoico tenta atacar o Banguela, que revida e pula em cima dele, se preparando para jogar uma bola de plasma, mas para ao ouvir o Soluço o impedir. Esta ação faz o dragão se distrair e não conseguir impedir os demais vikings de colocar sua cabeça contra o chão e o prenderem. O Soluço tenta se aproximar, mas é impedido pela Astrid enquanto ele fala para não machucarem o Fúria da noite.

O Stoico se levanta e manda prenderem o Banguela junto com os demais dragões, enquando arrasta o Soluço para fora da arena. Sinto o aperto envolta do meu corpo afrouxar e me solto lentamente, enquanto olhava para toda aquela situação atônito.

Ragnar: Olha filho, eu sei que essa situação é dolorosa, mas-

Arkyn: Não.

Ragnar: O que?

Arkyn: Você não sabe, pai - aperto minhas mãos em punhos. - Eu conheço aquele dragão, o nome dele é Banguela - escuto meu pai soltar um suspiro de surpresa. - Eu estive com ele e com o Soluço há semanas, até voamos em cima dele. Então não diga que sabe de alguma coisa porque você não entende! - Olho para ele que estava com uma expressão de espanto e começo a correr em direção a vila, esperando encontrar o Soluço.

Arkyn off - Soluço on

Ao chegar no grande salão, sinto meu corpo ser jogado para dentro.

Stoico: Eu devia saber, eu devia ter visto os sinais.

Soluço: Pai.

Stoico: Nós tínhamos um acordo!

Soluço: E-e-eu sei pai, mas isso foi antes de, ai que confusão danada.

Stoico: Então o que aconteceu na arena era um truque, era mentira?!

Soluço: Eu errei pai, e-eu devia ter te contado antes, eu só-olha pode ficar bravo comigo, me castiga, mas por favor, não machuca o Banguela.

Stoico: O dragão? É com ele que está preocupado? E não com as pessoas que você quase matou?

Soluço: Ele só queria me proteger, e-ele não é perigoso.

Stoico: Eles mataram centenas de nós!

Soluço: E nós matamos milhares deles! Eles só se defendem, pai, só isso. Eles atacam porque são obrigados. Se eles não levarem bastante comida, eles também acabam sendo comidos. É que tem uma coisa na ilha deles, pai, é-é uma coisa-

Stoico: Uma ilha deles?! Você foi até o ninho?

Soluço: E-eu disse ninho?

Stoico: Como encontrou?!

Soluço: Peraí', peraí', não, pai, n-não fui eu, foi o Banguela, só um dragão pode achar a ilha - meu pai parece ter uma ideia e eu percebo o que eu disse. - Ah, não, não, não, não, pai, por favor, pai, pai, não é tão fácil assim, você não tem ideia do que te espera, é diferente de tudo que você já viu - ele me empurra para o lado. - Por favor pai, pai, você nunca vai conseguir vencer aquela coisa, pai, não - começo a correr atrás dele. - Pai, será que só uma vez na vida você pode escutar o que eu tô' falando - seguro em seu braço, mas ele me joga para trás, me fazendo cair no chão.

Stoico: Você passou para o lado deles, você não é um viking. Como pode ser meu filho? - Ele dá as costas e começa a sair do recinto, me deixando jogado no chão processando suas palavras.

Soluço: O Arkyn tinha razão - sussurro mas acaba sendo alto o suficiente para que ele escutasse e parasse de andar, se virando para mim.

Stoico: Arkyn?! Você andou falando com ele?!

Soluço: N-não é exatamente assim-

Stoico: Eu não tinha te proibido de falar com ele?! Então foi isso que aconteceu, foi ele que te mudou.

Soluço: Não, e-eu conheci o Banguela antes de voltar a falar com ele, f-foi o Banguela que fez nós voltarmos a nos falar.

Stoico: Você é realmente um traidor, tão sujo quanto eles. Quando eu voltar irei garantir que eles não pisem mais aqui - ele cospe as palavras com nojo em sua voz e sai do salão, batendo a porta em seguida. O que foi que eu fiz? De repente a porta se abre e uma figura conhecida entra por ela.

Arkyn: Soluço! Você está bem?! - Ele corre até mim e me ajuda a levantar.

Soluço: Arkyn! Olha, você precisa sair daqui, o meu pai-

Arkyn: Eu ouvi - seu tom sai meio sofrido, ele suspira. - Olha, nós vamos dar um jeito, agora nós precisamos salvar o Banguela.

Soluço: Nós não vamos conseguir, tem muitos deles.

Arkyn: Então o que pretende fazer?

Soluço: Eu ainda não sei, preciso pensar.

Arkyn: Tudo bem, eu vou te deixar sozinho para pensar - ele começa a ir embora, mas vou até ele e seguro em seu braço, o puxando e abraçando sua cintura, colocando minha cabeça no vão entre seu pescoço e ombro.

Soluço: Não vai, por favor - minha voz sai meio abafada, mas parece que ele escuta, porque logo me abraça de volta, fazendo um cafuné em minha cabeça e movimentos circulares pelas minhas costas.

Arkyn: Não se preocupe, eu não vou a lugar algum - ele deixa um leve beijo em minha cabeça. Ah, como eu senti falta disso, seu abraço é quente e eu me sinto seguro em seus braços. Agora eu preciso achar um jeito de resolver todo esse problema. Não se preocupe Banguela, nós iremos te tirar dai.

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